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Novo caso força EUA a repensar estratégia contra ebola

Mulher se infectou enquanto cuidava do liberiano Thomas Eric Duncan, que morreu na semana passada

13 out 2014 - 19h42
(atualizado às 21h35)
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<p class="text">Nina Pham cuidou de Duncan várias vezes durante o período em que ele permaneceu internado</p>
Nina Pham cuidou de Duncan várias vezes durante o período em que ele permaneceu internado
Foto: Facebook / Reprodução

Os Estados Unidos precisam repensar sua abordagem sobre o controle do ebola, depois que uma enfermeira se infectou com o vírus mortal, alertaram autoridades sanitárias nesta segunda-feira.

"Nós precisamos repensar a forma de abordar o controle da infecção por ebola porque mesmo uma única infecção é inaceitável", afirmou o diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Tom Frieden.

Frieden falou à imprensa um dia depois de o Texas Health Presbyterian Hospital Dallas anunciar que um dos membros de sua equipe contraiu ebola, o primeiro caso de infecção pela febre hemorrágica dentro do território americano.

No entanto, ele deu poucos detalhes sobre o que exatamente deveria ser mudado.

"O que nós vamos fazer nos próximos dias e semanas é aumentar os esforços em ensino, treinamento, alcance e suporte que oferecemos", afirmou Frieden.

Ele também disse que os especialistas ainda não sabem exatamente como a mulher se infectou enquanto cuidava do liberiano Thomas Eric Duncan, que morreu de ebola na semana passada e foi a primeira pessoa diagnosticada com ebola fora da África, onde contraiu o vírus antes de viajar para os Estados Unidos.

Segundo a emissora local WFAA, a mulher chama-se Nina Pham, tem 26 anos, e recentemente concluiu o curso de enfermagem na Texas Christian University.

Ela cuidou de Duncan várias vezes durante o período em que permaneceu internado e teve um longo contato com ele, mas teria usado equipamentos de segurança extra, que incluíram máscara, escudo facial, avental e luvas, de acordo com as diretrizes dos CDC, informaram fontes oficiais.

Duncan foi internado em 28 de setembro e morreu de ebola na quarta-feira passada.

Frieden disse que os funcionários dos CDC ainda estão fazendo entrevistas com outros trabalhadores sanitários do hospital para ver se mais alguém tem sintomas de ebola ou corre risco de infecção.

"Temos que considerar a possibilidade de que possam haver casos adicionais, particularmente entre funcionários da saúde", disse Frieden, acrescentando que "infelizmente não ficaria surpreso" em ver mais casos.

Um sindicato de enfermeiros, o National Nurses United, censurou os CDC no domingo e declarou que os hospitais precisam fornecer melhor proteção para os trabalhadores sanitários.

Exibindo cartazes com dizeres como "Parem de culpar os enfermeiros", os membros do grupo pediram, durante uma coletiva de imprensa, a adoção de um treinamento apropriado para lidar com o ebola e trajes especiais que protejam contra o vírus.

Um porta-voz do grupo declarou à AFP que os enfermeiros querem acesso aos trajes de proteção e que três quartos dos enfermeiros consultados disseram que não foram treinados por seus hospitais sobre como lidar com um caso de ebola.

No domingo, Frieden havia dito que uma "quebra de protocolo" foi a causa da infecção da mulher que ajudou a tratar de Duncan. Nesta segunda, ele se desculpou por parecer que culpou a mulher ao mencionar o lapso nos procedimentos de segurança.

"Alguns interpretaram como procurar uma falha no hospital ou nos trabalhadores de saúde, e eu lamento que esta tenha sido a impressão. Certamente, não foi minha intenção", declarou Frieden, dizendo aos jornalistas que se sentiu muito mal ao tomar conhecimento do caso.

"Todos nós temos que trabalhar juntos para fazer o possível para reduzir os riscos de que qualquer outro trabalhador de saúde seja infectado", prosseguiu.

O presidente americano, Barack Obama, encontrou-se nesta segunda-feira com membros de sua equipe de saúde pública e segurança doméstica para ser atualizado sobre a resposta ao diagnóstico do segundo caso de ebola no Texas.

Frieden afirmou que o mais recente caso no Texas "não muda o fato de que nós sabemos como o ebola se espalha. Não muda o fato de que nós sabemos como lidar com o ebola com segurança. Mas muda, substancialmente, a forma de abordá-lo", concluiu.

Desde o início do ano, a atual epidemia de ebola matou mais de 4.000 pessoas no oeste da África e a doença se espalha pelo contato direto com fluidos corporais.

Ao contrário do que aconteceu na Espanha com o cão Excalibur, pertencente a Tersa Romero, enfermeira internada com ebola em Madri, o cachorro de estimação da enfermeira americana não será sacrificado, informaram autoridades locais.

"A funcionária de saúde tinha um cão e nós queremos ter certeza de que responderemos apropriadamente", afirmou David Lakey, comissário do Departamento dos Serviços de Saúde do Estado do Texas.

"Sendo assim, estamos trabalhando duro para encontrar um local para cuidar do cão e onde possamos monitorá-lo adequadamente", acrescentou.

Em declarações ao jornal USA Today, o prefeito de Dallas, Mike Rawlings, também disse que o cão será poupado.

"O cão é muito importante para a paciente, então vamos mantê-lo em segurança", disse o prefeito, citado pelo jornal.

Especialistas afirmam que existe um risco de que os cães possam carregar o vírus mortal, mas não há evidências de que possam infectar seres humanos.

Foto: Arte Terra

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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