Família pode ser condenada por usar maconha com fins médicos
Embora o estado de Washington autorize a prática, o governo federal não reconhece uso terapêutico da erva; as penas podem variam de 40 anos a prisão perpétua
Cinco pessoas - quatro da mesma família - poderão ser condenadas a passar anos em um presídio federal por terem usado maconha para fins medicinais, em uma cidade rural no nordeste de Washington, de acordo com o Huffington Post.
Larry Harvey, 70 anos, sua esposa Rhonda Firestack-Harvey, 55, seu filho Rolland Gregg, 33, a esposa deste, Michelle, 35, além do amigo da família Jason Zucker, 38, afirmam que cultivavam 74 plantas de maconha para consumo próprio, em sua casa próxima à cidade de Kettle Falls.
"Não temos nada a esconder. Eu e meu marido temos sérios problemas de saúde e fomos alertados pelos médicos de que a maconha poderia nos ajudar. Nós cinco somos qualificados para tanto, e, na verdade, o nosso jardim tinha menos de 15 plantas por paciente, que é o limite", contou Rhonda.
A casa da família foi visitada por autoridades, pela primeira vez, em agosto de 2012, depois que dois aviões da patrulha aérea de Washington reportaram que havia indícios do cultivo de maconha próximo à residência da família Harvey.
A princípio, as autoridades se limitaram em apreender 29 plantas, mas, em uma segunda visita, elas apreenderam mais de 2 quilos da erva, além de ervas comestíveis que estavam no congelador.
Em fevereiro deste ano, a família escreveu uma carta ao procurador-geral americano, Eric Holder, pedindo que as acusações fossem reconsideradas. "As evidências apreendidas consistem com o o tipo de dosagem consumida para fins terapêuticos", escreveu Rhonda.
Em 2013, os cinco usuários foram indiciados por seis crimes cada (incluindo fabricação, posse e distribuição de maconha), embora seus advogados afirmassem que eles haviam agido de forma legal, respeitando a lei estadual que autoriza o uso medicinal e recreativo da maconha.
Como o caso está sendo julgado por uma Corte Federal, é provável que o argumento da defesa, de que o cultivo da erva era para fins medicinais como previsto na lei, não seja suficiente para livrar a família da cadeia.
De acordo com o promotor do caso, Michael Ormsby, a finalidade da plantação da maconha não é a grande questão, mas, sim, o fato de a família ter intencionalmente fabricado a erva. O governo federal continua banindo a planta, classificando-a como uma substância sem uso médico atualmente aceito.
Durante as audiências realizadas esta semana, os cinco usuários rejeitaram qualquer tipo de acordo, o que provocaria uma redução das penas para no máximo três anos. Sem o acordo judicial, as penas podem variam de 40 anos a prisão perpétua.
Segundo os advogados da família, além de haver uma disparidade judicial, as penas aplicadas contra os usuários vão contra as declarações de Holder e Obama, nas quais foi destacado que uma reforma reduziria a pena para pessoas que cometeram crimes não-violentos relacionados a drogas.
A previsão é que o julgamento do grupo comece no final de maio.