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Imigração e multiculturalismo reforçam perfil democrata do Havaí

1 nov 2012 - 11h14
(atualizado em 5/11/2012 às 11h25)
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Cleide Klock
Direto de Honolulu

Além de ter praias que dispensam apresentações e clima tropical, com temperaturas que variam durante todo ano entre os 18ºC e os 30ºC, o Havaí está na metade do caminho para o Oriente. É o balneário preferido e centro de compras dos japoneses, chineses e coreanos. E também a terra escolhida por muitos deles para chamar de lar.

O Havaí é o único lugar dos Estados Unidos onde a população asiática já é maior, 38,8%, contra 24,7% de brancos
O Havaí é o único lugar dos Estados Unidos onde a população asiática já é maior, 38,8%, contra 24,7% de brancos
Foto: Cleide Klock / Especial para Terra

Mais sobre o Havaí

Raízes históricas do Estado

Um governo republicano em 50 anos

Pioneiro em seguro-saúde para todos

Defesa da cultura local e do meio-ambiente

O Estado é o único lugar dos Estados Unidos onde a população asiática já é maior, 38,8%, contra 24,7% de brancos, 10% de havaianos ou polinésios, 1,8% de negros, 1,2% de outras raças e 23,8% de pessoas de duas ou mais etnias misturadas. Esse mapa multicultural é um dos motivos que fazem com que o Estado apoie os democratas, partido que sempre levantou a bandeira dos imigrantes.

Apesar da promessa da campanha passada do presidente Barack Obama de fazer uma reforma no sistema imigratório ainda não ter saído do papel, e do número de deportações ser recorde nos últimos quatro anos, os republicanos têm uma política discriminatória em relação àqueles que vêm de outros países. "Eles sempre reforçaram a soberania dos brancos, a discriminação e a desigualdade contra os outros povos. E sempre só apoiaram a elite", explica o antropólogo e professor da Universidade do Havaí, Jonathan Okamura.

Asian Town
Como muitas das grandes cidades americanas, Honolulu também tem sua Chinatown, que fica nos arredores do centro financeiro da cidade. Mas os asiáticos não se limitam a este bairro. E, por mais que aos olhos do mundo a maioria dos imigrantes ilegais dos Estados Unidos seja de latinos, aqui é possível encontrar muitos asiáticos, a maioria chineses, mas muitos vietnamitas ou pessoas vindas de Laos, Camboja e Bangladesh nessas condições. Estima-se que um milhão de asiáticos estão sem documentação nos Estados Unidos.

Em uma enquete rápida é possível saber que o apoio aqui é em massa aos democratas, por terem uma política mais aberta e por também não fazerem tanta apologia a guerras. "Se eu quisesse ficar num lugar conservador, ficaria na China. Aqui no Havaí tudo é mais aberto, liberal e a gente também nota diferença depois que o presidente também é um democrata", diz a manicure chinesa Ioio, que mora no Havaí há sete anos.

Os brasileiros no Havaí
Não há um número exato, mas estima-se que cerca de 1.500 brasileiros morem no Havaí. Nuremberg Sant'Anna, presidente do Centro Cultural Brasileiro do Havaí, diz que "a maioria dos brasileiros são democratas por uma razão óbvia: o programa de reforma imigratória do partido é bem mais atrativo".

É difícil achar um brasileiro republicano. O normal é achar simpatizantes do presidente Obama. Como Willion Borges, que mora há mais de 25 anos no Estado e é conhecido por todos apenas como Brazil (com z).

Esse senhor descolado de 64 anos que carrega no nome o nosso país é encontrado frequentemente pelas ruas de Waikiki, a praia mais visitada das ilhas, com uma camiseta onde está escrito ObaMahalo. Explicando: uma junção de Obama+Mahalo, que, na língua havaiana, significa obrigado - a palavra é falada no dia a dia, no lugar do inglês thank you.

Foi Brazil quem fez a arte da camiseta, assim como adesivos e xícaras com os mesmos dizeres. Ele registrou a marca e vende pelas ruas da cidade. "Tenho três tipos de camisetas e adesivos. Estou agora fazendo bolas de basquete com a marca ObaMahalo e em breve terei pandeiros", diz ele, que além de ambulante, é músico de mão cheia e também toca num grupo de MPB chamado Bravaí (Brasil-Havaí).

"Eu encontrei Obama quando ele era ainda senador. Ele estava andando aqui em Honolulu, empurrando o carrinho com as filhas, falei com ele sem saber quem ele era, pois adoro crianças e gostei da maneira com que ele se relacionava com as filhas. E, mostrei pra ele naquela vez outros adesivos que fazia na época. Ele foi muito simpático. Quando descobri quem ele era, comecei a acompanhar o seu trabalho. Três dias depois que foi eleito resolvi homenageá-lo e fazer as camisetas", conta Brazil. Ele já fez mais de 500.

Autodidata na criação de marcas, Brazil já pensa na próxima. "Quero fazer algo relacionado com o SambaObama, pois acho que ele tem tudo a ver com o nosso país." Brazil também coleciona fotos e reportagens do presidente, e diz com orgulho que já mandou para o homem mais poderoso do mundo as camisetas e os adesivos que fez para homenageá-lo. "Já recebi várias cartas dele, agradecendo e dizendo que gostou muito". Ele diz também fazer suas próprias pesquisas de boca de urna. "Falo com muita gente todos os dias nas ruas e arrisco dizer que 70% das pessoas gostam dele, acho que 50% porque são do partido democrata, e os outros 20% porque o admiram como pessoa. Os japoneses adoram o Obama e eu que sou 300% carioca, digo que gosto do presidente tanto quanto gosto do Flamengo, meu time do coração". Andando pelas ruas de Waikiki com Brazil, logo vem alguém e o chama: "ObaMahalo".

Fonte: Especial para Terra
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