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Snowden diz que a "Constituição é violada em grande escala"

Edward Snowden disse que as mudanças no gerenciamento que o governo e empresas privadas norte-americanas fizeram, ajudam a justificar vazamentos no material sigiloso

10 mar 2014 - 18h04
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Homem checa pelo celular as atualizações sobre o ex-prestador de serviços de uma agência espiã dos EUA Edward Snowden, que respondeu a perguntas pelo Twitter, em Sarajevo. Snowden disse à TV alemã no domingo ter conhecimento de notícias dando conta de que funcionários do governo norte-americano desejam matá-lo por ter vazado documentos secretos sobre o monitoramento pela NSA de telefonemas e emails. 23/01/2014.
Homem checa pelo celular as atualizações sobre o ex-prestador de serviços de uma agência espiã dos EUA Edward Snowden, que respondeu a perguntas pelo Twitter, em Sarajevo. Snowden disse à TV alemã no domingo ter conhecimento de notícias dando conta de que funcionários do governo norte-americano desejam matá-lo por ter vazado documentos secretos sobre o monitoramento pela NSA de telefonemas e emails. 23/01/2014.
Foto: Dado Ruvic / Reuters

O ex-prestador de serviços de segurança dos Estados Unidos, Edward Snowden, disse que as mudanças feitas no gerenciamento de grandes quantidades de dados ajudam pelo governo e empresas privadas justificam os vazamentos que ele fez de material sigiloso.

Falando através de um vídeo da Rússia para uma multidão de aficionados por tecnologia- que o veem com simpatia - na conferência South by Southwest em Austin, no Estado do Texas, Snowden acrescentou que o governo dos EUA ainda não tem ideia de qual material ele forneceu aos jornalistas.

"Eu vi que a Constituição foi violada em grande escala", disse Snowden, sob aplausos, acrescentando que suas revelações sobre a espionagem de comunicações privadas resultaram em proteções que beneficiaram o público e a sociedade mundial.

No ano passado, Snowden, que estava trabalhando em uma unidade da Agência de Segurança Nacional como empregado da empresa Booz Allen Hamilton, divulgou uma série de documentos secretos que revelaram um vasto sistema do governo dos EUA de monitoramento de dados de telefone e de Internet.

Os vazamentos causaram grande constrangimento ao governo do presidente Barack Obama, que em janeiro proibiu que os EUA espionem líderes de países amigos e aliados e começou a estabelecer controle sobre a ampla coleta de dados telefônicos de norte-americanos, em uma série de reformas limitadas desencadeadas pelas revelações de Snowden.

Grandes empresas também reforçaram sua segurança, mas Snowden disse que isso ainda não é suficiente para proteger adequadamente a privacidade.

"O governo vem mudando os aspectos em discussão. Eles mudaram seu palavreado, se distanciando do interesse público e passando para o interesse nacional", disse ele, acrescentando que isso pode trazer o risco de perda do controle da democracia representativa.

Para muitos no governo e na Agência de Segurança Nacional, Snowden, que tem mandado de prisão emitido para o caso de pisar em solo norte-americano, é um traidor que comprometeu a segurança dos Estados Unidos. Mas, para boa parte dos presentes na conferência, ele é um herói que protegeu a privacidade e as liberdades civis.

"Para mim, Snowden é um patriota que acredita que o que ele fez foi o melhor para o interesse de seu país", disse Roeland Stekelenburg, diretor criativo da Infostrada, empresa holandesa de Internet.

Snowden fugiu para Hong Kong e depois para a Rússia, onde atualmente vive asilado. A Casa Branca quer que ele retorne aos Estados Unidos para responder ao processo.

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