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Estados Unidos

"Palestinos não tem interesse na paz", diz Romney em vídeo

18 set 2012 - 12h47
(atualizado às 13h14)
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O candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, Mitt Romney, afirmou em uma reunião com doadores do partido em maio que os palestinos "não têm absolutamente interesse algum" pela paz com Israel e que se for eleito, simplesmente abandonará o tema, segundo um vídeo divulgado nesta terça-feira.

Cabisbaixo, Romney conversa com repórteres após a divulgação do vídeo polêmico, em Costa Mesa, Califórnia
Cabisbaixo, Romney conversa com repórteres após a divulgação do vídeo polêmico, em Costa Mesa, Califórnia
Foto: AP

Romney já enfrenta muitas críticas por outros comentários feitos no mesmo encontro para arrecadar fundos, captados com uma câmera escondida, de que os eleitores democratas se consideram "vítimas" e acreditam que o governo "tem responsabilidade de cuidar deles, que têm direito a tratamento de saúde, a comida, casa".

A revista Mother Jones divulgou nesta terça-feira novos trechos do discurso de Romney no evento da Flórida (que teve o custo de US$ 50 mil por participante), nos quais ele fala de política internacional, particularmente sobre o conflito entre israelenses e palestinos.

As capacidades de Romney como eventual comandante-em-chefe das Forças Armadas americanas estão sendo avaliadas desde que ele foi amplamente condenado por criticar o presidente Barack Obama logo depois do ataque ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi (Líbia), no qual morreram o embaixador e outros três funcionários americanos.

Perguntado no evento se "o problema palestino" poderia ser superado, o candidato republicano respondeu que os palestinos "não têm absolutamente interesse algum pela paz" e que "o caminho para a paz é quase impensável".Sem uma análise sobre as diferentes tendências palestinas, as observações do republicano parecem descartar a possibilidade de que os líderes palestinos desejem a paz com Israel.

"Não acho que os palestinos queiram a paz (...), estando comprometidos, por razões políticas, com a destruição e a eliminação de Israel; digo que estes temas difíceis praticamente não têm solução", afirma Romney no vídeo.

"Você administra as coisas da melhor maneira possível. Você espera alguma estabilidade, mas reconhece que isto continuará sendo um problema sem solução e o deixa mais para frente, à espera de que finalmente, de um modo ou de outro, aconteça algo que resolva", disse. Desde o início da campanha, Romney expressa lealdade e apoio a Israel. Ele acusa o presidente Obama de ter abandonado o aliado.

No vídeo, o candidato republicano afirma que "a ideia de pressionar os israelenses para que deem algo aos palestinos em troca de alguns gestos é a pior ideia do mundo". Romney já havia provocado a revolta dos palestinos durante uma visita a Jerusalém em julho.

Os palestinos ficaram indignados particularmente com declarações do candidato republicano consideradas racistas, quando ele afirmou que a diferença de desenvolvimento econômico entre palestinos e israelenses é motivada por "diferenças culturais". Também provocou revolta a observação de que Jerusalém é a "capital de Israel", já que os palestinos desejam que a cidade também seja a capital de seu futuro Estado.

O candidato republicano tem criticado acidamente o rival, ao qual atribui uma "concepção extraordinariamente ingênua" da política externa, por acreditar que seu "magnetismo, carisma" e "persuasão" podem convencer o presidente russo, Vladimir Putin, o venezuelano Hugo Chávez e o iraniano Mahmud Ahmadinejad a parar de fazer coisas ruins.

A equipe de campanha democrata não escondeu a satisfação na segunda-feira com a divulgação dos primeiros trechos do discurso de Romney, nos quais ele afirma que 47% do povo americano votará no presidente em qualquer circunstância e que ele não pode se preocupar com esses eleitores.

"É difícil atuar como presidente de todos os americanos quando se despreza metade da nação", destacou em um comunicado o diretor de campanha de Obama, Jim Messina. Romney concederá nesta terça-feira uma entrevista coletiva organizada às pressas em Los Angeles para tentar conter o escândalo provocado por suas observações "improvisadas" que, segundo disse, "não foram elegantemente comunicadas".

Após as convenções partidárias, as pesquisas não param de apontar o aumento da vantagem do presidente Obama nas intenções de voto.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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