Obama pede que Congresso aumente teto de dívida para evitar caos financeiro
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta segunda-feira aos congressistas republicanos que atuem de "forma responsável" e autorizem aumentar o teto da dívida nacional, um assunto que considera não negociável para evitar o caos nos mercados financeiros ou uma nova recessão em 2013.
Durante sua última entrevista coletiva de seu primeiro mandato, convocada de surpresa, Obama deixou claro que não permitirá que os republicanos condicionem a elevação do teto da dívida de US$ 16,4 trilhões aos cortes nos gastos públicos.
"O teto da dívida não é uma questão de autorizar mais despesas (...) simplesmente permite que o país pague as despesas sobre as quais o Congresso já se comprometeu", explicou o líder, a seis dias de sua posse para um segundo mandato.
"Os republicanos no Congresso têm duas opções: podem agir de forma responsável e pagar suas contas, ou de forma irresponsável", ressaltou.
Os Estados Unidos não são uma nação "vagarosa", mas "as consequências de não pagar nossas faturas seriam desastrosas" e formariam uma "ferida autoinfligida na economia", advertiu.
Obama citou como exemplo a possível demora no desembolso das aposentadorias e em ajudas aos veteranos de guerras, ou a possibilidade de uma nova recessão.
No encontro, no qual respondeu sete perguntas, Obama defendeu um maior controle das armas de fogo e uma reforma migratória, mas se centrou nas batalhas políticas sobre o teto da dívida e cortes nos gastos públicos para reduzir o déficit.
Ao afirmar que os Estados Unidos não podem vagar de uma crise a outra, Obama reiterou que a redução do déficit não será conseguida unicamente através de cortes fiscais e que o Congresso deve buscar uma resposta "equilibrada" para o problema.
As declarações de Obama aumentam as pressões sobre o Congresso, que, antes de abril, terá sobre a mesa três assuntos decisivos para votação: evitar um atraso de pagamentos, negociar os cortes fiscais e aprovar os fundos para financiar as operações do governo depois do dia 27 de março.
O pacto fiscal que foi aprovado pelo Congresso no começo do mês, após duros confrontos com o governo, renovou de forma permanente os cortes de impostos instituídos durante o período de George W. Bush na presidência, mas postergou até março as negociações sobre os gastos públicos.
O Departamento do Tesouro notificou recentemente o Congresso de que tomaria "medidas extraordinárias" para evitar uma mora nas obrigações do governo, e rejeitou a ideia de cunhar uma moeda de platina de US$ 1 trilhão para autorizar novas despesas.
Segundo observadores, o diálogo pendente sobre o teto da dívida poderia renovar a batalha política de agosto de 2011 que contribuiu para que, pela primeira vez na história, a agência Standard & Poor's (S&P) diminuísse a qualificação da dívida americana de AAA para AA.
Nesse sentido, Obama disse hoje que os republicanos não devem brincar com o crédito dos EUA, e estes "devem decidir em breve porque o tempo está acabando". Porém, os líderes republicanos do Congresso deixaram claro que qualquer aumento no teto da dívida estará vinculado aos cortes fiscais.
O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, respondeu a Obama que "o povo americano não apoia aumentar o teto da dívida sem que os gastos públicos sejam reduzidos ao mesmo tempo" porque isso provocaria, segundo ele, a perda de empregos e "poria em risco o futuro da nação".
Por sua vez, o líder da minoria republicana do Senado, Mitch McConnell, disse que Obama e seus aliados "devem falar sério sobre as despesas, e o debate sobre a dívida é o momento perfeito".
Obama fez da defesa da classe média e o fortalecimento da economia a pedra fundamental de seu segundo mandato, mas também precisará do Congresso para a confirmação de vários novos cargos em seu Gabinete e, tal como repetiu hoje, o começo de uma reforma migratória e medidas contra a violência derivada das armas.