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Em meio a escândalo de espionagem, Obama passa por crise de popularidade

31 out 2013 - 20h42
(atualizado às 20h42)
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O presidente americano, Barack Obama, durante pronunciamento na Casa Branca
O presidente americano, Barack Obama, durante pronunciamento na Casa Branca
Foto: AP

As más notícias se acumulam para Barack Obama: o caótico início da reforma de saúde e o escândalo da espionagem afetam sua imagem política e sua popularidade, desgastada pela percepção da opinião pública de que ele não estaria totalmente a par dos problemas.

"O ano que está terminando foi difícil", comentou o presidente, no encontro com doadores do Partido Democrata, na quarta-feira à noite, perto de Boston (Massachusetts).

Em seu discurso, Obama se referiu à sua "enorme frustração" com "a obstrução" dos republicanos, majoritários na Câmara de Representantes, a quase todas as suas iniciativas legislativas.

O confronto terminou, no início de outubro, com uma paralisia dos serviços não essenciais do governo federal por mais de duas semanas.

A poucos dias de completar o primeiro aniversário de sua reeleição sobre o republicano Mitt Romney, o presidente democrata não obteve nenhuma vitória no Congresso - seja em matéria de imigração, sobre a limitação de porte de armas de fogo, as prioridades orçamentárias, ou sobre a luta contra a mudança climática.

Além disso, a principal conquista de seu primeiro mandato, a reforma do sistema de saúde, recebeu um duro golpe com o desastroso lançamento do portal na Internet no início de outubro.

Na quarta-feira, o presidente disse não estar "feliz" com esses erros e prometeu fazer o possível para que, em breve, esse momento seja apenas uma lembrança ruim. Como exemplo, ele citou a reforma de seguro médico promulgada em 2006 no estado de Massachusetts pelo então governador Mitt Romney.

Depois de afirmar por quatro anos que os americanos que quisessem manter seu seguro de saúde poderiam fazê-lo, Obama admitiu, pela primeira vez, que alguns poderiam acabar pagando mais do que hoje - uma crítica permanente dos republicanos.

O mês de outubro também foi muito difícil para Obama no cenário internacional. O escândalo da interceptação de comunicações eletrônicas por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) no exterior ganhou uma amplitude sem precedentes - em especial após as revelações sobre a espionagem à chanceler alemã, Angela Merkel.

Com boneco de Obama, grupo protesta contra espionagem em Washington

Diante da ira dos aliados europeus dos Estados Unidos e dos vazamentos na imprensa, segundo os quais Obama não tinha conhecimento dos grampos a Merkel, o presidente se negou a falar sobre o assunto, invocando a segurança nacional.

"Há dois perigos principais: a ideia de que o presidente parece não dizer a verdade, ou que parece não estar a par" das coisas, opina William Galston, um ex-assessor de Obama, atualmente na Brookings Institution.

"Já existe a ideia de que o presidente está isolado dos mecanismos de sua própria administração", acrescenta.

Na terça-feira, por exemplo, o editorial do jornal The New York Times tratou Obama como "espectador" dos escândalos em curso.

Segundo o professor de História Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, os dois casos põem em xeque uma questão crucial para um dirigente: a confiança depositada por seus administrados e por seus sócios no âmbito internacional.

"Se der a impressão de que não controla seus próprios programas, que não sabe o que acontece com os grandes temas - como a espionagem a dirigentes de primeira linha, ou sua reforma de saúde - sua reputação se desgasta, assim como a imagem dos programas que ele promove", explica Zelizer à AFP.

De fato, a confiança em Obama caiu para 42%, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira à noite por "The Wall Street Journal". Esse percentual nunca foi tão baixo, nem mesmo no pior momento da crise econômica no início de seu primeiro mandato.

Os republicanos no Congresso continuam sendo o centro do quebra-cabeça político de Obama, ressalta Zelizer.

"Historicamente, os presidentes americanos assumem o poder do Congresso (...) Os que não assumem, são os que sofrem. E poderia defender a ideia de que, nesses últimos dois anos, (Obama) sofreu com o Congresso", acrescenta.

Na quarta à noite, Obama deu a entender que o bloqueio será mantido pelo menos até as eleições legislativas de meio de mandato, dentro de um ano. Ele disse esperar "aplicar nosso programa", se os democratas recuperarem o controle da Câmara Baixa na disputa de novembro de 2014.

"Se isso acontecer, já será muito tarde para aprovar certas coisas", alerta Zelizer.

No 2º mandato à frente dos EUA, Obama completa 52 anos

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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