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Estados Unidos

Noam Chomsky classifica de "medíocre" 1º mandato de Obama

4 set 2012 - 11h41
(atualizado às 11h43)
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EDUARDO ORBEA

Os democratas abrem nesta terça-feira em Charlotte, na Carolina do Norte, a convenção que vai oficializar a candidatura à reeleição de Barack Obama. Eleito em 2008, o atual presidente já não fala mais de esperança ou de mudança - marcas da sua primeira campanha. O discurso agora é mais pragmático, o que aumenta o ceticismo e a decepção de quem apostou nele há quatro anos. O linguista e filósofo Noam Chomsky não diz ser uma dessas pessoas, pois sempre viu o democrata com ceticismo. Mesmo assim, não poupa críticas: "em geral, seu mandato tem um desempenho bastante medíocre", disse, em entrevista ao Terra.

Para o intelectual Noam Chomsky, o primeiro mandado de Barack Obama decepcionou após tanta expectativa
Para o intelectual Noam Chomsky, o primeiro mandado de Barack Obama decepcionou após tanta expectativa
Foto: AP

Chomsky, que é um dos mais importantes intelectuais das ciências humanas nos dias de hoje, avaliou o mandato de Obama por telefone do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston. Conhecido por sua posição política de esquerda, Chomsky disse que nunca esperou muito do presidente americano - "sou um dos que foram cautelosos quando ele foi eleito", disse o linguista.

Não à euforia

"Lembro que escrevi uma coluna naqueles dias de euforia na qual argumentei que não se deve sucumbir a ilusões", disse Noam Chomsky. "Mas foi pior do que eu pensava. Os ataques (de Obama) às liberdades civis, por exemplo, foram além do que eu pensava, e realmente não entendo sua motivação", afirmou.

Para o intelectual, Obama "desenvolveu campanhas internacionais de assassinatos". "Ataques com drones (aviões não tripulados) muitas vezes são realizados e causam atrocidades alarmantes que, na verdade, contrariam os princípios da lei anglo-saxã que data do século XIII sobre a presunção da inocência, entre outras coisas", afirmou Chomsky.

Melhor, mas não o suficiente

Uma das conquistas de Obama foi a aprovação da histórica reforma de saúde, que estabelece um seguro obrigatório para todos os americanos, sob pena de multa para quem não adquirir o plano. A reforma também proíbe as seguradores de recusar um novo cliente por ter alguma condição médica pré-existente, prática muito comum entre essas empresas.

"Obama implementou um plano de reforma de saúde que é melhor do que o que tínhamos, mas de nenhuma maneira é o que deveria ser. Diz-se que ele foi freado no Congresso e pode ser que, em parte, seja isso, mas até certo ponto. Por exemplo, durante dois anos tivemos um Congresso sem obstáculos dos republicanos, mas não fizemos nada. Como se explica isso?", questionou Chomsky.

"A natureza de sua administração ficou muito clara nas primeiras semanas de seu governo", disse o intelectual. "O grande problema que (Obama) tinha era financeiro, a crise econômica, e teve que escolher a equipe econômica, mas essa equipe foi formada majoritariamente com as mesmas pessoas que haviam gerado a crise", afirmou. "Obama evitou gente muito qualificada para esses postos, como vários ganhadores do Prêmio Nobel, que foram muito críticos às medidas que levaram à crise", disse Chomsky.

Fonte: Terra
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