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EUA e Cuba têm reunião de mais alto nível em 50 anos

10 abr 2015 - 09h11
(atualizado às 09h11)
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Os chefes de relações exteriores de Cuba e dos Estados Unidos se sentaram para conversar na quinta-feira à noite na reunião de mais alto nível entre os dois lados desde os primeiros dias da Revolução Cubana, há mais de meio século.

Secretário de Estado norte-americano John Kerry e chanceler cubano Bruno Rodríguez, ao lado de assessores, em encontro na Cidade do Panamá. 09/04/2015
Secretário de Estado norte-americano John Kerry e chanceler cubano Bruno Rodríguez, ao lado de assessores, em encontro na Cidade do Panamá. 09/04/2015
Foto: Departamento de Estado dos EUA / Reuters

O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, se reuniu com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, em um hotel na Cidade do Panamá, no mais recente passo em direção a melhores laços desde que o presidente norte-americano, Barack Obama, anunciou uma mudança histórica na política para Cuba, em 17 de dezembro.

Os dois chanceleres conversaram por pelo menos duas horas, sentando-se frente a frente em um restaurante-bar no hotel com ampla fachada de vidro. O governo dos EUA informou que a reunião transcorreu bem.

"O secretário Kerry e o chanceler cubano Rodríguez mantiveram esta noite uma longa conversa, muito construtiva. Os dois concordaram que obtiveram progressos e que iremos continuar a trabalhar para resolver as questões pendentes", disse um alto funcionário do Departamento de Estado.

Durante o encontro, em alguns momentos Kerry gesticulou para Rodríguez. Do lado de fora, guardas faziam a segurança do local.

A reunião teve lugar na véspera da Cúpula das Américas, no Panamá, onde Obama e o presidente cubano, Raúl Castro, vão estar presentes, bem como outros líderes da região, como a presidente Dilma Rousseff.

A expectativa é que Obama e Raúl pelo menos apertem as mãos.

Obama parece estar perto de remover Cuba da lista de países que o governo dos EUA diz que patrocinam o terrorismo, pois o Departamento de Estado já recomendou que Cuba seja excluída, disse um assessor do Comitê de Relações Exteriores do Senado dos EUA na quinta-feira.

A previsão é que Obama endosse a recomendação, embora não esteja claro se ele vai anunciar sua decisão durante a cúpula.

A inclusão de Cuba na lista de patrocinadores do terrorismo tem sido um grande obstáculo para o restabelecimento das relações bilaterais. Sua exclusão iria ajudar a aliviar algumas sanções financeiras contra a ilha e tornar mais fácil para as empresas norte-americanas fazerem negócios lá.

Uma autoridade dos EUA disse que Kerry e Rodríguez tentaram suavizar o caminho para a retirada de Cuba da lista. Os Estados Unidos vêm pressionando por garantias cubanas de nenhum apoio futuro para o terrorismo, e Cuba tem respondido exigindo que o governo norte-americano assuma compromisso semelhante.

A decisão de Obama de avançar em direção à restauração completa dos laços diplomáticas é uma mudança radical nas relações entre os dois países desde a Revolução Cubana, quando o ditador Fulgencio Batista, apoiado pelos Estados Unidos, fugiu da ilha em 1 de janeiro de 1959 enquanto Fidel Castro e outros revolucionários assumiam o controle do país.

John Foster Dulles e Gonzalo Guell foram os últimos chefes da diplomacia dos EUA e de Cuba, respectivamente, a realizar uma reunião formal, em Washington, em 22 de setembro de 1958, disse uma autoridade dos EUA que falou sob condição de anonimato.

A reunião de mais alto nível após a revolução ocorreu em abril de 1959, entre o então vice-presidente Richard Nixon e Fidel Castro, que na época era primeiro-ministro de Cuba.

Logo depois, as relações entre os dois países se deterioraram rapidamente, e os Estados Unidos romperam relações diplomáticas em 1961. O governo norte-americano também impôs um duro embargo comercial à ilha, ao qual Cuba atribui a maior parte de seus problemas econômicos.

Obama já relaxou algumas restrições comerciais e de viagens, mas apenas o Congresso, controlado pelos republicanos, pode derrubar o embargo. No entanto, o presidente dos EUA enfrenta forte oposição no Congresso.

(Reportagem adicional de Arshad Mohammed, em Washington)

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