Polícia americana investiga ataque no Texas
A polícia americana e o FBI investigavam nesta segunda-feira se os dois homens mortos no domingo, após abrirem fogo perto de um centro de convenções no Texas onde acontecia um concurso de caricaturas do profeta Maomé, tinham ligações com redes islamitas e se estavam sob vigilância.
O ataque não foi reivindicado até o momento, mas recorda o atentado de janeiro, em Paris, contra a revista satírica Charlie Hebdo, que publicou diversas vezes charges do profeta Maomé. Doze pessoas morreram na ocasião.
Um porta-voz da polícia de Garland, Joe Harn, declarou nesta segunda-feira que os dois homens fortemente armados "obviamente estavam preparados para disparar contra pessoas", mas foram abatidos por um agente que fazia a guarda do local.
"Seguiremos investigando. Esta não será uma investigação rápida. Temos suspeitos. Seguimos observando as redes sociais e juntando as informações para garantir que não há novas ameaças", comentou.
Harn acrescentou que ainda "não temos certeza das intenções (dos agressores), mas apenas que estavam dispostos a usar suas armas e disparar contra a polícia".
Os dois homens se aproximaram de carro do estacionamento do Centro Curtis Culwell da cidade de Garland, perto de Dallas, onde quase 200 pessoas assistiam ao evento, que os organizadores promoveram como um acontecimento a favor da liberdade de expressão.
Os dois abriram fogo contra um segurança. Dois policiais que estavam na equipe de proteção do evento mataram os atiradores, segundo a prefeitura de Garland.
O segurança foi atingido por um tiro no tornozelo e já recebeu alta do hospital.
Segundo a polícia local, o tiroteio durou poucos segundos.
A Casa Branca reagiu ao ataque, considerando que "nenhuma forma de expressão justifica um ato de violência", segundo Josh Earnest, porta-voz da presidência, que se recusou a se pronunciar sobre a investigação em curso.
De acordo com a organização SITE, que monitora as comunicações de combatentes e grupos jihadistas, um homem reivindicou o ataque em uma conta do Twitter relacionada com a organização Estado Islâmico (EI). A pessoa escreveu que o ato foi executado por simpatizantes do grupo radical.
"Dois de nossos irmãos abriram fogo contra a exposição artística do profeta Maomé no Texas", afirma a mensagem de um homem que se identifica na rede como Abu Hussain al-Britani.
De acordo com o SITE este é o nome de combate do jihadista britânico do EI Junaid Hussain.
Uma conta do Twitter que pode ter sido utilizada por um dos atiradores parece ter feito referência ao ataque antes do ocorrido. A conta foi suspensa depois pela rede social.
A associação American Freedom Defense Initiative, organizadora do concurso de caricaturas, havia convidado para discursar no evento o líder da direita holandesa Geert Wilders.
"Estou comovido. Eu acabara de falar por uma hora e e meia sobre as caricaturas, o Islã e a liberdade de expressão e acabava de deixar o local", afirmou Wilders em e-mail enviado à AFP.
"Espero que o guarda esteja bem", completou.
O líder do Partido Pela Liberdade (PVV) afirmou esperar que o ataque não tenha relação com "a lista da Al-Qaeda na qual eu sou como o Charb, do Charlie Hebdo, Lars Vilks e Kurt Westergard".
Ele fazia referência ao chargista francês Charb, morto no atentado jihadista contra a revista Charlie Hebdo. O sueco Lars Vilks e o dinamarquês Kurt Westergard foram ameaçados de morte depois que fizeram caricaturas de Maomé.
Em Garland, uma equipe do esquadrão antibombas entrou na área do incidente por suspeitar da possibilidade de explosivos no veículo dos atiradores.
Pamela Geller, uma das organizadoras do concurso, afirmou que os tiros "são uma demonstração de uma guerra contra a liberdade de expressão".
"A guerra está aqui", completou, enfática, a diretora da 'American Freedom Defense Initiative', organização conhecida por suas posições pelo que chama de islamização dos Estados Unidos, que oferecia uma prêmio de 10.000 dólares para a melhor caricatura do concurso.
Muitos muçulmanos consideram ofensivo o ato de elaborar charges de Maomé. Em 2005 a publicação de desenhos satíricos do Profeta no jornal dinamarquês Jyllands-Posten provocou uma onda de protestos no mundo islâmico.
Charges de Maomé também foram publicadas na revista satírica francesa Charlie Hebdo, que teve a sede em Paris atacada em janeiro por atiradores, que mataram 12 pessoas, incluindo cinco chargistas.