Democratas criticam lobby de armas em debate do partido nos EUA
Hillary Clinton, Bernie Sanders e Martin O'Malley, pré-candidatos democratas à presidência dos Estados Unidos, investiram nesta terça-feira contra o poderoso grupo de pressão favorável à indústria armamentista, a Associação Nacional do Rifle (NRA, sigla em inglês) durante o primeiro debate do partido realizado em Las Vegas.
Entre o público presente ao evento estavam Lonnie e Sandy Phillips, os pais de Jessica, uma das 12 vítimas do massacre de Aurora, no Colorado, que abalou o país há três anos e representou um ponto de inflexão no debate sobre o controle das armas.
O ex-governador de Maryland, Martin O'Malley, foi o encarregado de citar a presença da família quando defendeu a necessidade de se aprovar uma nova legislação sobre armas e acabar com a forma na qual a NRA faz seu lobby no Congresso, com generosas doações aos legisladores.
"É hora de todo o país se posicionar contra a NRA", destacou, por sua vez, Hillary Clinton, que defendeu a importância de se implantar um rigoroso sistema de revisão de antecedentes para controlar o acesso às armas de fogo.
Durante esta parte do debate, a ex-secretária de Estado, favorita entre os democratas, criticou o senador Sanders por não ter sido suficientemente duro com o tema da violência das armas e por não ter apoiado alguns projetos de lei para aumentar o controle de armas durante seu mandato no Senado.
Em sua defesa, Sanders destacou as divisões que separam os que se opõem dos que são favoráveis ao porte de armas.
Além disso, o senador defendeu um aumento do controle durante a aquisição de armas, ao mesmo tempo em que destacou a importância de se oferecer atendimento psicológico correto a todos os americanos, também aos mais pobres, para evitar que as armas acabem em mãos perigosas.
O último massacre ocorrido no país, em um centro universitário de Roseburg, no Oregon, no dia 1º de outubro, reviveu o debate sobre a posse de armas nos Estados Unidos.
No centro de ensino superior do Oregon, dez pessoas morreram - entre elas o atirador - e outras nove ficaram feridas quando o jovem Chris Harper Mercer, de 26 anos, entrou fortemente armado no centro onde estudava e abriu fogo.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse em várias ocasiões que sua maior frustração como líder do país foi o fracasso de seus esforços para ampliar o controle de armas.
Durante a presidência de Obama, o debate sobre o controle de armas alcançou seu ponto mais alto em 2012, por causa do massacre no cinema de Aurora e do ocorrido na escola Sandy Hook, em Newtown, no estado de Connecticut.
Em 2013, após o massacre na escola de Newtown, Obama assinou 23 decretos presidenciais e o Congresso debateu um conjunto de medidas para implementar um maior controle de armas, mas todos os projetos legislativos foram bloqueados.
No entanto, o horror dos massacres nos EUA não parece abalar os defensores do direito constitucional de portar rifles e pistolas.
De fato, segundo dados do instituto de pesquisas Gallup, o número de americanos que é favorável a um controle de armas mais rigoroso caiu dramaticamente nos últimos 24 anos, passando de 79% em 1990 para 47% em 2014.