EUA: documentos revelam caso de mulher que matou ex e dois filhos
Investigação aponta que mulher cometeu quatro assassinatos para recolher quase US$ 700 mil em apólices de seguro
Em 14 de outubro de 2011, Susan Hendricks matou seus dois filhos, o ex-marido e a madrasta em duas residências na cidade de Liberty, no Estado americano da Carolina do Sul. Em abril, ela foi condenada à prisão perpétua pelos crimes. A pedido da agência AP e em resposta à lei de Liberdade de Informação, foram divulgados nesta segunda-feira o áudio de mais de 3h30 de interrogatórios, 324 páginas de documentos e 600 fotos do crime que revelam detalhes sobre o caso e sua investigação.
Segundo os documentos, no dia dos assassinatos, Susan reuniu sua família para rezar porque estava preocupada com o seu filho mais velho, Matthew, 23 anos, que parecia triste após várias pessoas terem esquecido de seu aniversário na véspera. Menos de 12 horas depois, ele foi encontrado morto. Em sua versão inicial, Susan disse que Matthew matara os familiares e se suicidara.
Para fundamentar a tese de que Matthew era culpado, Susan apresentou um bilhete supostamente deixado pelo filho em que este a agradecia pela sua criação e dizia que não poderia ter pedido uma mãe melhor. "Eu sei que nós tivemos nossas diferenças, mas eu sempre vou te amar incondicionalmente", dizia o bilhete.
Peritos confirmaram que o bilhete foi escrito por Matthew, mas as autoridades acreditam que ele seja anterior aos assassinatos.
No entanto, o exame balístico e outros documentos apontam que Susan matou Matthew e sua madrasta Linda Burns, 64 anos, na casa que dividia com eles. Posteriormente, ela matou o filho mais novo, Marshall, e seu ex-marido e pai de seus filhos, Mark Hendricks, na casa vizinha.
Matthew e Linda foram encontrados mortos em suas camas. Mark foi morto no sofá, enquanto Marshall foi morto entre seu quarto e o banheiro.
A gravação de áudio revela o motivo pelo qual Susan não acionou os serviços de emergência imediatamente após o Matthew supostamente ter se suicidado. "Eu não queria avisar ninguém porque eu não queria que eles viessem e o levassem. Eu sei que pode parecer loucura, mas eu pensei que se ficasse com ele, tudo ficaria bem", disse Susan em seu interrogatório.
Em seu depoimento, Rhonda Chappell, irmã de Mark, disse que Marshall (o filho mais novo) passar a morar com ela após ser expulso de casa pela mãe e que apenas dois dias antes de ser morto voltara para casa a pedido do pai. "Essa era uma casa muito disfuncional por muitos anos e ela percebeu que os meninos estavam trabalhando para sair e que estava perdendo o controle", diz o depoimento.
Depoimentos também revelam que Susan já tinha, anteriormente, matado um homem que invadiu sua casa em 2006, mas não tinha ido a julgamento porque a investigação do caso apontara que ela agira em legítima defesa. Ela também já havia ameaçado de morte Mark e sua nova esposa, Barbara.
As autoridades encontraram três armas dentro de um cofre no closet de Susan. No local também foram achadas apólices de seguro de cada vítima cujo valor somado superava US$ 680 mil e que deveriam ser pagas a ela, o que foi considerado a motivação para o crime. Quando Susan foi presa, 10 dias após os assassinatos, um policial encontrou vários documentos financeiros no chão do motel em que ela estava hospedada.
Durante o julgamento, um psiquiatra afirmou que Susan desenvolveu múltiplas personalidades após sofrer abusos dos seus pais e que estes também deixaram outras pessoas abusarem dela. A mulher não falou sobre o assunto na corte.
Um boletim policial aponta que Susan tentou se matar nove meses após ser presa. Ela teria ingerido simultaneamente 40 pílulas de remédios para problemas mentais. Ela deixou um bilhete para seus familiares remanescentes em que se lia: "Eu vou ficar bem com Mark e os meninos. Vejo vocês outro dia".