NY pagará US$ 40 mi em compensação aos "5 do Central Park"
A cidade de Nova York chegou a um acordo para compensar em US$ 40 milhões os homens conhecidos "Cinco do Central Park", condenados por um estupro em 1989, que não cometeram, e cujo caso se transformou em símbolo da discriminação racial da polícia e da Justiça nos Estados Unidos. O valor foi divulgado nesta sexta-feira pelo jornal The New York Times e outros veículos de comunicação, enquanto as autoridades confirmaram a existência de um acordo, mas não entraram em detalhes.
Há mais de uma década, os cinco rapazes processaram a cidade em US$250 milhões pela atuação da polícia e da Justiça que os levou à detenção e, posteriormente, à condenação. Kevin Richardson, Yusef Salaam, Raymond Santana, Antron McCray e Korey Wise - todos afroamericanos e latinos - passaram entre seis e 13 anos na prisão condenados pela agressão e estupro de Trisha Meili, uma mulher branca que praticava corrida no Central Park.
Os jovens, que tinham, na época, entre 14 e 16 anos, moravam no Harlem e passeavam quando a polícia os deteve. Foram obrigados a confessar o crime, levados a julgamento, e foram utilizadas como prova as gravações de declaração acusatória.
Em 2002, testes de DNA e outras evidências demonstraram que o autor do crime era Matías Reyes, um homem que já cumpria prisão perpétua desde 1989 por vários outros delitos, inclusive estupros, e que confessou ser o responsável e ter agido sozinho.
Se o valor da compensação for confirmado, cada um dos cinco receberia, aproximadamente, US$ 1 milhão por cada ano em que passaram na prisão, segundo The New York Times.
"Os Cinco do Central Park" acusavam a polícia e os promotores da cidade, entre outras autoridades, de conspirar contra eles por motivos raciais em um processo que a administração do prefeito anterior, Michael Bloomberg, lutou durante anos nos tribunais.
Agora, o novo governante de Nova York, o democrata Bill de Blasio, defendia um acordo para fechar o fato que passou de caso para ser lembrado sobre a violência que assolava a cidade no final dos anos 80 a um símbolo da discriminação racial por parte das autoridades.
O reverendo Al Sharpton, ativista dos direitos dos afro-americanos em Nova York, assegurou hoje no Twitter que o acordo alcançado é uma "enorme vitória".
Em 2004, Trisha Meili, a "corredora do Central Park" como ficou conhecida, e que só revelou seu nome nesta época, escreveu um livro (I Am the Central Park Jogger, sem tradução para o Brasil) contando como sobreviveu ao crime. Em 2012, o caso dos cinco virou filme (The Central Park Five) dirigido por Ken Burns.