As más notícias se acumulam para Barack Obama: o caótico início da reforma de saúde e o escândalo da espionagem afetam sua imagem política e sua popularidade, desgastada pela percepção da opinião pública de que ele não estaria totalmente a par dos problemas.
"O ano que está terminando foi difícil", comentou o presidente, no encontro com doadores do Partido Democrata, na quarta-feira à noite, perto de Boston (Massachusetts).
Em seu discurso, Obama se referiu à sua "enorme frustração" com "a obstrução" dos republicanos, majoritários na Câmara de Representantes, a quase todas as suas iniciativas legislativas.
O confronto terminou, no início de outubro, com uma paralisia dos serviços não essenciais do governo federal por mais de duas semanas.
A poucos dias de completar o primeiro aniversário de sua reeleição sobre o republicano Mitt Romney, o presidente democrata não obteve nenhuma vitória no Congresso - seja em matéria de imigração, sobre a limitação de porte de armas de fogo, as prioridades orçamentárias, ou sobre a luta contra a mudança climática.
Além disso, a principal conquista de seu primeiro mandato, a reforma do sistema de saúde, recebeu um duro golpe com o desastroso lançamento do portal na Internet no início de outubro.
Na quarta-feira, o presidente disse não estar "feliz" com esses erros e prometeu fazer o possível para que, em breve, esse momento seja apenas uma lembrança ruim. Como exemplo, ele citou a reforma de seguro médico promulgada em 2006 no estado de Massachusetts pelo então governador Mitt Romney.
Depois de afirmar por quatro anos que os americanos que quisessem manter seu seguro de saúde poderiam fazê-lo, Obama admitiu, pela primeira vez, que alguns poderiam acabar pagando mais do que hoje - uma crítica permanente dos republicanos.
O mês de outubro também foi muito difícil para Obama no cenário internacional. O escândalo da interceptação de comunicações eletrônicas por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) no exterior ganhou uma amplitude sem precedentes - em especial após as revelações sobre a espionagem à chanceler alemã, Angela Merkel.
Com boneco de Obama, grupo protesta contra espionagem em Washington
Protesto ocorre após novas denúncias de que o governo americano monitorou ligações telefônicas e e-mails de países aliados da Europa e da América Latina, incluindo o Brasil
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Manifestante fantasiado de Obama representa espionagem do Estado sobre seus cidadãos e países aliados
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Caricatura de Obama "espião" atraiu a atenção de fotógrafos em frente ao Capitólio, em Washington
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Manifestantes usam mordaças em protesto contra o monitoramento da internet feito pela NSA, a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos
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Ativistas defendem respeito à privacidade de cidadãos
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Considerado traidor nacional, o ex-agente Edward Snowden recebeu o agradecimento de ativistas no protesto
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Snowden passou a ser perseguido pelo governo americano após vazar informações sobre o monitoramento feito pela NSA
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Manifestação ocorreu em frente ao parlamento americano, em Washington
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Diante da ira dos aliados europeus dos Estados Unidos e dos vazamentos na imprensa, segundo os quais Obama não tinha conhecimento dos grampos a Merkel, o presidente se negou a falar sobre o assunto, invocando a segurança nacional.
"Há dois perigos principais: a ideia de que o presidente parece não dizer a verdade, ou que parece não estar a par" das coisas, opina William Galston, um ex-assessor de Obama, atualmente na Brookings Institution.
"Já existe a ideia de que o presidente está isolado dos mecanismos de sua própria administração", acrescenta.
Na terça-feira, por exemplo, o editorial do jornal The New York Times tratou Obama como "espectador" dos escândalos em curso.
Segundo o professor de História Julian Zelizer, da Universidade de Princeton, os dois casos põem em xeque uma questão crucial para um dirigente: a confiança depositada por seus administrados e por seus sócios no âmbito internacional.
"Se der a impressão de que não controla seus próprios programas, que não sabe o que acontece com os grandes temas - como a espionagem a dirigentes de primeira linha, ou sua reforma de saúde - sua reputação se desgasta, assim como a imagem dos programas que ele promove", explica Zelizer à AFP.
De fato, a confiança em Obama caiu para 42%, segundo pesquisa divulgada na quarta-feira à noite por "The Wall Street Journal". Esse percentual nunca foi tão baixo, nem mesmo no pior momento da crise econômica no início de seu primeiro mandato.
Os republicanos no Congresso continuam sendo o centro do quebra-cabeça político de Obama, ressalta Zelizer.
"Historicamente, os presidentes americanos assumem o poder do Congresso (...) Os que não assumem, são os que sofrem. E poderia defender a ideia de que, nesses últimos dois anos, (Obama) sofreu com o Congresso", acrescenta.
Na quarta à noite, Obama deu a entender que o bloqueio será mantido pelo menos até as eleições legislativas de meio de mandato, dentro de um ano. Ele disse esperar "aplicar nosso programa", se os democratas recuperarem o controle da Câmara Baixa na disputa de novembro de 2014.
"Se isso acontecer, já será muito tarde para aprovar certas coisas", alerta Zelizer.
No 2º mandato à frente dos EUA, Obama completa 52 anos
Barack Obama brinca com o avô Stanley Dunham, no Havaí, em foto da década de 1960. No segundo mandato na presidência dos EUA, Obama enfrenta um momento difícil após o escândalo de espionagem, revelado pelo ex-técnico da CIA Edward Snowden. Lembre a seguir momentos importantes da vida do presidente, que hoje completa 52 anos
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Barack, então com 10 anos, posa ao lado do pai, Barack Obama, no Havaí, onde vivia com a família em 1972
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Obama recebe o carinho dos avôs, Stanley e Madelyn, em sua formatura do ensino médio, em 1979, quando tinha 18 anos
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O adolescente Barack recebe o diploma de graduação no ensino médio em 1979, no Havaí
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A foto de Barack Hussein Obama II no livro de formatura do ensino médio no fim da década de 1979
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De 1990 em diante, Obama se tornou professor e passou a lecionar direito constitucional na Universidade de Chicago
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Antes de se tornar professor, o jovem Obama foi o primeiro presidente negro do jornal Harvard Law Review, da Escola de Direito de Harvard, onde obteve o título de doutor
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Em 18 de outubro de 1992, Obama se casa com Michelle Obama, mãe de suas duas filhas e sua companheira até hoje
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Já como senador por Illinois, Barack Obama visita o Quênia, país natal de seu pai, onde é recebido pelo então presidente Mwai Kibaki, em Nairóbi, em agosto de 2006
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Obama posa com a família, a mulher Michelle, e as filhas, Sasha (esq.) e Malia (dir.), em um hotel de Chicago, durante a campanha para o Senado em novembro de 2004
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Em setembro de 2005, quando era senador, Barack Obama reuniu-se com o premiê britânico Tony Blair (centro) em Downing Street, em Londres
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O senador Obama participa atentamente, ao lado do ator George Clooney, de reunião para discutir a situação da região de Darfur, no Sudão, em Washington, no dia 27 de abril de 2006
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Obama é aclamado por centenas de pessoas em Kibera, a maior favela da África, em Nairóbi, Quênia, em agosto de 2006
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O senador democrata autografa no lançamento de seu livro A Audácia da Esperança: Reflexões sobre a Reconquista do Sonho Americano (em inglês, The Audacity of Hope: Thoughts on Reclaiming the American Dream), na Barnes & Noble, em Nova York, em outubro de 2009
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Médico retira amostra oral de Obama em teste rápido de HIV durante coletiva na Cúpula Mundial Sobre a Aids em igreja de Lake Forest, na Califórnia, em dezembro de 2006
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O então senador americano posa ao lado do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante um voo entre Washington e Nova York, em fevereiro de 2007
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Broches de campanha de Barack Obama são vendidos em Springfield, no Estado americano de Illinois, em fevereiro de 2007
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O senador Barack Obama segura um bebê no colo durante visita de campanha à cidade de Coralville, no Estado de Iowa, em janeiro de 2008
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Obama abraça sua filha mais velha, Malia, enquanto a caçula, Sasha, observa, durante uma visita ao zoológico de Honolulu, no Havaí, em dezembro de 2008
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O presidente eleito nos EUA, Barack Obama, vai jogar golfe com dois amigos, Eric Whitaker (centro) e Eugene Kang, em Kailua, no Havaí, em dezembro de 2008
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Um banner parabeniza Barack Obama pela vitória nas eleições, perto do escritório dele em Chicago, em dezembro de 2008
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Obama troca carícias com a nova primeira-dama, Michelle, antes do discurso da vitória nas eleições presidenciais em Chicago, Illinois, em novembro de 2008
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Recém eleito, Barack Obama faz o discurso da vitória após se tornar o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, em Chicago, no dia 4 de novembro
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A nova família presidencial recebe o carinho dos partidários de Obama em comício da vitória, realizado em Chicago
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Barack Obama e Michelle fazem o percurso Casa Branca-Capitólio durante o desfile da posse presidencial, em Washington, em 20 de janeiro de 2009
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Sentado perto do antecessor, George W. Bush (em baixo), Obama aguarda o momento de ser empossado como o 44º presidente americano
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Obama e Michelle arriscam passos de dança na festa de gala após a posse do novo presidente, na Casa Branca, na noite de 20 de janeiro de 2009
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Barack Hussein Obama II pronuncia o primeiro discurso oficial como presidente americano
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Casal Obama compartilha momento íntimo em elevador de carga no jantar inaugural do novo presidente
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Barack Obama aparece no Salão Oval da Casa Branca em seu primeiro dia no cargo em 21 de janeiro de 2009
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Durante caminhada pelo interior da Casa Branca, em janeiro de 2009, Obama foi fotografado apreciando o quadro do ex-presidente americano John F. Kennedy, pintado por Aaron Shikler
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Obama e Michelle assistem a vídeo em 3D na sala de teatro e cinema da Casa Branca em fevereiro de 2009
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Obama tenta bloquear o secretário da Educação, Arne Duncan, durante partida de basquete em quadra do Departamento do Interior, em fevereiro de 2009
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Obama brinca com Bo, o cão de estimação da família, em gramado da Casa Branca em maio de 2009
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"Armado" com uma bola de neve, Obama ameaça acertar o então chefe de Gabinete, Rahm Emanuel, no Jardim das Rosas da Casa Branca, em dezembro de 2009
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Em férias na ilha de Martha Vineyard, pertencente ao Estado de Massachusetts, o presidente faz carinho na sobrinha Savita em agosto de 2009
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De férias em Montana, o presidente Obama arrisca-se como pescador em agosto de 2009
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Obama brinca com filho de funcionária temporária da Casa Branca, durante despedida da trabalhadora no Salão Oval da Casa Branca, em maio de 2009
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Em 1º de maio de 2011, Barack Obama anuncia oficialmente a morte do terrorista Osama Bin Laden, morto em ação militar no Paquistão, em pronunciamento na televisão
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O presidente Obama e integrantes do alto escalão do governo americano acompanham a missão militar que matou o chefe da Al-Qaeda e inimigo nº 1 dos Estados Unidos, na sala de gerenciamento de crises da Casa Branca, em maio de 2011
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Fotografia de maio de 2011 mostra Obama tenso e concentrado durante o acompanhamento da missão militar que liquidou o autor dos atentados do 11 de setembro
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Obama convoca um brinde com cerveja em pub de Moneygall, na Irlanda, durante visita oficial ao país em maio de 2011
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Sem formalidades, o presidente discute temas com a conselheira Valerie Jarrett antes de evento na Filadélfia em junho de 2011
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Barack Obama recebe a visita do Dalai Lama na Casa Branca em julho de 2011
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Família Obama assiste à partida de futebol entre Estados Unidos e Japão em sala da Casa Branca, em julho de 2011
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Obama discute com assessores os esforços para resolver a questão da dívida americana e redução do déficit no Salão Oval da Casa Branca, em 31 de julho
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Obama se reúne com o vice-presidente, Joe Biden, para discutir a crise econômica do país, em 30 de julho
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Em tentativa de conciliação, Obama se reúne com líderes republicanos do Congresso para discutir os esforços em relação à crise da dívida, em gabinete da Casa Branca, no dia 13 de julho de 2011
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Preocupado, Obama tenta chegar a consenso sobre a opinião do governo e dos republicanos sobre a crise na dívida americana, em 11 de julho de 2011
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Barack Obama e o presidente da Câmara dos Representantes, John Boehner, discutem a crise da dívida em conversa mais íntima em pátio da Casa Branca, no dia dia 3 de julho de 2011
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Em dezembro de 2012, o presidente se emociona no funeral das vítimas do tiroteio na Escola Sandy Hook, que deixou 27 mortos e chocou os Estados Unidos
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Obama presta juramento na posse para o segundo mandato como presidente, em 21 de janeiro de 2013
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