Greenwald: o grande objetivo da NSA é a espionagem econômica

O grande objetivo da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (National Security Agency, NSA) é a espionagem econômica. A conclusão é do jornalista Glenn Greenwald, cujo trabalho junto ao ex-funcionário da agência Edward Snowden resultou em reportagens que denunciaram os controversos métodos de investigação da inteligência americana.

"A maior parte da espionagem (...) evidencia que a intenção dos EUA era de interceptar todas as informações da internet, e não só comunicações de terroristas", afirma Greenwald em entrevista ao jornal Zero Hora. "Também está claro que um grande objetivo da NSA era de fazer espionagem econômica. Eles não interceptariam também ligações da (presidente) Dilma Rousseff ou da (chanceler alemã) Angela Merkel por causa de terrorismo, nem da Petrobras.

Notícias relacionadas

EUA: Câmara dos Representantes aprova reforma da NSA

NSA nega Snowden e diz que não coleta fotos de americanos

NSA usa dados recolhidos na Alemanha para matar terroristas

O jornalista, que acaba de escrever o livro "Sem lugar para se esconder" ("No place to hide"), elogia o contexto cultural e político do Brasil, considerando-o propício para um eventual asilo de Snowden. "Ele gosta muito do clima político e da cultura brasileira, ele vê aqui muita liberdade, muita diversidade. E o mais importante é a forma como o país reagiu a essas revelações sobre as escutas", disse, em referência à decisão de Dilma de cancelar um encontro marcado com o presidente americano, Barack Obama.

Ainda assim, para Greewald, a decisão brasileira de conceder ou não asilo a Snowden em um eventual pedido é o que determinará o qual livre é o País em relação os Estados Unidos. "A questão é se o governo brasileiro é independente, mesmo. O que a Dilma fez foi muito importante, ao cancelar a viagem aos EUA e, mais do que isso, ao fazer o discurso na ONU (Organização das Nações Unidas) denunciando a espionagem americana. Mas a questão do asilo mostrará se o Brasil tem medo dos Estados Unidos."

O jornalista considera que o Brasil, na condição de beneficiado pelas revelações de Snowden, deveria ajudá-lo. "Considero muito claro que qualquer país que foi beneficiado pelas revelações de Snowden deve proteger os direitos humanos dele, concedendo asilo. A única razão para o governo brasileiro não fazer isso é a possibilidade de ter medo de que os EUA não vão gostar."