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O escândalo de e-mails e o potencial de reviravolta nos EUA

1 nov 2016 - 18h17
(atualizado às 18h29)
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Foto: Getty Images

A surpreendente revelação de que o FBI está investigando novos e-mails de Hillary Clinton pode até ter dado um suspiro à conturbada campanha de Donald Trump. Uma pesquisa de opinião nacional divulgada nesta terça-feira (01/10), realizada pelo The Washington Post e a emissora ABC News entre 27 e 30 de outubro, aponta que o republicano tem 46% das intenções de voto, contra 45% da democrata. Mas, para especialistas, o recente anúncio do FBI não mudou a dinâmica básica da corrida eleitoral, e Hillary se mantém como favorita à Casa Branca.

Na última sexta-feira, James Comey, diretor do FBI, afirmou numa carta enviada ao Congresso que o órgão investiga novas mensagens como parte de um inquérito - que já havia sido encerrado - sobre o uso por Hillary de um provedor privado de e-mails.

O diretor do FBI não revelou quanto tempo iria levar para completar a apuração do caso ou quão significativo o novo material poderia ser para a investigação. Mas, por si só, o anúncio do órgão federal se transformou numa sorte inesperada para Trump, que imediatamente viu uma nova oportunidade de angariar votos na reta final da corrida eleitoral.

No mesmo dia, em um evento de campanha em New Hampshire, Trump classificou a nova investigação do FBI como "maior que o Watergate" e afirmou: "Vamos reconquistar a Casa Branca". Mas a promessa - a poucos dias das eleições marcadas para 8 de novembro - ainda é mais uma ilusão do que realidade, afirmam especialistas ouvidos pela DW.

"Eu não esperaria que isso tivesse um grande efeito", afirma Jason Roberts, estudioso das instituições políticas americanas na Universidade da Carolina do Norte.

Para Larry Jacobs, diretor do Centro de Estudos de Política e Governança na Universidade de Minnesota, "as revelações do diretor do FBI provavelmente não vão impedir a vitória de Hillary".

Eleitores indecisos

Com exceção da pesquisa divulgada nesta terça-feira pelo Washington Post e ABC News, enquetes realizadas após a revelação do FBI da última sexta-feira apontam que Trump conquistou pontos, mas ainda está atrás de Hillary.

A enquete desta terça-feira - cuja margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos - é a primeira desde maio das divulgadas pelos dois veículos de imprensa em que o empresário supera a ex-secretária de Estado. Na semana passada, Hillary liderava a disputa com 46% de apoio, contra 45% de Trump. Hillary chegou a ter uma vantagem de 12 pontos percentuais.

"Há um número muito pequeno de eleitores indecisos, e é muito provável que eles sejam responsáveis por esse movimento nas pesquisas", afirma Bert Rockman, especialista em presidência americana na Universidade de Purdue.

Embora Trump possa conquistar votos de eleitores indecisos, é provável que esse apoio não seja suficiente para causar uma reviravolta a favor do candidato republicano. Isso porque a grande maioria dos eleitores já decidiu seus votos há muito tempo, e a investigação do FBI não terá influência sobre eles a poucos dias da eleição, acreditam os analistas.

Além disso, cerca de 18 milhões de americanos já votaram antes do anúncio do FBI vir a público, de acordo com uma análise recente da emissora CNN. Em alguns estados-chave, acrescenta Jacobs, mais de um quarto dos eleitores já votou.

Colégio eleitoral

Trump antagonizou com vários segmentos de eleitores durante sua campanha - latinos, afroamericanos, mulheres e republicanos com formação superior - e, agora, não tem o apoio de praticamente nenhum grupo importante de eleitores, com exceção de homens brancos da classe trabalhadora, diz Thomas Wahlen, da Universidade de Boston.

Por isso, é difícil reconhecer de onde viria o apoio necessário para Trump virar o jogo neste momento. Em última análise, diz Wahlen, as revelações do FBI poderiam reduzir a margem de vantagem de Hillary, mas o especialista acredita que a democrata ainda ganhará as eleições.

A vitória de Hillary parece ainda mais provável se não se focar nas pesquisas de opinião nacionais, mas sim no que realmente é decisivo para a corrida à Casa Branca: o colégio eleitoral.

"Se não houver mais nenhuma grande bomba, Hillary irá garantir um bom número de votos no colégio eleitoral, que é o que realmente conta", diz Rockman. A candidata tem mais possibilidades realistas de obter os 270 votos do colégio eleitoral necessários para se eleger do que Trump, afirma.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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