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EUA negam vistos a funcionários do governo da Venezuela

Medida foi adotada como resposta às violações dos direitos humanos supostamente cometidas durante protestos contra o presidente Nicolás Maduro

30 jul 2014 - 11h07
(atualizado às 15h39)
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<p>Manifestantes anti-governo participam de protesto em Caracas, em 8 de maio de 2014</p>
Manifestantes anti-governo participam de protesto em Caracas, em 8 de maio de 2014
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

Os Estados Unidos negaram vistos de viagem a vários funcionários do governo venezuelano, acusados de violações dos direitos humanos durante os recentes protestos da oposição, o que prenuncia novas tensões diplomáticas entre os dois países.

"O secretário de Estado decidiu impor restrições de viagem aos Estados Unidos a um determinado número de funcionários venezuelanos que são responsáveis ou cúmplices de violações dos direitos humanos", declarou em um comunicado a porta-voz do Departamento de Estado, Marie Harf.

"Nossa mensagem é clara: aqueles que cometem esses abusos não serão bem-vindos nos Estados Unidos", ressaltou.

Washington não divulgou os nomes dos afetados pela decisão, mas outro porta-voz indicou que a medida atinge juízes, policiais e militares, bem como ministros e assessores do presidente Nicolás Maduro, eleito em 2013 após a morte de Hugo Chávez (1999-2013).

Caracas respondeu a esse anúncio por meio de seu chanceler, Elías Jaua. O ministro das Relações Exteriores da Venezuela afirmou que a medida é uma represália pelo papel do país na América Latina.

"São ações desesperadas", afirmou, considerando que a iniciativa é a resposta americana ao fato de a Venezuela ter sido visitada na semana passada pelo presidente chinês, Xi Jinping, e por ter sediado a cúpula do Mercosul.

As sanções estão concentradas em um grupo de funcionários que Washington acusa de abusos durante os protestos contra o governo que agitaram várias cidades venezuelanas entre fevereiro e maio, deixando 43 mortos e centenas de feridos.

Dos mil detidos durante as manifestações, cerca de 80 continuam presos.

O Departamento de Estado informou em seu comunicado que o governo venezuelano reagiu aos protestos com "prisões arbitrárias e uso excessivo da força" e, em várias ocasiões, tentou intimidar judicialmente a dissidência, limitando a liberdade de imprensa e silenciando seus adversários.

As sanções foram impostas após meses de tensões entre Washington e Caracas por acusações mútuas, e dias depois da detenção do general e diplomata venezuelano Hugo Carvajal em Aruba à pedido dos Estados Unidos, que o acusam de ter ligações com o tráfico de drogas. Mas Carvajal foi rapidamente libertado por ordem da Holanda.

A prisão do diplomata provocou o protesto de Caracas, enquanto o Departamento de Estado americano considerou sua libertação uma "zombaria" às normas diplomáticas.

Washington "sentiu que devia mostrar uma posição clara" em relação ao caso de Carvajal e à situação geral na Venezuela, disse à AFP Carl Meacham, pesquisador do centro de análises CSIS.

A Câmara de Representantes do Congresso americano aprovou no final de maio um projeto de lei que obrigaria o governo do presidente Barack Obama a negar vistos e congelar ativos de funcionários venezuelanos envolvidos em violações dos direitos humanos, ao passo que o Senado está considerando um projeto similar.

Apesar da pressão do Legislativo, a administração Obama havia adotado uma posição de distanciamento, observando que não eram necessárias nem apropriadas novas sanções, e optando por estimular um diálogo político na Venezuela.

"Seria ingênuo pensar que a decisão tomada pelos Estados Unidos não terá um efeito negativo sobre a relação diplomática entre os dois países", considera Michael Shifter, diretor do centro de estudos Diálogo Interamericano.

Apesar das relações bilaterais tensas, os Estados Unidos são o maior comprador de petróleo da Venezuela, que também importa muitos produtos daquele país.

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