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'Ignorante': a dura resposta da mãe de um soldado dos EUA morto no Iraque a Donald Trump

1 ago 2016 - 06h41
(atualizado às 08h24)
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Para Ghazala Khan. Donald Trump desconhece o significado da palavra "sacrifício"
Para Ghazala Khan. Donald Trump desconhece o significado da palavra "sacrifício"
Foto: Getty Images

A mãe de um militar muçulmano americano morto em combate rebateu Donald Trump após o candidato republicano à Presidência questionar seu silêncio durante um discurso de seu marido.

Ghazala Khan disse que Trump é ignorante sobre o Islã e que desconhece o significado da palavra "sacrifício".

O marido dela, Khizr Khan, atacou o candidato republicano em um discurso emocionado durante a convenção nacional do Partido Democrata, na última quinta-feira.

Trump sugeriu que Ghazala Khan talvez não tivesse sido autorizada a falar no evento.

O filho do casal, o capitão do Exército Humayun Khan, foi morto por um carro-bomba no Iraque em 2004, aos 27 anos.

Em artigo de opinião no jornal The Washington Post, intitulado "Trump criticou meu silêncio. Ele não sabe nada sobre o verdadeiro sacrifício", Ghazala disse que seu marido perguntou se ela queria falar na convenção, mas ela afirmou estar muito chateada.

"Caminhando ao palco da convenção, com uma enorme imagem do meu filho atrás de mim, eu mal conseguia me controlar. Qual mãe conseguiria? Donald Trump tem filhos que ama. Ele realmente precisa imaginar por que não falei?", escreveu.

"Quando Donald Trump fala sobre o Islã, ele é ignorante. Se tivesse estudado o Islã real e o Corão, todas as ideias que ele tem sobre terroristas iriam mudar, porque o terrorismo é uma religião diferente."

Ela acrescentou: "Donald Trump disse que fez muitos sacrifícios. Ele não sabe o significado da palavra sacrifício."

Ghazala Khan afirmou que, embora não tenha discursado, "todo o mundo, todos os Estados Unidos sentiram minha dor".

Na convenção na Filadélfia, o americano de origem paquistanesa Khizr Khan disse que, se dependesse de Trump, seu filho não teria entrado nos EUA, já que o candidato e empresário já defendeu barrar a entrada de muçulmanos no país.

Sobre as críticas no discurso de Khizr, Trump disse, em entrevista à rede ABC: "Se você olhar para a mulher dele, ela estava lá em pé. Ela não tinha nada a dizer... Talvez ela não tenha sido autorizada a ter algo a falar. Você me diga."

Trump também disse que Khizr disse "coisas imprecisas" sobre ele. "Enquanto eu sinto profundamente a perda do filho dele, o sr. Khan, que nunca me encontrou, não tem o direito de aparecer diante de milhões de pessoas e dizer que nunca li a Constituição, (o que é falso) e dizer muitas outras coisas imprecisas."

As afirmações de Trump foram alvo de reprovação de democratas e republicanos.

A candidata democrata à Presidência dos EUA, Hillary Clinton, atacou o tratamento dado por Trump à família Khan em um ato de campanha numa igreja em Cleveland, Ohio.

"O sr. Khan fez o maior sacrifício em sua família, não fez?", afirmou a uma congregação afro-americana.

"E o que ele ouviu de Donald Trump? Apenas insultos e comentários degradantes sobre muçulmanos, em total desconhecimento do que fez nosso país grande - liberdade religiosa", disse.

Ghazala Khan e o marido, Khizr Khan, durante a convenção democrata
Ghazala Khan e o marido, Khizr Khan, durante a convenção democrata
Foto: Abc News/BBcBrasil.com

Análise do correspondente da BBC na América do Norte, Anthony Zurcher:

Simplesmente não há como um político entrar numa guerra de declarações com os pais de um soldado que morreu como heroi no campo de batalha e não terminar mal.

Isso não evitou que Trump fizesse isso de maneira pouco elegante.

Ao questionar o silêncio de Ghazala Khan durante discurso de seu marido na convenção nacional do Partido Democrata, ele basicamente a desafiou a dar um passo à frente.

E ela deu esse passo.

Trump sobreviveu - e inclusive avançou - após fazer declarações polêmicas no passado e está claro que o magnata possui um grupo de seguidores fieis que não irão abandoná-lo.

Agora que os candidatos estão entrando de cabeça na corrida presidencial, Trump precisará expandir sua base de apoio se quiser vencer. Uma troca de farpas como essa torna essa tarefa extremamente difícil.

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