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EUA pedem que países da América Latina se neguem a dar asilo a Snowden

O ex-consultor da CIA Edward Snowden chegou neste domingo à tarde em Moscou, após deixar Hong Kong em uma tentativa de evitar o pedido de extradição dos Estados Unidos, e pediu asilo ao Equador

23 jun 2013 - 19h07
(atualizado às 21h00)
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Eric Snowden em hotel de Hong Kong em imagem divulgada pelo jornal The Guardian
Eric Snowden em hotel de Hong Kong em imagem divulgada pelo jornal The Guardian
Foto: AP

O governo dos Estados Unidos disse neste domingo que iniciou contatos através de "canais diplomáticos e policiais" com os países da América Latina por onde Edward Snowden, acusado de espionagem por Washington, que já pediu sua extradição, possa passar.

"Os Estados Unidos iniciaram contatos através de canais diplomáticos e policiais com países no hemisfério ocidental nos quais Snowden pode passar ou que poderiam ser seu destino final", disse um funcionário de alta categoria da Administração Obama.

"Os Estados Unidos já fizeram contato com estes governos para avisar que Snowden é procurado por delitos graves e, portanto, não devem permitir a ele uma viagem internacional, só o necessário para devolvê-lo aos Estados Unidos", acrescentou a fonte, que pediu o anonimato.

O ex-consultor da CIA Edward Snowden chegou neste domingo à tarde em Moscou, após deixar Hong Kong em uma tentativa de chegar a Venezuela e evitar o pedido de extradição dos Estados Unidos, e pediu asilo ao Equador. Snowden "se dirige à República do Equador por um caminho seguro para obter asilo" e "quando chegar ao Equador, sua solicitação será feita formalmente", disse o Wikileaks em comunicado.

Pouco antes, o ministro das Relações Exteriores do Equador, Ricardo Patiño, tinha informado que o ex-consultor pediu asilo político a seu país. O avião em que, segundo a companhia Aeroflot transportava Snowden, chegou às 17h local (8h no horário de Brasília) no aeroporto internacional Cheremetievo da capital russa.

Snowden não foi visto no terminal e nem entre os passageiros que passaram pelo controle de passaportes no Terminal C do aeroporto, onde o avião pousou. Vários passageiros contaram que viram um veículo estacionado na pista ao lado do avião, o que poderia indicar que ele deixou o aeroporto desta forma.

O governo de Hong Kong Declarou não ter "bases legais" para evitar a partida do ex-consultor de 30 anos, justificando que o governo dos Estados Unidos, que o acusa de espionagem, roubo e uso indevido de propriedade do governo, não entregou até a sexta-feira informações suficientes para justificar a sua detenção e eventual extradição.

Os Estados Unidos cancelaram o passaporte de Snowden, uma informação confirmada pelo porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, que acompanha o secretário John Kerry em sua viagem à Índia.

"Pessoas buscadas por diversos delitos como o senhor Snowden não deveriam ser autorizadas a realizar nenhuma viagem internacional, a não ser para transferi-lo aos Estados Unidos", disse Psaki.

O porta-voz explicou que a anulação do passaporte de Snowden é "rotineira e está dentro das regras norte-americanas" devido às acusações contra o ex-consultor. O WikiLeaks, organização fundada por Julian Assange, prestou apoio a Snowden.

Em seu comunicado a organização de Assange, que se refugiou na Embaixada do Equador em Londres, cita o ex-juiz Baltasar Garzón, que declarou que estar interessado "em preservar os direitos de Snowden", assim como protegê-lo como pessoa. "O que tem acontecido com Snowden e Assange (...) é uma agressão contra o povo", ressaltou.

O porta-voz do presidente russo Vladimir Putin, Dmitry Peskov, disse que não sabia nada sobre a chegada do ex-agente, que vazou para a imprensa informações sobre programas do governo dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha para monitorar telefonemas e acessos à internet.

Snowden chegou a mencionar a possibilidade de pedir asilo político à Islândia, onde operam organizações em defesa dos direitos civis em relação ao monitoramento de dados privados por parte dos governos.

Desde 5 de junho, quando foram publicados os primeiros artigos nos jornais The Guardian e The Washington Post, Snowden revelou muitos detalhes sobre o monitoramento realizado pela NSA nos Estados Unidos e no exterior.

No domingo, o Sunday Morning Post assegurou que a NSA interceptou "milhões" de mensagens de texto enviadas pela rede de telefonia móvel chinesa. A China reagiu fortemente a esta última informação. A agência Nova China chamou os Estados Unidos de o "maior vilão do nosso tempo" em termos de ciberataques.

Estas acusações "mostram que os Estados Unidos, que tentaram por muito tempo apresentar-se como uma vítima inocente de ataques cibernéticos, têm-se revelado o grande vilão do nosso tempo" nesta área, de acordo com a agência oficial chinesa.

A NSA, segundo Snowden, também hackeou em 2009 os servidores da Pacnet, uma empresa com sede em Hong Kong, que administra a rede de fibra óptica mais extensa da região, bem como a prestigiada Universidade de Tsinghua, em Pequim, onde estão localizadas as seis principais redes através das quais se pode acessar informações na internet de milhões de chineses.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos declarou neste domingo que irá pedir a cooperação das autoridades judiciárias dos países para os quais o ex-consultor da NSA poderia buscar asilo. E o diretor da agência, o general Keith Alexander, anunciou a implementação de novas medidas de segurança para impedir o vazamento de informações.

Fonte: Terra
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