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Senadores dos EUA pedem que Biden não dê dinheiro ao Brasil

Eles pedem que Biden só ofereça assistência ao Brasil na área ambiental se o governo mostrar "progresso significativo e sustentado"

16 abr 2021 - 16h37
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Em carta ao presidente americano, Joe Biden, 15 senadores do Partido Democrata afirmam que o presidente Jair Bolsonaro deu "sinal verde" para atividade criminosa na Floresta Amazônica. No texto, enviado nesta sexta-feira, 16, à Casa Branca, eles pedem que Biden só ofereça assistência ao Brasil na área ambiental se o governo brasileiro mostrar "progresso significativo e sustentado" na redução do desmatamento e fim da impunidade por crimes ambientais.

Presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca
12/04/2021
REUTERS/Kevin Lamarque
Presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca 12/04/2021 REUTERS/Kevin Lamarque
Foto: Reuters

A carta é assinada por importantes nomes do partido, incluindo os ex-presidenciáveis Bernie Sanders e Elizabeth Warren e o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Bob Menendez.

Segundo os senadores, considerando o "histórico de compromissos climáticos não cumpridos" pelo governo Bolsonaro, qualquer assistência deve ser condicionada a resultados. "A capacidade do governo Bolsonaro de alcançar esses resultados também será um fator chave para determinar a trajetória futura da parceria Brasil-Estados Unidos e se apoiaremos o Brasil em outras áreas de interesse mútuo, como cooperação militar e econômica, incluindo sua candidatura para adesão à Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)", dizem os senadores.

Os democratas criticam a "relutância" de Bolsonaro em combater o desmatamento ilegal. Ao citar relatório da organização Human Rights Watch, eles afirmam que o desmatamento é impulsionado por "poderosas redes criminosas" que contam com "impunidade quase total".

"O governo dele não deu uma resposta confiável aos graves problemas revelados neste e nos relatórios subsequentes da Human Rights Watch ou de outras fontes confiáveis. Pelo contrário, a retórica e as políticas do presidente Bolsonaro efetivamente dão sinal verde para os criminosos que operam na Amazônia, permitindo-lhes expandir dramaticamente suas atividades", afirmam.

Eles também criticam as metas atuais estabelecidas pelo governo Bolsonaro em diminuição de desmatamento e de emissões de carbono.

A carta repete o que o governo Biden já vem dizendo sobre a relação com o Brasil na questão ambiental: a cooperação financeira e o sucesso da relação bilateral depende de compromissos concretos. Mas eles apoiam os esforços do governo Biden de buscar uma cooperação com o Brasil na questão climática e na conservação ambiental. Eles também lembram da liderança histórica do Brasil na área.

"Tanto o Brasil quanto os Estados Unidos devem fazer mais para desenvolver políticas fortes de gestão ambiental e florestal. Isso só poderá ser feito, no entanto, se o governo Bolsonaro começar a levar a sério os compromissos climáticos - e somente se proteger, apoiar e se envolver de maneira significativa com os muitos brasileiros que podem ajudar o país a cumprir esses compromissos", dizem os democratas.

Ambientalistas que acompanham o assunto vinham articulando a manifestação dos democratas. Representantes de algumas ONGs se opõem a qualquer acordo dos EUA com Bolsonaro sobre clima no momento atual, sob argumento de que um acerto com os americanos daria prestígio político ao presidente brasileiro em uma área em que ele promoveu um desmonte.

O texto não pede para que Biden encerre o diálogo com Bolsonaro, mas aponta claramente que o presidente do Brasil esvaziou agências ambientais e cobra cooperação com ativistas e lideranças locais, que foram escanteadas na gestão do atual presidente.

Os democratas argumentam que apesar de o governo Bolsonaro ter repetido durante as últimas semanas que quer trabalhar com os americanos no tema, não demonstrou "interesse sério em trabalhar com os múltiplos atores dentro do Brasil que têm papel importante nos esforços para salvar a Amazônia".

"Pelo contrário, o presidente Bolsonaro ridicularizou publicamente a principal agência ambiental do Brasil e sabotou sua capacidade de fazer cumprir as leis ambientais do país. Ele tem procurado enfraquecer a proteção de territórios indígenas, muitas vezes sujeitos à invasão de madeireiros ilegais, mineiros e fazendeiros. Ele tem desprezado abertamente os ambientalistas brasileiros, referindo-se a eles como um 'câncer' na Amazônia que ele 'não pode matar', acusando-os falsamente de incendiar a floresta tropical e tentar excluí-los de um há muito estabelecido envolvimento nos principais aspectos da formulação de políticas ambientais", dizem os senadores americanos.

O documento foi enviado a Biden a menos de uma semana do início da Cúpula do Clima, evento organizado pela Casa Branca que reunirá 40 líderes mundiais. O governo americano tem cobrado do Brasil a apresentação de metas ambientais ambiciosas e o comprometimento com o fim do desmatamento ilegal até 2030, algo que Bolsonaro prometeu em carta enviada ao americano nesta semana.

O governo americano, no entanto, cobra compromissos concretos para implementar a meta a partir deste ano, algo que os americanos ainda esperam ouvir do Brasil.

Estadão
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