O que está sendo feito para conter o vazamento de óleo?
1 mai2010 - 13h57
(atualizado às 13h58)
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Na sexta-feira, enquanto as primeiras manchas de óleo chegavam à costa da Louisiana e os primeiros pássaros eram limpos por voluntários, a BP marcou o fim de outra semana de fracasso na contenção da fonte do vazamento. Enquanto isso, investigações sobre a causa da explosão e do incêncio continuam. Aqui vai um compêndio sobre o que deu errado.
O que causou o vazamento? A plataforma petrolífera Deepwater Horizon, de propriedade da Transocean Inc. e sob contrato com a BP, explodiu e causou um incêndio em 20 de abril, afundando dois dias depois. A explosão feriu 17 trabalhadores da plataforma e outros 11 estão desaparecidos e dados como mortos. O poço tem vazado óleo desde então.
A causa da explosão é conhecida?
Não. Várias investigações foram abertas pela BP (anteriormente conhecida como British Petroleum) e diversas agências federais. Um possível suspeito: a empresa Halliburton. Um processo apresentado esta semana por um técnico ferido na plataforma diz que a Halliburton cimentou o poço de modo inadequado. A BP, que pagou milhões em multas por desastres de óleo ou gás nos últimos cinco anos é, em última instância, responsável por todo o custo do vazamento e sua limpeza, que até agora onera em US$ 7 milhões por dia a companhia.
Quanto óleo está vazando?
Difícil dizer. Relatórios iniciais não indicavam qualquer vazamento. Então, no domingo, funcionários da BP disseram que um cano próximo ao leito oceânico estava vazando a uma taxa de mil barris por dia, devido a dois rompimentos. Na noite de quarta-feira, autoridades da Guarda Costeira afirmaram ter encontrado um terceiro rompimento, aumentando o vazamento para cinco mil barris por dia. Se esse número estiver correto, o desastre equivaleria, em menos de dois meses, ao vazamento de 1989 da Exxon Valdez. Um funcionário da BP reconheceu na sexta-feira que todas as estimativas sobre o vazamento são "altamente imprecisas" e a secretária do Departamento de Segurança Doméstica dos EUA, Janet Napolitano, disse a repórteres que eles não deveriam se apegar a números exatos.
A BP fez algo para conter o vazamento de óleo?
A companhia despachou seis submarinos remotamente controlados ao leito oceânico para tentar fechar uma válvula chamada preventor de explosão, ou BOP na sigla em inglês. A válvula deveria ter fechado quando a plataforma explodiu, mas isso não ocorreu. Ninguém sabe por quê. Até agora, todas as tentativas de fechar o dispostivo falharam. Na sexta-feira, o secretário americano do Interior Ken Salazar disse que a BP deve "se esforçar mais, agilizar e ser mais inteligente para cumprir seu trabalho."
Isso poderia ter sido evitado?
Talvez. Segundo o Wall Street Journal, Noruega e Brasil exigem que plataformas marítimas tenham um dispositivo de desligamento controlado remotamente, chamado válvula acústica, que as equipes podem acionar de um navio para bloquear o fluxo de óleo. Mas o dispositivo não é obrigatório nos Estados Unidos. No entanto, o Wall Street Journal observou, ninguém sabe se o aparelho teria funcionado durante a explosão e o incêndio em Deepwater Horizon.
O vazamento pode piorar?
Sim. Torções no cano estão pressionando o fluxo, como apertar uma mangueira de jardim. O Mobile Press-Register obteve um relatório secreto do governo descrevendo preocupações de que a areia jorrando dos canos com o óleo estivesse erodindo as tubulações. O relatório disse que autoridades da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica temem que se o cano erodir demais, "o fluxo pode sair do controle, resultando num lançamento de volume de magnitude maior do que a anteriormente prevista."
Existem outras opções para bloquear o vazamento?
A BP vai tentar colocar cúpulas de metal de 100 toneladas sobre os vazamentos e canalizar o óleo para embarcações-tanque. A empresa também vai começar a perfurar o que é conhecido como "poço de alívio" na região, para interceptar o óleo e tapar o vazamento. Isso funcionou num recente vazamento de óleo na Austrália e também no segundo pior desastre marítimo da história, o vazamento da Ixtoc no México em 1979. O poço da Ixtoc vazou por nove meses até que dois poços de alívio fossem perfurados para diminuir a pressão e permitir que o vazamento pudesse ser tapado.
Qual o problema dessas opções? As cúpulas nunca foram testadas em águas mais profundas que 106 metros, por isso, ninguém sabe se elas vão funcionar. Prepará-las pode exigir pelo menos duas semanas. Quanto ao poço de alívio, ele não será concluído antes de três meses e, enquanto isso, um rio de óleo vai continuar vazando.