Os sequestradores do jornalista americano James Foley haviam pedido um resgate de 100 milhões de euros (R$ 227 milhões), declarou esta quinta-feira o GlobalPost, um dos sites para os quais ele trabalhava.
"O diretor-geral do GlobalPost, Philip Balboni, confirmou que o primeiro resgate exigido pelos sequestradores de James Foley foi de 100 milhões de euros", declarou à AFP um porta-voz do site americano.
O jornalista trabalhava para esta página informativa quando foi sequestrado em novembro de 2012 na Síria.
Na quarta, Balboni disse ter estado em contato, assim como a família de Foley, com os jihadistas do Estado Islâmico (EI), que, segundo ele, a princípio manifestaram a intenção de negociar a libertação do jornalista.
Mas as negociações jamais avançaram e os sequestradores ficaram em silêncio até que a família recebeu uma mensagem anunciando que haviam matado Foley.
EUA abrem investigação
O secretário de Justiça dos Estados Unidos, Eric Holder, anunciou nesta quinta-feira que seu departamento deu início a uma "investigação penal" para apurar o assassinato do jornalista americano James Foley, decapitado por um integrante do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Em entrevista coletiva em Washington, a qual era centrada na multa milionária imposta ao Bank of America por respaldar "hipotecas lixo", o procurador-geral assegurou que "o Departamento de Justiça está trabalhando ativamente para que se faça justiça neste caso".
"Temos uma investigação penal aberta", disse Holder perante a imprensa, depois que o presidente Barack Obama prometeu fazer "o necessário para que se faça justiça" pela morte de Foley, de 40 anos e que havia sido sequestrado na Síria em novembro de 2012.
"Os que tenham cometido tais atos têm que entender algo. Este Departamento de Justiça, este Departamento de Defesa, esta nação... Temos boa memória e nosso alcance é muito amplo. Não vamos esquecer o que ocorreu, e as pessoas (envolvidas) terão que prestar contas de uma maneira ou de outra", reiterou.
O procurador-geral, que assegurou que a justiça trabalhará "intensamente" para que os culpados paguem pelo ocorrido, também ofereceu suas condolências aos amigos e familiares do jornalista.
"Foi muito sofrido ver seus pais ontem, que mostraram uma compostura que, sobre minha perspectiva, é quase incompreensível. E meu coração está com eles", disse Holder em alusão à declaração pública que os dois fizeram na quarta-feira após o anúncio da veracidade do vídeo que mostrava como seu filho era decapitado.
"Ele era um jornalista e era um símbolo do que é correto sobre os Estados Unidos", acrescentou o procurador-geral a respeito do trabalho de Foley como jornalistas em zonas de risco.
No final de junho, os EUA lançaram uma operação na Síria para libertar reféns americanos nas mãos do grupo jihadista, mas a missão não teve êxito porque não acertou sua localização, revelou ontem o Departamento de Defesa.
O governo americano não precisou quantos reféns estariam na Síria e nem se Foley estava entre eles, mas os jornais "The Washington Post" e "The New York Times", com base em fontes oficiais, asseguraram que o jornalista teria sido um dos potenciais libertados nessa missão.
No vídeo publicado na última terça-feira pelos extremistas, Foley se despede de sua família e acusa aos EUA de ser o responsável por sua execução, em referência à recente intervenção no Iraque, onde o Pentágono há duas semanas realiza ataques "seletivos" sobre posições do EI no norte do país.
Com informações da EFE e AFP.
James Foley era americano e tinha 40 anos. Repórter experiente, cobriu o conflito na Líbia, antes de viajar para a Síria, onde trabalhou na revolta contra o regime de Bashar al-Assad para o site de informações americano GlobalPost, para a Agência France-Presse (AFP) e outros meios de comunicação. O jornalismo era para ele uma segunda carreira, uma vez que se inscreveu na Escola de Jornalismo da Northwestern University, aos 35 anos. Anteriormente, ele foi professor e ensinou detentos a ler e escrever em várias prisões
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O vídeo intitulado "Mensagem aos Estados Unidos", difundido na terça-feira na internet, o EI mostra um homem encapuzado e vestido de negro que, com uma faca, degola o jornalista americano James Foley, desaparecido desde 2012. As imagens foram declaradas como verdadeiras pela Casa Branca e os próprios pais de Foley disseram acreditar na veracidade do vídeo que foi lançado nas redes sociais pelos extremistas
Foto: Reuters
No vídeo de seu assassinato, James passa uma mensagem à família e relaciona sua iminente morte ao recente bombardeio americano no Iraque para combater o EI no norte do país. Evidentemente coagido, ele diz: "Peço aos meus amigos, família e amados que se manifestem contra os meus verdadeiros assassinos, o governo dos EUA, porque o que irá acontecer comigo é somente o resultado da complacência e da criminalidade deles"
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Em sua conta de Twitter, desatualizada desde 2012, quando foi sequestrado pelos extremistas islâmicos na Síria, Foley diz reporto do Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria. Um monte de perguntas, nenhuma resposta
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
A mãe e o irmão de James durante uma entrevista a um canal de TV americano, 2012 (foto).
Após as imagens divulgadas na internet do filho sendo decapitado, Diane Foley escreveu uma mensagem nas redes sociais dizendo ser muito orgulhosa de 'Jim'. "Ele percebeu que as histórias que ele queria contar eram as verdadeiras histórias, sobre a vida das pessoas, e ele via o jornalismo como uma maneira de dizer o que realmente acontece no mundo", contou em uma entrevista ao Columbia Journalism Review
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
A mãe do jornalista também pediu que os militantes libertem os outros reféns. "Como Jim, eles são inocentes. Eles não têm controle sobre a política do governo americano no Iraque, na Síria ou em qualquer lugar no mundo", escreveu
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O pai do jornalista, John, também declarou que, antes de sua fatídica viagem para a Síria, "Jim tinha dito que havia encontrado sua paixão"
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Foley trabalhou em todo o Oriente Médio, a serviço da publicação americana Global Post e outras empresas, como a agência de notícias francesa AFP
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
Ele cobriu a guerra na Líbia, quando ficou detido por mais de 40 dias. "Sou atraído pelo drama do conflito e por tentar expor estas histórias desconhecidas", disse ele à BBC em 2012
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
"Há violência extrema, mas há uma vontade de saber quem estas pessoas realmente são. E creio que isto é o que é realmente inspirador", disse Foley em uma entrevista antes de ser sequestrado, em novembro de 2012
Foto: Facebook/Find James Foley / Reprodução
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, expressou revolta com a decapitação de Foley por militantes islâmicos e prometeu que seu país irá fazer o que precisar para 'proteger seus cidadãos'
Foto: Reuters
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, repudiou o assassinato horripilante do jornalista James Foley, um crime abominável que ressalta a campanha de terror que o Estado Islâmico continua a levar adiante contra os povos do Iraque e da Síria
Foto: AFP
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