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Estados Unidos

Obama retoma defesa de causas minoritárias para tentar reeleição

3 set 2012 - 10h22
(atualizado às 10h37)
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O presidente Barack Obama deverá comover esta semana a base do Partido Democrata reassumindo a postura de defensor das minorias, dos direitos civis e sociais nos Estados Unidos, em um momento em que a oposição afirma que ele não merece a reeleição, acusado de fracassar na recuperação da economia. O Partido Democrata se reunirá a partir de terça-feira em Charlotte, Carolina do Norte, para celebrar a convenção nacional e investir, na quinta-feira, Obama como candidato para as eleições de 6 de novembro, nas quais terá o republicano Mitt Romney como adversário.

"A grande vantagem de Obama é que sua convenção acontecerá depois da republicana e pode ampliar seu próprio argumento", disse à AFP Larry Sabato, professor de Ciências Políticas na Universidade de Virginia. O encontro democrata acontece uma semana depois do evento republicano, celebrado em Tampa (Flórida), onde Romney, milionário ex-governador de Massachusetts, foi declarado oficialmente candidato.

"Mas, em contraste com os republicanos, o presidente também falará sobre outros temas como a imigração e o aborto", disse Sabato. "Se Obama ficar concentrado apenas na economia, tem grandes possibilidades de perder. Assim, tem que ampliar seu enfoque e incluir temas sociais", completou.

Quase 6 mil delegados se reunirão em Charlotte, cidade que já virou uma espécie de parque temático pró-Obama, com ativistas, conferências de grupos de defesa das políticas do presidente e, claro, estandes vender desde camisetas até molhos picantes com a imagem e o logo do primeiro presidente negro do país. "É uma honra representar os jovens que consideram que o presidente Obama se comprometeu para reconstruir o país que merecemos no futuro", disse à AFP Alejandra Salinas, presidente do College Democrats of America, o braço da juventude democrata.

Salinas, estudante de Direito de 22 anos, segunda geração de uma família mexicana do Texas, é "super delegada", título designado diretamente pelo partido e não eleito pelas bases. "Esta convenção representa uma dupla responsabilidade, porque como latina também estou aqui em nome dos hispânicos, que sabem que contamos com o presidente para outros quatro anos", disse Salinas.

Líderes políticos e estrelas: Obama busca a sua
Nesta segunda-feira, feriado nos Estados Unidos (Dia do Trabalho), as ruas do centro de Charlotte devem lotar com uma apresentação do cantor James Taylor, a presença do ator Jeff Bridges, além de milhares de simpatizantes do partido. Entre terça-feira e quinta-feira, políticos famosos farão discursos na Time Warner Arena. Charlotte, cidade de 750.000 habitantes, recebe seguidores de Obama de todas as partes do país, além de 15.000 jornalistas credenciados.

O ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) será homenageado pelos democratas de seu Estado, Arkansas, na terça-feira em uma festa privada, com ingresso a US$ 150 dólares, além das presenças da atriz Ashley Judd e do músico Will.I.Am, da banda Black Eyed Peas. No dia seguinte, Clinton discursará na convenção.

Como Ann Romney em Tampa, a primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, tentará na terça-feira apresentar uma imagem menos política do marido em um discurso, antes da apresentação de Julián Castro, prefeito da cidade de San Antonio, que será o primeiro latino a fazer o discurso principal de um dia da convenção. Na quarta-feira, a primeira-dama se reunirá com o grupo de delegados latinos do partido, em um sinal da grande importância que a campanha de Obama dá a uma aproximação desta comunidade chave para vencer a eleição e que, segundo as pesquisas, apoia o presidente por ampla maioria.

Analistas e assessores do partido reconhecem que será difícil recriar o mesmo entusiasmo de 2008, quando chegavam ao fim os oito anos do republicano George W. Bush no poder, em meio a uma crise financeira cujas consequências ainda não foram superadas. O maior obstáculo do democrata é o índice de desemprego, que não consegue baixar dos 8%, contra 5% de média antes da crise.

Assim, Obama tem que defender sua luta pelas mudanças: a histórica reforma do sistema de saúde, a ordem para acabar com a restrição que obrigava os homossexuais a esconder a opção sexual nas Forças Armadas, a retirada do Iraque e a morte do líder da Al-Qaeda, Osama Bin Laden. Obama insistirá no plano para elevar os impostos aos ricos e na manutenção do sistema de saúde para os idosos, além de demonstrar mais sensibilidade com a classe média que Romney, mas não será fácil retomar o entusiasmo provocado pela slogan de "mudança" que em 2008 o transformou em super-herói. Em 2012, sem o mesmo encanto, o democrata aposta na continuidade de seu trabalho.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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