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Trump ditou carta que descrevia sua saúde como excelente

Médico afirma que republicano determinou conteúdo de documento divulgado em 2015 e denuncia apreensão de registros médicos

2 mai 2018 - 07h56
(atualizado às 12h40)
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O conteúdo de uma carta escrita por um médico que exaltava a saúde do então candidato presidencial Donald Trump foi ditado pelo próprio republicano, afirmou Harold Bornstein, ex-médico do chefe de Estado americano, em entrevista à emissora CNN.

"Ele ditou toda a carta. Eu não escrevi essa carta", disse Bornstein, em entrevista à CNN, na terça-feira (1º/05). O documento foi divulgado pela campanha de Trump em dezembro de 2015 e afirmava que Trump seria "o indivíduo mais saudável já eleito para a presidência".

"O senhor Trump teve um recente exame médico completo que mostrou apenas resultados positivos", dizia um trecho da carta assinada por Bornstein. "De fato, sua pressão arterial, de 110/65, e os resultados de laboratório foram surpreendentemente excelentes. Sua força física e resistência são extraordinárias. Se eleito, posso afirmar inequivocamente que o senhor Trump será o indivíduo mais saudável já eleito para a presidência."

O médico disse à CNN que Trump ditou o conteúdo da carta enquanto dirigia com sua esposa pelo Parque Central (Central Park), em Nova York. "Trump ditou o conteúdo, e eu dizia a ele o que não poderia ser incluído", disse.

A Casa Branca ainda não comentou as alegações do médico. Bornstein, que foi o médico pessoal de Trump durante mais de três décadas, já havia afirmado em outra ocasião ter escrito a carta para o então candidato enquanto estava com pressa.

Presidente dos EUA, Donald Trump
Presidente dos EUA, Donald Trump
Foto: Reuters

Apreensão de registros médicos

Além dessas revelações, Bornstein também esteve no noticiário por alegar que Keith Schiller, guarda-costa de longa data do presidente e ex-diretor de operações do Salão Oval, invadiu seu consultório com outros dois homens em fevereiro de 2017 para apreender os registros médicos de Trump.

"Devem ter ficado 25 ou 30 minutos. Criaram muito caos", relatou Bornstein, numa entrevista à emissora NBC. Ele também afirmou ter se sentido "violado, assustado e triste" durante o que descreveu como um "saque" do seu consultório.

A porta-voz da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, refutou essa versão dos fatos. "Como parte do procedimento operacional padrão para um novo presidente, a unidade médica da Casa Branca tomou posse dos registros médicos do presidente", afirmou a repórteres na Casa Branca.

Bornstein descreveu o incidente como uma vingança da Casa Branca, porque ocorreu dois dias depois que ele assegurou em entrevista ter receitado a Trump durante anos um remédio para estimular o crescimento do cabelo.

Segundo Bornstein, ele estava tentando convencer a Casa Branca de que deveria ser o médico de Trump também como presidente, mas depois de conceder essa entrevista, recebeu uma ligação de uma assistente do presidente, que lhe disse para "esquecer" o cargo.

Bornstein afirmou que decidiu revelar agora esse episódio por conta dos rumores de que Ronny Jackson, que foi o médico da Casa Branca durante as três últimas presidências, deixou de ocupar o cargo depois de ser acusado de beber no trabalho e receitar remédios sem controle.

Sanders confirmou que Jackson não dirige mais o escritório médico da Casa Branca. "Jackson continua sendo um médico da Marinha alocado à Casa Branca, mas, ao ser indicado como secretário de Veteranos, o cargo de médico principal de Trump foi assumido por outro médico, Sean Conley, e este permanecerá no cargo", disse a porta-voz.

PV/afp/dpa/rtr/ap/efe

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