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Estados Unidos

Hillary surpreende com ataque precoce a altos salários de executivos

13 abr 2015 - 21h23
(atualizado às 21h23)
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Hillary Clinton, pressionada pela ala esquerdista do Partido Democrata a ingressar numa campanha mais agressiva contra a desigualdade de renda, disse num e-mail enviado a apoiadores que está preocupada com os gordos salários recebidos por executivos de grandes corporações.

A ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton durante entrevista coletiva em Nova York. 10/03/2015
A ex-secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton durante entrevista coletiva em Nova York. 10/03/2015
Foto: Mike Segar / Reuters

Assumindo um tom mais populista, Hillary, que fez no domingo o anúncio formal de sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos em 2016, disse que as famílias norte-americanas ainda enfrentavam dificuldades financeiras, enquanto "o presidente-executivo ganha, em média, 300 vezes mais do que a média do trabalhador".

Num início de campanha cuidadosamente planejado e com poucas surpresas, os comentários soaram inesperados, pelo menos aos progressistas, que os consideraram um sinal precoce de que Hillary pode tentar se afastar de políticas econômicas mais ao centro, semelhantes às buscadas pelo seu marido, o ex-presidente Bill Clinton.

"Eu definitivamente vejo um empurrão da ala esquerda, o que eu acho ótimo", disse Jared Milrad, um apoiador de Hillary que aparece num vídeo de lançamento da campanha da democrata à Presidência.

Milrad disse considerar a retórica populista um sinal de que Hillary "tem escutado" seus apoiadores, tais como ele próprio, que desejam a adoção das políticas econômicas defendidas pela senadora Elizabeth Warren, uma heroína dos democratas liberais que é a favor de uma maior regulação dos grandes bancos e do fortalecimento da rede de segurança social.

DISTÂNCIA MAIOR ENTRE SALÁRIOS

O entusiasmo de alguns progressistas é ponderado pelo fato de que eles ainda não conhecem os detalhes das propostas políticas de Hillary Clinton.

"Até agora não sabemos muita coisa", disse Zephyr Teachout, ex-candidato ao governo de Nova York. "Espero que Hillary esclareça quais são seus fundamentos sobre essas questões."

O presidente internacional do sindicato de trabalhadores da siderúrgica United Steel, Leo Gerard, também fez ressalvas.

"Acho que é muito cedo para fazer qualquer juízo sobre o que eu chamaria de um comunicado de lançamento muito breve, e vamos ver o que acontece à medida que avancemos", disse Gerard a repórteres numa conferência da BlueGreen Alliance, uma coalizão de grandes sindicatos e grupos ambientalistas.

A distância entre os salários dos presidentes-executivos de grandes corporações e dos trabalhadores aumentou vertiginosamente ao longo das últimas décadas.

Em 1965, um presidente-executivo ganhava cerca de 20 vezes mais o que um típico assalariado ganhava, de acordo com uma pesquisa do Instituto de Políticas Econômicas, um think tank liberal. Em 2013, a renda de um CEO era quase 300 vezes maior do que o salário de um trabalhador médio, segundo a mesma pesquisa.

A desigualdade econômica tem sido, há vários anos, um dos principais temas de campanha dos democratas, incluindo a vitoriosa campanha de Barack Obama à Presidência dos EUA.

Os parceiros de Hillary Clinton em Wall Street reagiram com tranquilidade ao serem questionados, nesta segunda-feira, sobre a promessa feita por ela de reduzir a desigualdade da classe média.

"Ela vai lidar com a desigualdade. O erro seria simplesmente assumir que isso é populista", disse Lynn Forester de Rothschild, presidente-executiva da empresa familiar de investimentos E.L. Rothschild e apoiadora de Hillary.

"Se as pessoas ricas não estão preocupadas com os níveis atuais de desigualdade de renda, então elas são estúpidas", disse ela.

(Reportagem adicional de Roberta Rampton, em Washington; e de Jonathan Allen, em Nova York)

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