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Tensão aumenta e Biden pede calma: "Democracia é confusa"

Eleitores dos dois candidatos fazem marchas a favor e contra a contagem de votos nos 6 dos 50 Estados

5 nov 2020 - 23h02
(atualizado em 6/11/2020 às 13h22)
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WILMINGTON, EUA - Americanos atravessaram um segundo dia de ansiedade sem a divulgação do vencedor da eleição presidencial que mais mobilizou eleitores na história. Só 6 dos 50 Estados ainda estão em disputa, mas a tensão durante a espera pelos resultados fez americanos irem às ruas a favor e contra os pedidos de Donald Trump para barrar a contagem de cédulas, que têm mostrado a vantagem do democrata Joe Biden. Com a escalada de tensão, Biden pediu paciência aos eleitores.

"A democracia às vezes é confusa, então às vezes requer um pouco de paciência", disse o candidato democrata, em um pronunciamento em Wilmington, Delaware, onde vive.

"Nós continuamos a nos sentir bem sobre como as coisas estão e não temos dúvidas de que quando a apuração terminar, a senadora (Kamala) Harris e eu seremos os vencedores. Então, peço às pessoas que mantenham a calma. O processo está funcionando. A contagem está sendo concluída. Nós saberemos em breve", afirmou, na tarde desta quinta-feira, ao lado da candidata a vice-presidente na chapa democrata, Kamala Harris.

Candidato democrata, Joe Biden, faz pronunciamento acompanhado da companheira de chapa, Kamala Harris
05/11/2020
REUTERS/Kevin Lamarque
Candidato democrata, Joe Biden, faz pronunciamento acompanhado da companheira de chapa, Kamala Harris 05/11/2020 REUTERS/Kevin Lamarque
Foto: Reuters

Biden tem a maioria do voto popular, com 72 milhões de votos (50,5%) até agora. A disputa pelo número de delegados no colégio eleitoral, no entanto, segue aberta. O democrata tem 253 delegados até o momento e o republicano, 214. São necessários 270 delegados para ser eleito presidente dos Estados Unidos.

Sinais positivos

A apuração ao longo do dia deu sinais positivos a Biden. O democrata diminuiu consideravelmente a vantagem de Trump na Geórgia e na Pensilvânia, e está na frente em Nevada e Arizona, embora a diferença no último Estado tenha diminuído.

Havia a expectativa de que Geórgia e Nevada divulgassem resultados ainda pela manhã, o que não aconteceu. As autoridades dos dois Estados alegaram que a precisão importa mais do que rapidez, jogando o foco da decisão sobre a Pensilvânia, que tem 20 delegados, o maior número em disputa neste momento. Se ganhar na Pensilvânia, Biden será o vencedor.

A tendência é de vitória de Biden na Geórgia e na Pensilvânia. Dos votos contabilizados na Pensilvânia, 72% foram para Biden e só 28% foram para Trump. Se o democrata conquistar dois terços das cédulas restantes, vence o Estado e a eleição. Já na Geórgia, da apuração feita nesta quinta-feira, 69% dos votos foram para Biden. Se ele conquistar apoio em 63% dos votos restantes, conquista a maioria. A vitória na Geórgia, no entanto, não é suficiente. O democrata ainda precisaria garantir o total dos votos em mais um dos locais em disputa.

Trump ampliou a ofensiva jurídica nos Estados cruciais para a decisão da eleição e Biden, novamente, rebateu e disse que todo voto será contabilizado. "Nos EUA, o voto é sagrado. É como as pessoas desta nação expressam a vontade delas. E é a vontade dos eleitores, ninguém e nada fora isso, que escolhe o presidente dos Estados Unidos. Então, todo voto precisa ser contado e isso é o que está ocorrendo agora", afirmou o democrata.

Sem apresentar provas, o presidente argumenta que houve fraude nas eleições deste ano e pede que a apuração seja suspensa nos Estados que podem conduzir seu rival à Casa Branca.

Protestos

Manifestantes que pediam para que "todo voto conte" se reuniram em Minneapolis, Seattle, Phoenix, Filadélfia, Nova York e Portland. Apoiadores de Trump também fizeram protestos na porta de escritórios eleitorais onde a apuração está sendo feita em Phoenix e em Detroit.

A ampliação dos protestos provoca tensão em um país que acordou no dia da votação com a ameaça de confrontos entre eleitores de lados opostos estampada nas capas dos principais jornais.

A venda de armas aumentou nos meses que antecederam a eleição e episódios de radicalização e intolerância no fim de semana anterior à votação fizeram com que alguns governadores escalassem homens da Guarda Nacional para ficar de sobreaviso no caso de protestos violentos.

A votação transcorreu sem incidentes violentos, mas a volta de manifestantes de lados opostos às ruas diante da escalada da insistente retórica do presidente Trump de deslegitimar o processo eleitoral acionou novamente o sinal de alerta.

Estadão
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