Pai de atirador de Orlando critica filho, mas defende 'justiça divina' para gays
O pai de Omar Mateen, atirador responsável pelo mais letal tiroteio em massa da história dos Estados Unidos, fez um controverso pronunciamento para condenar a atitude do filho.
Em um vídeo publicado nesta segunda-feira em sua página no Facebook - gravado em dari, um dos idiomas falados no Afeganistão, seu país de origem - Seddique Mateen criticou Omar pelo assassinato de 49 pessoas em uma boate gay de Orlando, na Flórida.
O motivo: acreditar que seu filho interferiu na justiça divina, que, a seu ver, é que deve punir a homossexualidade.
"Deus é quem vai punir aqueles que se envolvem com a homossexualidade. Isso (a punição) não é para os servos de Deus", disse Seddique no vídeo, que pareceu endereçado especificamente à comunidade afegã nos EUA.
O pai manifestou surpresa pela atitude de Omar, a quem descreveu como "um bom filho, um filho educado, mas com rancor no coração".
"Ele tinha mulher e filho e respeito por seus pais. Não sei o que o levou a atirar. Estou profundamente triste", disse o pai, ressaltando ainda que Omar perpetrou a chacina em meio ao Ramadã, o período sagrado mais importante do calendário muçulmano.
Segundo o jornal americano Washington Post, autoridades no Afeganistão estão investigando a história da família Mateen.
Elas não souberam dizer, por exemplo, quando Seddique foi para os EUA (Omar nasceu em Nova York), mas acreditam que ele faça parte do contingente de milhões de afegãos que emigraram a partir de 1979, quando a antiga União Soviética invadiu o país.
Seddique também despertou a atenção das autoridades americanas depois que veio à tona um vídeo em que ele exalta o Talebã, movimento político fundamentalista muçulmano que age no Afeganistão e no Paquistão.
Ele era apresentador de um programa de TV veiculado em um canal de TV a cabo nos EUA. Em 2014, conseguiu uma entrevista com o presidente afegão, Ashraf Ghani.
Em diversos vídeos publicados no YouTube, o pai do atirador discute assuntos regionais, como disputas fronteriças entre o Afeganistão e o Paquistão. Em um deles, manifesta aprovar atividades do Talebã em sua insurgência contra o governo afegão - descreve os militantes do grupo como "irmãos".
Em seu programa de TV, Seddique chegou a anunciar uma candidatura à presidência afegã, ainda que um ano depois das eleições.
A BBC apurou, porém, que seus vídeos são motivos de piada em seu país natal - ele é visto como um excêntrico.