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Massacre em Charleston levanta debate sobre bandeira confederada nos EUA

22 jun 2015 - 06h11
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O massacre em Charleston, na Carolina do Sul, trouxe à tona novamente o debate sobre um símbolo que divide os Estados Unidos desde sua Guerra Civil: a bandeira confederada, história e identidade para uns e emblema racista para outros.

O controvertido símbolo dos estados separatistas tremula no Capitólio da Carolina do Sul desde 1962, içada ao calor do ressurgimento que viveu como símbolo político a partir dos anos 50, em pleno movimento pelos direitos civis.

Dias depois do assassinato de nove pessoas em uma histórica igreja da comunidade negra, sua presença no Parlamento estadual irrita, indigna e ofende várias pessoas.

Centenas de cidadãos marcharam no sábado em Charleston e na capital do estado, Columbia, para pedir à governadora, a republicana Nikki Haley, que retire a bandeira do Capitólio, debate que os legisladores só abordarão depois de passado um tempo de luto após a tragédia.

Há 15 anos, um protesto de 46 mil pessoas em Columbia conseguiu que a polêmica bandeira deixasse de estar no topo da cúpula do Capitólio e fosse transferida para os jardins do edifício, perto de um monumento à luta dos estados separatistas do sul na Guerra Civil dos EUA (1861-1865).

O autor confesso do massacre de Charleston, o jovem branco Dylann Roof, foi detido em um carro que tinha uma placa com a bandeira confederada e a imprensa já divulgou fotos nas quais posava com essa insígnia.

A bandeira confederada foi a única do Capitólio da Carolina do Sul que não foi colocada a meio mastro após o massacre, em claro contraste com os emblemas federal e estadual da cúpula do Parlamento.

Estas imagens "doem" em centenas de pessoas que saíram às ruas nos últimos dias para pedir que o estado siga o exemplo de outros vizinhos do sul e retire a insígnia de seu Capitólio.

Um desses estados foi a Flórida, sob o mandato do governador Jeb Bush, que agora, como pré-candidato à Casa Branca em 2016 e da mesma forma que todas seus concorrentes republicanos, se pronunciou com extrema cautela para não irritar o eleitorado conservador branco do sul.

"Nós agimos na Flórida, transferindo a bandeira para o museu onde pertence. Após um período de luto, haverá um debate entre os líderes estaduais sobre como a Carolina do Sul deve proceder, e tenho certeza de que (o estado) fará o correto", disse Bush em comunicado.

A frase "pertence ao museu" é exatamente a expressão com a qual o presidente Barack Obama sempre resumiu sua postura sobre a bandeira confederada. Inclusive após o massacre de Charleston, como lembrou seu porta-voz esta semana.

O debate sobre esta controvertida bandeira é um assunto tão incômodo para os pré-candidatos republicanos que um deles, o ex-governador de Arkansas, Mike Huckabee, se apressou a situar este tema fora do debate presidencial e defender que só o estado deve abordar a questão. Uma postura apoiada por seus concorrentes Marco Rubio e Ted Cruz.

O único líder republicano que se posicionou de maneira contundente contra a bandeira foi o candidato à presidência em 2012, Mitt Romney.

"Retirem a bandeira confederada do Capitólio da Carolina do Sul. Para muitos é um símbolo de ódio racial. Tirem ela dali em homenagem às vítimas de Charleston", escreveu ontem em sua conta no Twitter.

Seu comentário obteve o apoio de Obama, responsável pela sua derrota em 2012, que respondeu a essa mensagem com outro tweet: "Bom ponto, Mitt".

EFE   
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