Ônibus oferece banho a sem-teto em São Francisco
Cidade tem cerca de sete mil sem-teto, sem acesso à higiene básica
Sem ter onde morar, os sem-teto normalmente enfrentam uma dificuldade constante: não têm onde tomar banho. Uma iniciativa inovadora em San Francisco, nos Estados Unidos, busca dar uma solução para este problema ao oferecer um banheiro completo para a população de rua dentro de um ônibus.
O projeto "Lava Mae" foi criado pela executiva de marketing Doenice Sandoval, que venceu um concurso do Google, o "Global Impact Challenge" (Desafio do Impacto Global, em inglês). Ela ganhou um prêmio de US$ 100 mil (R$250 mil) para colocar a ideia em prática. "Estamos oferecendo higiene móvel mas também se trata de resgatar dignididade e humanidade", diz Sandoval. "Esperamos, assim, eliminar obstáculos para oportunidades como participar de uma entrevista de emprego ou buscar uma moradia, o que é muito difícil de fazer se você não consegue se limpar."
Inspiração
O ônibus é equipado com dois banheiros, cada um deles com um chuveiro, uma privada, uma pia e um espaço para trocar de roupa. Ambos são adaptados para pessoas com deficiências físicas.
A inspiração de Sandoval veio de um dia em que ela se deparou com uma moradora de rua que chorava, porque "nunca conseguiria ficar limpa". Decidiu, então, bolar uma forma de permitir que os cerca de 7 mil sem-teto de San Francisco pudessem ter acesso a higiene básica.
O ônibus circula por áreas da cidade com alta concentração de sem-teto durante quatro dias da semana. "Temos visto muitas famílias, que vêm aqui com crianças pequenas", explica Sandoval.
Ampliação
Ela espera ter quatro ônibus em funcionamento dentro de um ano e diz que recebeu mensagens de pessoas de todo o mundo interessadas em replicar o modelo.
O projeto foi implantado em meio a um debate na cidade sobre o impacto das empresas de tecnologia do Vale do Silício sobre o mercado imobiliário local, que presenciou uma explosão no preço dos aluguéis nos últimos dois anos.
Grandes empresas, como Google, Facebook e Twitter, foram acusadas de não contribuir para reduzir a população de rua de São Francisco.
"Algumas empresas, como o Google, estão tentando ajudar e gerar um impacto nas comunidades em que estão inseridas", diz Sandoval. "É um trabalho complexo. Não as invejo por isso".