O discurso contra imigrantes de Donald Trump, que venceu as eleições americanas, deveria acender um sinal de alerta para quem não nasceu nos Estados Unidos, trabalha por lá para tentar uma vida melhor e vive com o receio de precisar retornar para o seu país de origem.
Dentro desse grupo de imigrantes, há muitos brasileiros. Segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, são quase 2 milhões os que vivem nos Estados Unidos. Na Carolina do Norte, onde a reportagem do Terra acompanhou as eleições, são mais de 10 mil segundo o US Census. Nayla Ohana faz parte desses números. Ela vive há dez anos nos EUA e, mesmo sabendo que sua vida pode ser dificultada com a vitória de Trump, considera que o resultado foi o melhor para o país onde vive e trabalha, e espera por dias melhores.
“Eu fiquei muito feliz pelo fato de que vai ser muito bom pro governo, eu sei que as nossas cabeças estão em jogo, né? Porque ele pode deportar várias pessoas que estão aqui ilegais, mas como ele mesmo disse, ele quer cortar as pessoas que não estão favorecendo o país dele, pessoas que estão roubando, matando, e aqui tem muita gente que vem do Brasil só pra fazer m…, não só do Brasil, mas como de outros países também. Então, eu acho mais que justo se as pessoas estão aqui só pra não aproveitar a oportunidade de estar vivendo um sonho americano, que provavelmente é melhor ir embora do que ficar aqui contribuindo com nada”, diz.
“Sou a favor do Trump, eu fiquei muito feliz que ele ganhou, eu vi que muita gente tá com medo de ser deportada, mas eu acho que a gente não tem o que ter medo, se a gente tá fazendo as coisas certas e a gente tá vivendo um sonho americano, correndo atrás dos nossos sonhos, trabalhando, vivendo certinho, pagando os nossos impostos, não tem o porquê de a gente ter medo. Eu tenho três filhos americanos, eu sei que isso não me garante aqui, só que eu sei que isso é muito bom pra eu ficar aqui, ter uma vida aqui com meus filhos, e eu sou a favor do Trump, se ele preferir que eu vou embora, eu vou, mas a minha vida, primeiramente, tá na mão de Deus, se Deus decidir que eu tenho que voltar pro Brasil, eu volto, e se não, eu vou ficar aqui contente com o Trump sendo presidente. Para economia dos Estados Unidos vai ser muito bom”.
Para Nayla, a comunidade de imigrantes trabalhadora nos Estados Unidos não deve ser afetada porque, em sua opinião, são os latinos que “fazem o trabalho que o americano não quer fazer” e mantêm a roda da economia girando. “Acho que o Trump não pode dificultar tanto para pessoas que estão vivendo certinho, porque se ele corta todos os imigrantes dos Estados Unidos, querido, não vai ter Estados Unidos, porque nós trabalhamos muito”, pontua.
“Os americanos não querem trabalhar, porque eles preferem ter o dinheiro do governo, que não é muito, mas preferem receber dinheiro do governo, e eu não estou aqui pra receber dinheiro do governo. E não tem o porquê do governo querer tirar a gente, porque a gente que faz a economia dos Estados Unidos ser boa também. Se ele corta a gente, não vai ter trabalho, os americanos não sabem fazer o trabalho que a gente faz, não vai exercer o mesmo trabalho que a gente faz, então vai ficar ruim para os Estados Unidos”, completa.
Guilherme Silva, que é dono de um bar brasileiro em Charlotte – cidade mais populosa da Carolina do Norte - partilha da mesma opinião. Ele, que já está nos EUA há mais de cinco anos, chegou a pegar o final do primeiro governo Trump, e se diz decepcionado com a gestão do atual presidente, o democrata Joe Biden. “A gente sentiu realmente uma mudança, isso é uma opinião minha, né? A gente sentiu uma mudança assim depois que entrou o governo do Biden, em termos de empregos, da economia em si, eu acho que deu uma mudada, porém, teve a pandemia [de covid 19], então isso também influenciou. A gente não pode esquecer desse detalhe que influenciou, então não tem como julgar muito no começo. Porém, no geral, eu acho que o governo Trump foi melhor. E eu acho que pra gente que quer correr atrás, que tem a vontade de trabalhar, que tem a perspectiva de crescer, sabe? Então acho que essa vitória vai ser um ponto positivo”.
O empresário também concorda que, para quem é legal e trabalha de forma correta no país, nada vai mudar. “Não acho que isso [vitória de Trump] vai influenciar em termos de entrada no país, de tirar visto, passaporte, essas coisas. Mas existem casos e casos, então pode ser que, às vezes, o meio que a pessoa quer tentar a entrada nos Estados Unidos pode ser que seja mais dificultada. Mas não creio que isso vai influenciar muito”.
Wesley Souza Almeida, que vai completar um ano que vive nos EUA, critica quem “bota medo” nos imigrantes por causa do discurso do republicano. “O povo fala, fica botando medo em nós que somos imigrantes, ne? Botando preocupação, que a gente vai ser deportado, que não sei o quê, mas depende de cada um, né, cada um fazendo seus, andando certinho com a lei… Nós torce para todo mundo que é imigrante ficar aqui, mas vai de cada um, do propósito que cada tem um tem, entendeu?”
Um apoiador do candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reage após os primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA de 2024 no Palm Beach County Convention Center, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Carlos Barria
Jennifer Petito abraça uma pessoa após o discurso do candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald, em seu comício, no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Callaghan O'hare
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reage ao lado de sua esposa Melania Trump e seu filho Barron Trump, durante seu comício para a eleição presidencial dos EUA de 2024, no Palm Beach County Convention Center, em West Palm Beach, Flórida, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Carlos Barria
Uma visão de uma tela mostrando o candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, falando do Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, na festa de observação do New York Young Republican Club durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, em Manhattan, Nova York, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Andrew Kelly
Apoiadores do candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, comemoram durante seu comício para a eleição presidencial dos EUA de 2024, no Palm Beach County Convention Center, em West Palm Beach, Flórida, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Brendan Mcdermid
Um apoiador do candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, segura uma cerveja de edição limitada com uma imagem de Trump e as palavras "A vingança do pai conservador", enquanto participa da festa de observação do New York Young Republican Club durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, em Manhattan, Nova York, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Andrew Kelly
Apoiadores do candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, se abraçam após os primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA de 2024 no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Carlos Barria
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, ergue o punho ao subir ao palco com sua esposa Melania e seu filho Barron, após os primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA de 2024 no Palm Beach County Convention Center, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Callaghan O'Hare TPX IMAGENS DO DIA
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, gesticula enquanto está no palco com sua esposa Melania, seu filho Barron e Lara Trump no comício de Trump, no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach em West Palm Beach, Flórida, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Brian Snyder IMAGENS TPX DO DIA
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, beija sua esposa Melania em seu comício, no Palm Beach County Convention Center em West Palm Beach, Flórida, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Brian Snyder
Uma apoiadora do candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, abraça um recorte de papelão de Trump enquanto reage aos resultados da eleição durante a festa de observação do New York Young Republican Club durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, em Manhattan, Nova York, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Andrew Kelly
Apoiadores do candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reagem enquanto Trump fala no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, enquanto participam de uma festa de observação eleitoral no Comitê Republicano do Condado de Maricopa durante a eleição presidencial dos EUA de 2024 em Chandler, Arizona, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Go Nakamura
Apoiadores do candidato presidencial republicano, ex-presidente dos EUA, Donald Trump, reagem ao lado de telas que mostram Trump falando no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, enquanto participam da festa de observação do New York Young Republican Club durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, em Manhattan, Nova York, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Andrew Kelly
Familiares observam o candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, discursando para seus apoiadores em seu comício, no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Brian Snyder
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, sobe ao palco com sua esposa Melania e seu filho Barron para discursar em seu comício, no Centro de Convenções do Condado de Palm Beach, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Brian Snyder
O candidato presidencial republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, discursa acompanhado de sua família, após os primeiros resultados da eleição presidencial dos EUA de 2024, no Palm Beach County Convention Center, em West Palm Beach, Flórida, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Carlos Barria
Uma bandeira é deixada no evento realizado pela candidata presidencial democrata, vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, durante a noite da eleição, na Universidade Howard, em Washington, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Daniel Cole
Pessoas passam por uma tela exibindo uma placa de Harris-Walz após o anúncio de que a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, não comparecerá, na Universidade Howard, em Washington, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Kevin Lamarque
Pessoas deixam o comício da noite da eleição para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, do lado de fora da Universidade Howard, em Washington, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Craig Hudson
Uma pessoa sai do comício da noite da eleição para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, do lado de fora da Universidade Howard, em Washington, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Craig Hudson
Um apoiador reage aos resultados antecipados das eleições no comício da candidata presidencial democrata, vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, na Howard University, em Washington, EUA, em 5 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Daniel Cole
Estudantes sentam-se em arquibancadas quase vazias na conclusão do comício para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, na Universidade Howard, em Washington, EUA, 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Alyssa Pointer
Pessoas saem do comício da noite da eleição para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, do lado de fora da Howard University, em Washington, EUA, em 6 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Craig Hudson
Apoiadores reagem enquanto acompanham os resultados durante o comício da candidata democrata à presidência dos EUA, Kamala Harris, na Universidade Howard, em Washington, EUA, 6 de novembro de 2024
Foto: REUTERS/Alyssa Pointer
Apoiadores reagem durante o comício da noite da eleição para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, na Universidade Howard, em Washington, EUA, 5 de novembro de 2024
Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz
Apoiadores reagem enquanto assistem aos resultados durante o comício da noite da eleição para a candidata presidencial democrata dos EUA, Kamala Harris, na Universidade Howard, em Washington, EUA, 5 de novembro de 2024
Foto: REUTERS/Elizabeth Frantz
Apoiadores reagem aos resultados das eleições antecipadas no comício da candidata presidencial democrata, vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, durante a eleição presidencial dos EUA de 2024, na Universidade Howard, em Washington, EUA, 5 de novembro de 2024.
Foto: REUTERS/Daniel Cole
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Também parte da comunidade de imigrantes latinos, mas da Nicarágua, a entregadora Lilian não considera o fato de Trump ter vencido as eleições como uma surpresa, e ela também vê o resultado como algo positivo. “Eu tinha quase 100% de certeza de que ele ia ganhar e sinto que isso é bom para a economia americana. Tudo agora está caro, então se ele for mudar isso, vai ser para o bem”.