Peruana esposa de eleitor de Trump é detida por agentes de imigração nos EUA: ‘Não sabia como as coisas aconteciam’
Latina Camila Muñoz está detida deste fevereiro, quando foi abordada por agentes de imigração do aeroporto quando voltava de lua de mel
Ao votar em Donald Trump, o americano Bradley Bartell não imaginou que sua esposa, a peruana Camila Muñoz, pudesse ser detida por agentes de imigrações e estivesse sob o risco de ser deportada. O pedido dela para visto estava em análise com o governo dos Estados Unidos, mas, agora, não se sabe o futuro do casal.
Eles se conheceram por meio de amigos na cidade norte-americana Wisconsin Dells e tiveram um primeiro encontro em uma churrascaria local. Os dois se casaram depois de dois anos de relacionamento e estavam economizando para comprar uma casa e ter filhos. Camila já estava cuidando do filho de Bartell, agora com 12 anos, como se fosse seu.
No entanto, a história de amor dos dois foi interrompida em fevereiro, quando estavam a caminho de casa, depois da lua de mel em Porto Rico. No aeroporto, um agente da imigração puxou a latina de lado e perguntou: "Você é cidadã americana?". Ela respondeu que não, mas que junto de seu marido, já tinha tomado as medidas legais para que pudesse obter a cidadania americana.
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Bartell e Camila usaram suas alianças de casamento no voo de volta para casa, seguros de que o governo dos EUA sabia que eles já tinham dado entrada no green card. Embora tivesse ultrapassado o prazo do visto original, o casal não viu problema já que estavam pagando seus impostos e estavam em avaliação.
Mas, na prática, isso não ocorreu. Antes que os agentes a levassem embora, a esposa do americano tirou a aliança, com medo de que o item pudesse ser confiscado, e colocou na mochila, entregue ao marido. Ele tremeu enquanto a observava desaparecer e pensou: "Que p*rra eu faço agora?"
Milhões de americanos, assim como Bartell, votaram na promessa de que o presidente Donald Trump iria reprimir "imigrantes ilegais criminosos". Mas, oito semanas depois, o esforço de deportação em massa se expandiu para incluir aqueles cujo pedido de status legal no país está sob análise. Até mesmo aqueles casados ou noivos de cidadãos americanos estão sendo detidos pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, sigla em inglês).
Ao site USA Today, o advogado de Caima, David Rozas, afirmou que “qualquer pessoa que não seja residente permanente legal ou cidadão americano está em risco – ponto final”.
A peruana estava desde 2019 nos EUA, quando se candidatou para um programa de trabalho e estudo, enquanto fazia faculdade de Gestão de Recursos Humanos em seu país de origem. Na época, ela conseguiu o visto americano e um emprego pegando toalhas em um dos parques aquáticos de Wisconsin Dells. Quando ocorreu a pandemia da covid-19 e as fronteiras foram fechadas, ela não conseguiu voltar para o Peru e ficou além do prazo de sua permissão.
Demorou quase uma semana até que seu nome aparecesse no sistema do ICE, e o marido descobrisse que ela estava no em um centro de detenção de Louisiana. Eles somente conseguiram conversar por vídeo chamada, quando Camila usava um uniforme bege, refletindo sua falta de antecedentes criminais.
Ela está em um dormitório com outras 80 mulheres. Bartell se preocupa com sua esposa. "Emocionalmente, estou preocupado com ela. Não deve ser fácil ficar preso em uma sala com outras 100 pessoas. Eles não têm nada lá. É um desperdício”, desabafou ao USA Today.
A latina, mesmo não sabendo o que pode acontecer, preocupa-se com o marido e com o filho dele. O dinheiro que o casal economizou para dar de entrada em uma casa se transformou em honorários advocatícios e economias para pagar uma fiança pela libertação dela, se ela tiver essa oportunidade. Ambos têm pensado muito sobre o voto de Bartell em Trump.
"Eu sabia que eles estavam reprimindo, mas acho que não sabia como as coisas estavam acontecendo”, desabafou o americano. Ele imaginou que o governo teria como alvo pessoas que cruzassem a fronteira e não fossem investigadas. No entanto, ele afirma que o governo sabe quem sua esposa é e onde ela mora. "Eles precisam fazer a verificação e não manter essas pessoas presas. Não faz sentido algum”, finaliza.