Ginecologista perde licença médica após ‘prescrever’ estudos bíblicos para paciente que passou por aborto
Profissional teria questionado se mulher queria “ir para o céu e evitar o diabo”
Um ginecologista de Los Angeles (EUA) perdeu a licença médica após ser acusado de ‘prescrever’ estudos bíblicos para uma paciente que revelou ter feito um aborto há mais de 30 anos.
Receba as principais notícias direto no WhatsApp! Inscreva-se no canal do Terra
De acordo com informações do jornal Independent, a mulher de 63 anos foi ao consultório do Dr. Lucien Cox para um exame de rotina em setembro de 2021. Ao responder perguntas a um assistente durante a triagem, ela contou que passou por um aborto eletivo em 1987.
Após a ‘revelação’, o médico entrou na sala e passou a pressionar a paciente em busca de mais detalhes do caso. Neste momento, ele questionou se a mulher “tinha Jesus em sua vida”.
Ao ouvir que ela não era religiosa, Cox perguntou se a mulher queria “ir para o céu e evitar o diabo” e afirmou que “o diabo estava governando o mundo”. Segundo a paciente, o médico passou os 15 minutos seguintes tentando convertê-la e a convidou para participar de uma aula sobre “estudo da Bíblia”, em que ele diz oferecer “aconselhamento para mulheres que sofrem de culpa após um aborto”
Depois do discurso religioso, o médico chamou o assistente de volta para a sala e realizou um exame pélvico e de papanicolau.
A paciente, então, denunciou a conduta do profissional aos reguladores estaduais. Os agentes realizaram uma investigação e descobriram outra denúncia contra Cox. No processo anterior, uma mulher de 42 anos o acusou de "tentar examinar [seu] útero pelo reto sem primeiro avisá-la", em 2014. Na ocasião, os policiais chegaram a ser acionados, mas nenhuma acusação criminal foi registrada.
O processo que retirou a licença de Cox cita conduta antiprofissional e negligência grave. Ao Independent, Peter Osinoff, advogado do médico, negou as acusações e disse que apenas “aconselhou a paciente sobre um programa de estudo da Bíblia que ela poderia achar útil”.
O responsável pela defesa do médico também afirmou que ele não teria perdido a licença, caso tivesse recorrido a um tribunal: “Em vez de prosseguir para uma audiência custosa, o Dr. Cox decidiu abrir mão de sua licença, pois havia fechado seu consultório e estava planejando se aposentar da prática da medicina há algum tempo”.
Quanto à acusação anterior, o advogado também negou que Cox tivesse tentado examinar a paciente sem avisá-la e reforçou que ele “prestou excelente atendimento a milhares de pacientes na comunidade de Los Angeles”.