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"Superman vai ao supermercado": quando Norman Mailer se encontrou com Kennedy

4 jan 2015 - 10h11
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Em 1960, Norman Mailer era um escritor e jornalista consagrado que recebeu a missão de cobrir a campanha à presidência do senador John Fitzgerald Kennedy.

"Superman comes to the supermarket" (ou "Superman vai ao supermercado") foi a reportagem que ele publicou na revista "Esquire" e que para muitos marcou o começo do mito.

Uma reportagem que, junto a 300 fotografias feitas por profissionais como Jacques Lowe, Lawrence Schiller e Paul Schutzer durante a campanha presidencial de Kennedy, aparecem em um enorme volume editado pela Taschen e que inclui, além disso, um texto de Mailer sobre "Uma tarde com Jackie Kennedy".

Um espetacular material com uma cuidadosa edição no qual, através de suas 370 páginas, se faz um percurso pela vida de JFK e pela campanha que o fez ganhar as eleições em 8 de novembro de 1960 e ser o presidente mais jovem dos Estados Unidos após jurar seu cargo em 20 de janeiro de 1961.

Uma vitória que, segundo alguns analistas, teve muito a ver a imagem que Mailer construiu de Kennedy, a quem qualificou como "herói existencial", o único "capaz de despertar a nação da dormência do pós-guerra e do conformismo imperantes durante o governo de Eisenhower".

Após compará-lo com o animal político que era Lyndon B. Johnson - seu oponente no campo democrata e, posteriormente, seu candidato à vice-presidência -, Mailer se deteve em descrever detalhadamente o homem que tinha "12 faces".

"A qualidade mais característica de Kennedy é o ar remoto e privado de um homem que atravessou solitário um terreno de experiência, de perda e ganho, da proximidade à morte, que o deixou isolado das massas". E acrescenta com precisão: "a sabedoria de um homem que sente a morte em seu interior e que brinca que pode vencê-la arriscando sua vida".

Impressões obtidas pelo escritor durante os seis meses em que acompanhou Kennedy, desde antes da Convenção Democrata de julho de 1960 na qual saiu como o candidato de seu partido à presidência, até pouco antes das eleições que lhe transformaram no 35º presidente dos Estados Unidos.

O extenso artigo de Mailer foi publicado na "Esquire" três semanas antes das eleições e nele dizia que Kennnedy era "o príncipe da aristocracia sem estado do sonho americano", um homem, que "independentemente de sua dedicação política", seria "visto como um ator de sucesso".

"Há um rio subterrâneo de desejos sem explorar, feroz, solitário e romântico, a concentração de êxtase e violência, que é o sonho de vida da nação", afirmava Mailer em um texto que se transformou em uma das bases do chamado 'Novo Jornalismo'.

Ao todo, 70 páginas ilustram o material que relata a campanha e vitória de Kennedy e que permitem observar o caminho do senador até a Casa Branca, em companhia principalmente de sua esposa, Jackie, e de seu irmão Bob.

Imagens de comícios, da Convenção Democrata, de recepções grandes em cidades como Nova York e Philadelphia, que se misturam com fotografias mais pessoais do candidato e sua mulher em momentos de privacidade.

Capas de jornais e revistas sobre Kennedy se unem a fotografias míticas, como a que mostra o presidente sentado em sua mesa do salão oval e, por uma porta do móvel, surge seu filho John John.

Um livro que presta homenagem ao trabalho de um jornalista e ao trabalho de um presidente e à relação de amizade que se estabeleceu entre eles até que Kennedy ordenou a invasão de Baía dos Porcos, em abril de 1961.

EFE   
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