Investigadores buscam causa para queda de avião em San Francisco
Autoridades norte-americanas examinaram gravadores de informações de vôo e começaram a investigar a queda do Boeing 777 da Asiana Airlines, que pegou fogo após a aterrissar em San Francisco, matando duas estudantes chineses adolescentes e ferindo mais de 180 pessoas, disseram autoridades no domingo.
Ainda não há sinais sobre a causa do acidente, mas a Asiana praticamente já descartou a possibilidade de ter ocorrido uma falha mecânica. A companhia aérea se recusou a culpar o piloto ou a torre de controle de San Francisco.
O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB, na sigla em inglês), Eric Weiss, disse que as "caixas pretas" do avião - o gravador de voz da cabine do piloto e o gravador de dados do vôo - foram recuperadas e enviadas a Washington para análise. A Administração Federal de Aviação também está investigando, e a Asiana Airlines disse neste domingo que investigadores coreanos de acidentes estavam a caminho de San Francisco.
A Presidente da NTSB, Deborah Hersman, disse neste domingo que não há nenhum indicativo de ato criminoso, mas que ainda é muito cedo para determinar o que deu errado.
"Tudo ainda está sobre a mesa", disse ela durante ao canal televisivo NBC.
Durante os próximos dias, investigadores vão entrevistar os pilotos e observar os dados das caixas-pretas, equipamentos de radar e outras informações para determinar a causa do acidente, disse Hersman em uma entrevista à rede de televisão CNN. "É muito importante juntar todas as peças do quebra-cabeça", disse Hersman.
O avião estava vindo de Seul, quando testemunhas disseram que a cauda pareceu bater na área de aproximação de uma passarela que se projeta nas proximidades da Baía de San Francisco. Segundo uma testemunha, o avião parecia estar chegando muito baixo e muito rápido.
Fotos tiradas por sobreviventes mostraram passageiros correndo para longe do avião destruído. Uma espessa fumaça subia da fuselagem, e imagens de TV mostraram mais tarde o avião destruído e enegrecido pelo fogo. Grande parte de sua cobertura havia desaparecido.
Os danos causados ao interior do avião também foram extremos, disse Hersman à CNN. "Você pode ver a destruição da parte externa da aeronave, toda a área queimada, o dano à fuselagem externa", disse ela. "Mas o que você não pode ver é o dano interno. Esse foi realmente impressionante."
Fogo veio depois
As vítimas fatais do acidente foram identificadas como Ye Meng Yuan Jia e Wang Lin, duas estudantes chinesas de 16 anos de idade, disse a Asiana Airlines. Eles haviam sido acomodadas na parte traseira da aeronave, segundo autoridades do governo em Seul e da Asiana.
A queda do avião foi o primeiro acidente fatal envolvendo o Boeing 777, um jato popular de longo alcance em serviço desde 1995. Também foi o primeiro acidente fatal da aviação comercial nos Estados Unidos, desde que um avião regional, operado pela Colgan Air, caiu em Nova York em 2009.
Asiana disse neste domingo que o vôo, que teve origem em Xangai, transportava 291 passageiros e 16 tripulantes. Os passageiros incluíam 141 chineses, 77 sul-coreanos, 64 cidadãos norte-americanos, três índios, três canadenses, um francês, um vietnamita e um cidadão japonês.
Segundo Dale Carnes, vice-representante adjunto do Departamento de Bombeiros de San Francisco, 49 pessoas foram hospitalizadas com ferimentos graves. Outra 132 sofreram ferimentos moderados a leves.
Cinco pessoas estavam em estado grave no Hospital Geral de San Francisco, segundo a porta-voz Rachael Kagan. Ela disse que um total de 52 pessoas foram tratadas por queimaduras, fraturas e ferimentos internos. Três pessoas estavam em condições críticas no Hospital Stanford.
O sobrevivente Benjamin Levy disse à emissora NBC que acredita que o avião de Asiana se aproximava do aeroporto em uma altitude muito baixa.
"Eu conheço o aeroporto muito bem, então eu percebi que o cara estava voando um pouco baixo demais, rápido demais, e que de alguma forma ele não ia descer na pista a tempo, ele estava muito baixo... Ele acelerou um pouco e tentou subir novamente", disse ele em entrevista por telefone.
"Mas já era tarde demais, então nós atingimos a pista muito mal, e então começamos a subir para o ar novamente até que pousamos de novo, com muita força."
Levy disse que abriu uma porta de emergência e conduziu as pessoas para fora. "Nós conseguimos tirar quase todas as pessoas da traseira do avião", ele disse. "Quando chegamos lá fora, tinha um pouco de fumaça. Não havia fogo no momento. O fogo veio depois."
A Asiana, uma empresa aérea de pequeno porte da Coreia do Sul, teve outros dois acidentes fatais em sua história de 25 anos.