Jovem negro morto a tiros por policial é enterrado nos EUA
O pai de Michael Brown pediu calma após a morte de seu filho causar dias seguidos de protestos
Milhares de pessoas são aguardadas nesta segunda-feira no funeral público de Michael Brown, o jovem negro assassinado por um policial branco em Ferguson, Missouri, duas semanas depois da morte que provocou o retorno da tensão racial latente nos Estados Unidos.
Após vários dias de confrontos, a cerimônia fúnebre, com forte vigilância, deve começar às 10h (12h de Brasília) na igreja batista Friendly Temple Missionary, que tem capacidade para 5 mil pessoas.
O pai de Michael Brown pediu calma enquanto sua família, políticos e ativistas se reuniam para o funeral. O jovem de 18 anos será sepultado na presença da família no cemitério St. Peters de Saint Louis.
“Tudo o que eu quero é paz quando colocarmos nosso filho para descansar”, disse Michael Brown Sr. em um protesto contra a violência policial liderado por ele no domingo, ao lado do líder militante de direitos civis reverendo Al Sharpton.
“Por favor, isso é tudo o que peço”, disse ele a uma multidão de centenas de pessoas, incluindo os parentes de Trayvon Martin, adolescente da Flórida morto com um tiro na cabeça por um segurança em 2012.
Brown, que estava prestes a entrar para a faculdade, saiu desarmado de uma loja de bebidas de Ferguson, onde acabara de roubar um maço de cigarros, segundo a polícia, quando foi assassinado pelo oficial Darren Wilson.
A polícia alega que Brown tentou retirar a arma do policial, que então atirou contra o jovem. Mas testemunhas afirmam que a vítima estava com os braços para o alto.
Segundo a necropsia solicitada pela família pelo Departamento de Justiça americano, o jovem recebeu pelo menos seis tiros.
No domingo, em meio ao forte calor, 400 manifestantes se reuniram para recordar o jovem. Muitos vestiam camisas do movimento "Mãos para o alto, não atire". Estavam presentes os pais de Brown e o pai de Trayvon Martin, outro jovem negro morto em 2012 por um segurança na Flórida.
O funeral deve contar com a presença de várias personalidades, como o líder dos direitos civis Al Sharpton. A Casa Branca disse que enviaria três assessores presidenciais para o funeral em uma igreja batista de St. Louis, com expectativa de grande comparecimento público.
"Devemos transformar este momento em um movimento de busca de soluções, como administramos a agressividade policial ante o que são considerados crimes menores. Isto vai de Ferguson a Staten Island, Nova York", declarou o pastor negro no domingo à NBC.
Sharpton fez uma referência ao caso do outro negro, Eric Garner, pai de família, que morreu em 17 de julho depois de ser derrubado no chão e agredido por policiais em Staten Island quando resistiu à prisão. A morte provocou grande comoção em Nova York, onde milhares de pessoas protestaram no sábado, convocadas pela associação presidida por Sharpton.
Com informações da Reuters e AFP.