Entenda por que a apuração de votos nos EUA foi mais rápida em 2024

Donald Trump foi declarado presidente dos Estados Unidos pela segunda vez ao vencer Kamala Harris na disputa eleitoral de 2024, garantindo 277 delegados no colégio eleitoral contra os 224 da candidata democrata, de acordo com projeções divulgadas nesta manhã, 5. Em comparação a outros pleitos, como o de 2020, quando os resultados só foram consolidados após cinco dias, este ano a apuração foi rápida. 

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A professora universitária e cientista política Clara Versiani dos Anjos explica ao Terra que essa não é a primeira vez que uma eleição nos EUA é apurada rapidamente, lembrando que na eleição de Barack Obama, por exemplo, também houve uma apuração ágil.

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De acordo com a especialista, esse tipo de variação no tempo de apuração depende das disputas nos chamados estados-pêndulo --locais onde há um número grande de delegados, mas os eleitores não têm uma tendência forte de votar em um só partido e que, portanto, podem definir o resultado nacional.

Nos Estados Unidos, a eleição é decidida pelo Colégio Eleitoral, onde cada estado representa um número específico de delegados, proporcional à sua população. Diferente do Brasil, onde a votação é direta, o candidato que vence em um estado leva todos os delegados daquela região, mesmo que tenha ganhado por uma margem estreita. Isso significa que os estados com grande número de delegados e comportamento indeciso são determinantes para definir a vitória, como explica Clara. 

Na eleição norte-americana deste ano, havia sete estados-pêndulo: Pensilvânia, Geórgia, Carolina do Norte, Michigan, Arizona, Wisconsin e Nevada, que juntos representaram 93 votos no Colégio Eleitoral. “Trump venceu principalmente nos estados-pêndulo, e a situação foi definida nesses locais”, disse a cientista política. 

Outro ponto que contribuiu para a agilidade na contagem foi o contexto político mais estável neste ano. Segundo a especialista, dessa vez, não houve a mesma contestação de votos que ocorreu na eleição passada entre Trump e Joe Biden. "Isso, claro, facilitou a divulgação dos resultados, já que não houve necessidade de recontagens ou manifestações que exigissem mais verificações”. Em 2020, os votos enviados pelo correio foram alvo de questionamentos, o que atrasou o resultado final.

Além disso, o voto antecipado, uma prática já comum nos Estados Unidos, também pode ter impactado na divulgação mais rápida do resultado. Embora ainda não se tenha números exatos, Clara ressalta que uma possível participação elevada no voto antecipado também pode ter acelerado a apuração.“Já havia esse voto antecipado em outras eleições, mas uma adesão maior certamente colabora para que o resultado seja conhecido mais rapidamente.”

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O Colégio Eleitoral dos Estados Unidos é composto por 538 delegados, e um candidato precisa conquistar ao menos 270 deles para ser declarado vencedor. Nem sempre o mais votado no conjunto do voto popular se torna presidente. O caso mais recente foi o de Hillary Clinton em 2016, que teve quase 3 milhões de votos a mais que Trump, mas obteve apenas 232 delegados, enquanto o republicano somou 306.

Nos últimos oito pleitos, os democratas obtiveram a maioria dos votos em sete ocasiões, mas os republicanos assumiram a presidência três vezes. Isso ocorre porque no Colégio Eleitoral cada estado norte-americano possui uma quantidade de votos nesse colegiado, proporcional à sua população.

Por exemplo, a Califórnia, estado mais populoso do país, com quase 39 milhões de habitantes, conta com 54 votos no Colégio Eleitoral. Já Wyoming, o estado menos populoso, com 584 mil habitantes, tem apenas três votos.

Nesta eleição, Trump conseguiu o número de delegados necessário ao vencer nos estados estratégicos, o que selou sua vitória mais rapidamente, de acordo com a cientista política.