Romney não sustenta vantagem obtida após convenção republicana
3 set2012 - 14h37
(atualizado às 16h40)
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Ligia Hougland
Direto de Washington
A leve vantagem que Mitt Romney teve sobre Barack Obama nas pesquisas realizadas logo após o encerramento da Convenção Nacional Republicana, na quinta passada, não durou muito. Uma pesquisa do Gallup divulgada nesta segunda indica que 40% dos americanos disseram que a convenção em Tampa aumentou a chance de eles votarem no republicano. Só que uma porcentagem quase igual(38%) disse que o evento diminuiu a probabilidade de escolherem Romney para ocupar a Casa Branca.
Desde 1984, o Gallup pergunta aos eleitores sobre a probabilidade de os americanos votarem nos candidatos depois das convenções nacionais dos partidos. Os resultados obtidos para Romney foram os piores já registrados, tanto para republicanos quanto para democratas.
Além disso, o discurso do candidato republicano não teve grande impacto positivo sobre o eleitorado. Dos participantes da pesquisa, 38% consideraram o discurso excelente ou bom, ao passo que 16% o consideraram ruim ou terrível. Mais uma vez, essa foi a reação mais negativa já registrada pelo Gallup em relação ao pronunciamento de um candidato durante uma convenção nacional. Até agora, o recorde de baixa aceitação era do candidato republicano de 2008, John McCain, quando 47% dos participantes da pesquisa consideraram seu discurso excelente ou bom.
Esta semana será a vez do presidente americano convencer os eleitores de que eles devem lhe dar mais quatro anos para tentar acelerar a economia dos Estados Unidos com o discurso que fará na Convenção Nacional Democrata, em Charlotte, na Carolina do Norte. Mas a maioria dos especialistas também não espera que a convenção democrata e o pronunciamento de Obama proporcionem uma vantagem significativa para o presidente americano.
"As convenções nacionais não vão oferecer saltos nas pesquisas para os candidatos este ano", disse ao Terra John Zogby, fundador da empresa de pesquisas The Zogby Poll. De acordo com o especialista, cerca de 90% dos eleitores já sabem em quem votarão, e é pouco provável que os 10% compostos por indecisos já estejam realmente prestando atenção às campanhas dos candidatos.
"Vai haver um pequeno movimento em direção a Obama depois do seu discurso na convenção democrata. Mas, horas depois do discurso, as taxas de desemprego nacional serão divulgadas e será isso que determinará se o presidente terá uma vantagem significativa ou não", afirmou Zogby.
Historicamente, o Partido Republicano não tem muito sucesso entre os jovens, mas eventualmente aparecem exceções. Uma delas é Evan Draim, que, com 17 anos, é o delegado mais jovem da Convenção Republicana de 2012. Crítico de Obama, Draim apoia Romney em nome de um futuro com emprego e sem dívidas. "Quando Obama assumiu a presidência, não possuía um histórico próprio para lidar com a crise econômica. (...) Mitt Romney, sim, tem este passado, e nele os jovens podem confiar"
Foto: Terra
Amy Kremer, uma das fundadoras do movimento conservador Teay Party, com sua filha Kylie em frente à Convenção Republicana. Apesar dos números femininos favoráveis a Obama e de uma suposta guerra dos republicanos contra as feministas, diz ela, o GOP nada tem contra a participação das mulheres na política. Prova seria a presença feminina em Tampa. "Não discuto questões sociais, a minha prioridade é a economia e a criação de empregos", diz Amy
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
Michael M. O'Brien é um dos conservadores mais passionais de Washington. "O fato de Romney ser mórmon me incomoda e não acho que ele seja suficientemente conservador. Além disso, ele não é firme nas suas opiniões", diz o católico empresário e escritor, que chegou de Porsche a Tampa. "Obama é um mentiroso e estou aqui em Tampa só para apoiar seu opositor, não importa quem seja. Até mesmo se os EUA ficassem sem presidente seria melhor do que ter mais quatro anos de Obama"
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
Ana Puig foi para os Estados Unidos com pouco, estudou, trabalhou e cresceu na vida. Em 2008, quando viu que Obama seria candidato, começou a atuar na política e se alistou às fileiras do Tea Party. "Sempre fui conservadora e acho que o governo não deve ser envolver na nossa vida. Cada um deve tomar conta de si e não depender de dinheiro dado pelo governo", conta ela, hoje profissional de marketing
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
A Igreja Mórmon, da qual Mitt Romney é membro, não aceita o casamento homossexual. Isso, no entanto, não impede que membros do Log Cabin, único movimento gay do Partido Republicano em Tampa, descartem o voto em Romney. "Independentemente das posições políticas, as pessoas estão preocupadas com como pagar o aluguel ou a prestação da casa e por comida na mesa", resume R. Clarke Cooper, diretor-executivo do movimento
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
O estudante universitário, Bryn Dennehy, ainda não se conformou que seu candidato, Ron Paul, não foi nomeado nem poderá ter o nome incluído na cédula da eleição presidencial americana e veio de Oregon à Tampa para protestar. "Em 6 de novembro vou escrever o nome de Ron Paul na cédula", afirma. O estudante diz que o grande apelo de Paul entre os jovens é que o político libertário é contra a intervenção militar americana em outros países e a favor da legalização das drogas
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
"Sou o mais liberal dos democratas, mas votarei no Mitt Romney", diz Bob Kunst, judeu ativista pró-Israel. Pela primeira vez, o manifestante está fazendo campanha para colocar um republicano na Casa Branca. "Meu voto é para defender os Estados Unidos, Israel e, acima de tudo, minha religião"
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
Com grande esperança de vendas, o comerciante Richard Moore abriu uma loja temporária em Tampa durante a Convenção Nacional Republicana. Ele oferece produtos para agradar tanto republicanos quanto democratas. "Estamos atendendo cerca de 500 visitantes por dia, mas quase ninguém está comprando produtos pró-Obama", diz. Na semana que vem, Richard estará em Charlotte, na Carolina do Norte, para a Convenção Democrata; lá, ele espera dar vazão ao estoque democrata
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
Sem crachás e solitário, Rich Beeson se parece com um qualquer em Tampa, mas é tão próximo de Romney que, se espirrar, o candidato fica gripado. "Esta campanha será sobre a economia, e ponto", diz Beeson, diretor nacional de política da campanha republicana de 2012 e que já atuara como diretor de política do comitê nacional republicano em 2008. "Esta batalha está tão parelha que não se consegue deslizar um alfinete entre Mitt e Obama. Estamos muito confiantes e preparados para briga"
Foto: Terra
A fazendeira Elaine Adams foi de Kansas a Tampa mostrar seu apoio à candidatura de Mitt Romney. "Romney tem a experiência necessária para tirar o país dessa bagunça. Os fazendeiros estão todos com Romney, pois fazendas são negócios e Romney é pró-negócios". Segundo Elaine, Kansas, que tradicionalmente sempre foi um Estado conservador, está ainda mais republicano nesta eleição presidencial
Foto: Ligia Hougland / Especial para Terra
O brasileiro Charlie Gerow, analista e estrategista político, é delegado republicano pelo Estado da pela Pensilvânia. Nasceu em Londrina e passou parte da infância em Niterói. Adotado por missionários americanos que passaram alguns anos no Brasil, ele luta pela eleição de Mitt Romney, de olho também nos interesses do Brasil. "Se Romney for eleito, vou batalhar por um relacionamento fantástico entre os Estados Unidos e o Brasil."