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Entre impasses e mudanças, Obama lança fichas pela reeleição

6 set 2012 - 17h51
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EDUARDO ORBEA
Direto de Charlotte

Barack Obama colocará tudo em jogo nesta noite quando subirá ao palco da Time Warner Arena de Charlotte para encerrar a convenção democrata. O presidente falará de seus feitos, sua insatisfação com o presente e com o que lhe resta cumprir. Será uma tentativa de mobilizar as bases, ganhar votos de indecisos e recuperar aqueles que o apoiaram em 2008 e agora cogitam apostar em Mitt Romney.

Barack Obama chega ao aeroporto de Charlotte para a Convenção nacional Democrata e cumprimenta apoiadores
Barack Obama chega ao aeroporto de Charlotte para a Convenção nacional Democrata e cumprimenta apoiadores
Foto: AFP

Obama chegou ao poder graças à promessa de esperança, mas, quando aceitar hoje à noite a nomeação em busca da reeleição, deverá assumir que seu eleitorado está decepcionado pelo fato de as mudanças prometidas não terem acontecido do modo imaginado.

Ambos os candidatos presidenciais estão praticamente empatados nas tendências de voto. A decisão do pleito caberá a Estados-chave como Flórida, Nevada e Novo México, nos quais o presidente com o importante apoio do eleitorado latino. Nacionalmente, Obama tem 65% das intenções de voto hispânico, mais do dobro do de Romney, 25%.

A isto somam-se os 18 milhões de eleitores indecisos, sem qualquer tendência de voto, na espera de um sinal que os convença. Jutnos, os votos latino e dos indecisos podem decidir o 6 de novembro.

Por sua vez, a mística que marcou a campanha e a vitória histórica de Obama em 2008 já é história. E Obama sabe muito bem disso.

Obama precisa se afastar do fantasma do desemprego, que não baixa da casa dos 8% e que é ainda muito mais alto entre os hispânicos. Seu público espera que ele explique por que razão merece lhe presentar mais uma oportunidade.

"O progresso é difícil. A mudança pode ser lenta", reconheceu Obama em recentes discursos. Mas "se vocês seguirem apostando nesta visão dos Estados Unidos que temos no coração, a mudança virá".

Barack Hussein Obama, filho de um queniano e de uma americana, catapultou-se à cena política na convenção democrata de 2004, em Boston, com um discurso vibrante e apaixonado no qual expôs sua visão de uma política do consenso.

Nascido no Havaí, foi, por sete anos, representante do empobrecido sul de Chicago no Senado de Illinois. Em 2005, foi eleito para o Senado federal e, graças ao carisma e à eloquência, tornou-se consenso dos meios de comunicação.

Quatro anos depois, coroou sua ascensão meteórica ao eleger-se à Casa Branca com 47 anos ao lado de sua esposa, Michelle, e suas duas filhas. No caminho de 2008, derrotou nas primárias democratas a favorita Hillary Clinton, esposa do ex-presidente Bill Clinton. Em novembro daquele ano, sagrou-se vitorioso nas urnas ao triunfar sobre John McCain.

Mas o exercício do poder às vezes se mostra frustrante para Obama, advogado e professor de direito constitucional formado em Harvard. O auge do desafio veio em 2010, quando os republicanos sagraram-se vitoriosos nas eleições legislativas e assumiram a maioria da Câmara dos Representantes com o grande objetivo de cortar os gastos federais e impedir o aumento dos impostos.

Com a Câmara em mãos republicanas e o Senado mantido sob controle democrata, o poder legislativo americano se tornou palco de incessantes batalhas. Uma delas, travada no ano passado, inclusive colocou o país a um passo de não pagar suas dívidas, custando aos Estados Unidos o primeiro rebaixamento da nota da dívida da história.

Ao pedir novamente os votos de seus compatriotas, Obama pode todavia mostrar um balanço respeitável, no qual se conta a reforma do sistema de saúde. O Obamacare, como ficou conhecido tanto por simpatizantes como por críticos, foi promulgado em 2010 e validado dois anos depois pela Suprema Corte. Seu objetivo é aumentar em 30 milhões de pessoas escopo dos americanos protegidos por seguro de saúde.

Após sua chegada ao poder, Obama lançou também um plano massivo para reativar a economia, mas os republicanos afirmam que o desemprego, hoje em torno dos 8,3%, segue mais alto que no início do mandato, enquanto a dívida federal segue aumentado. Ainda assim, Obama obrigou o setor automotivo a reestruturar-se e impulsionou uma reforma para controlar as atividades em Wall Street.

E se Obama se tornou o primeiro presidente americano a apoiar o casamento homossexual, não conseguiu finalizar a reforma migratória em um país onde vivem mais de 11 milhões de ilegais. A chamada passagem para uma matriz energética verde ainda é um processo em curso.

No cenário externo, Obama - que em 2002 ganhou notoriedade com um discurso contra a guerra no Iraque - cumpriu a promessa de retirar os soldados americanos do país árabe. Já no Afeganistão, triplicou em menos de um ano o contingente militar no intuito de fechar a luta contra a Al-Qaeda; este esforço também se estendeu ao Paquistão, onde obteve seu maior trunfo em 2 de maio de 2011 com a localização e a morte do terrorista saudita Osama bin Laden.

Se a chegada de um negro ao mais alto cargo da primeira potência mundial 150 depois do fim da escravidão e cinco décadas de lutas de direitos civis é vista como um fato histórico, Obama tenta parecer uma pessoa comum. Volta e meia vê-se o presidente jogando golf, bebendo cerveja , passeando com seu cachorro e tendo na janta familiar com a mulher a as filhas uma rotina de honra.

Esta noite, Obama lança em Charlotte sua sorte para poder seguir com esta rotina na Casa Branca por mais quatro anos.

Fonte: Terra
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