Três razões que podem fazer Hillary Clinton perder a eleição nos EUA
Hillary Clinton já entrou para a história como a primeira mulher a disputar a Presidência dos Estados Unidos por um dos dois grandes partidos do país. Por outro lado, ela tem pelo menos três grandes obstáculos a superar para que se consagre vencedora das eleições americanas.
1 - O adversário Donald Trump, que chega embalado
Quando o empresário Donald Trump se lançou candidato, no ano passado, foi encarado como uma grande piada. Mas a campanha de Trump ganhou fôlego, desbancou todos os adversários no Partido Republicano e, principalmente, atraiu muitos adeptos que acreditam na principal promessa do empresário: "Faça a América grandiosa novamente".
Trump chega embalado para a disputa com Hillary que, segundo analistas, não tem uma mensagem tão clara e direta quanto a do adversário. "Mais fortes juntos", mote da campanha da democrata, ainda não colou.
"As pessoas querem saber quais são as ideias dos candidatos para mover o país adiante, mas não querem se perder em detalhes", afirma Doug Hattawat, assessor sênior da campanha de Hillary em 2008, quando ela disputou as prévias com Barack Obama.
2 - A própria Hillary Clinton, que coleciona antipatia até entre democratas
A experiência como ex-senadora e ex-secretária de Estado dos EUA conta pontos a favor, mas também atrai rejeição. Hillary enfrenta resistência de muita gente e não é uma unanimidade, nem mesmo entre os democratas.
Um dos pontos mais controversos da biografia de Hillary foi seu uso de um servidor privado para trocar e-mails confidenciais com auxiliares quando era chefe da diplomacia do governo Barack Obama, entre 2009 e 2013.
Críticos dizem que a atitude dela pôs em risco a segurança do país, já que o servidor privado era mais vulnerável a ataques de hackers. Após analisar o caso, o FBI (a polícia federal americana) disse que Hillary foi "exremamente imprudente", mas o órgão não sugeriu que ela fosse denunciada judicialmente. A candidata reconheceu o erro e se desculpou.
Hillary também é criticada por sua atuação frente ao atentado que matou quatro americanos - incluindo o embaixador Chris Stevens - no consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), em 2012. Opositores afirmam que ela ignorou alertas sobre os riscos de ataques ao edifício.
A resposta do Departamento do Estado ao atentado também foi criticada: inicialmente, o órgão divulgou que o incidente havia sido parcialmente motivado pelo lançamento de um filme anti-islã, embora o próprio governo tivesse informações de que se tratava de um "ataque terrorista".
Hillary assumiu a responsabilidade pelo episódio, mas disse que nunca recebeu qualquer pedido para aumentar a segurança da unidade em Benghazi.
Para Antonio Villaraigosa, também integrante da campanha de Hillary em 2008, a democrata precisará de uma "dose extra de autenticidade". "Há uma insatisfação grande das pessoas com os políticos em geral e com as instituições. Por isso, ela será desafiada a mostrar que não é um político como outro qualquer.
"Se olhar as pesquisas, ela tinha popularidade alta quando não estava concorrendo, mas os números caíram quando começou a disputa", observa Marjorie Margolies, sogra da filha de Hillary, que é próxima da candidata e acredita ter uma explicação para esse fenômeno: "Ela passa a impressão de estar sempre por dentro do assunto em questão, e isso causa um descomforto em muita gente, em particular entre aqueles que não gostam de mulheres sabichonas".
3 - O histórico das eleições, que raramente dá três vitórias consecutivas para o mesmo partido
A alternância de poder é uma das principais cartacterísticas do sistema político dos EUA. Um mesmo partido dificilmente consegue ganhar três eleições seguidas. A última vez que isso aconteceu foi em 1988, com a vitória do republicado George Bush (1989-1993), que substitui Ronald Regan (1981-1989).
Bush, contudo, não se reelegeu. Quem venceu as eleições em 1992 foi o marido de Hillary, Bill Clinton.
Mark Penn, um dos estrategistas de Hillary em 2008, diz que o resultado das eleições nos EUA será definido pelos cerca de 20% do eleitorado que permanecem sem um nome favorito para presidir o país.
O futuro dos EUA, para Penn, está mas mãos desses indecisos. "Muitas pessoas não gostam de nenhum dos candidatos, eles vão decidir as eleições" .