NY: corredores vão para local da largada e fazem "maratona social"

Allan Brito

Direto de Nova York

Ao longos dos últimos 40 anos, a ponte Verrazano se tornou um grande símbolo para o atletismo. É de lá que costumam largar mais de 40.000 corredores para a Maratona de Nova York. Neste ano, porém, a corrida foi cancelada por causa do furacão Sandy, o que gerou um novo movimento na ponte: milhares de atletas atravessaram a ponte e foram para Staten Island, o local mais destruído da cidade atualmente. Eles estão trabalhando como voluntários e fazendo uma verdadeira "maratona social" para ajudar quem precisa.

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Não é difícil encontrar os corredores pelas ruas de Staten Island: a maioria está com a camiseta laranja que seria usada na Maratona de Nova York. Vestidos assim, eles se encarregam de transportar rapidamente diversos objetos que estão em centros de doação espalhados pela cidade. São roupas, brinquedos, produtos de limpeza e até comida.

Ao contrário de vários turistas, que reclamaram bastante do cancelamento da corrida, os voluntários pouco se importaram com isso. Jon Bennilon, líder de um grupo com mais de 100 atletas, até entende as críticas, mas mantém o foco em ajudar as vítimas: "Foi uma decisão atrasada, mas era necessário fazer isso. Olhe para isso, não dá para fazer uma corrida com tudo isso aqui", apontou ele em direção ao local onde os moradores desabrigados iam em busca de roupas e comidas.

Já o treinador Dale Pine foi ainda mais contundente: "não é importante concordar ou não (com o cancelamento). Temos que ajudar e é isso que faremos", disse o líder do grupo Team One Spirit, antes de sair correndo com pressa para levar mais doações para casas destruídas pelo furacão. O grupo dele também está reunindo doações em dinheiro, com a meta de atingir US$ 18.000 (R$ 36.000)para as vítimas de Staten Island.

Velozes e bem preparados, os voluntários-atletas chegam e saem rapidamente dos centros de distribução. Eles estão aproveitando o condicionamento físico que treinaram por meses para obter. "Estamos fazendo um tipo de treino aqui. É um treino espiritual", comparou Jon, que estava em Midland Beach, onde está um dos principais centros de apoio à população local.

Já Jane Printsze saiu de Manhattan, área de Nova York que está em ordem após o furacão, para recolher lixo espalhado por causa do Sandy. "Eu vi no Facebook da NYRR (New York Road Runners, organizadora da maratona) que eles precisavam de voluntários e pensei 'em vez de correr, por que não ajudar?' Então vim", contou ela, com a mesma disposição de quem corre 42 km para completar uma maratona.