Trump propõe duros cortes em programas climáticos e de saúde
A primeira proposta orçamentária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, inclui profundos cortes em programas de ajuda humanitária, de saúde global e de combate à mudança climática, além de reduzir em mais de 50% a contribuição americana às missões de paz da ONU.
A proposta de orçamento para o ano fiscal 2018, apresentada hoje e que certamente será modificada pelo Congresso antes de sua aprovação, contempla um corte de 29% nos fundos para o Departamento de Estado, que contrasta com o aumento de 10% no financiamento para o Departamento de Defesa.
"Este orçamento reflete a filosofia do presidente de 'América Primeiro', que dá prioridade ao conforto dos americanos e fortalece a segurança nacional", disse o secretário de Estado dos EUA, Rex Tillerson, em comunicado.
Se este orçamento for aprovado, o Departamento de Estado e a Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, em inglês) receberiam US$ 37,6 bilhões, dos quais US$ 25,3 bilhões seriam destinados a programas de ajuda exterior.
Os Estados Unidos contariam com US$ 5,3 bilhões para financiar sua ajuda humanitária em todo o mundo, um corte de 31% em relação ao ano fiscal 2016, com US$ 2,4 bilhões a menos.
O orçamento também propõe eliminar um programa de ajuda alimentar de emergência para crises de fome no exterior, chamado Title II e dotado com US$ 1,7 bilhão.
Além disso, pretende reduzir a assistência a programas de saúde global até US$ 6,5 bilhões, um corte de cerca de 25% em comparação com 2016.
"Mesmo assim, este orçamento nos permite continuar sendo o doador líder no mundo para esforços de saúde contra a aids e o HIV, a malária, e a saúde materna e infantil", defendeu o diretor do escritório de orçamento da Usaid, Peter Wiebler, em entrevista coletiva telefônica.
Esses cortes em saúde global seguem a mesma linha do proposto por Trump para as instituições médicas e de pesquisa científica dentro dos EUA, com grandes reduções aos fundos para o Instituto Nacional de Saúde (NIH), o Instituto Nacional do Câncer e a Fundação Nacional da Ciência.
O orçamento contempla também um corte de 44% nos fundos para organizações internacionais, embora ressalte que ainda é preciso decidir como essas reduções serão distribuídas e esclareça que dará prioridade ao financiamento para a Otan.
Por outro lado, o orçamento reduziria a menos da metade as contribuições americanas às missões de paz da ONU, que passariam dos US$ 666,4 milhões de 2016 aos US$ 268,9 milhões propostos agora.
A proposta também eliminaria todos os fundos americanos para os programas da ONU contra a mudança climática, em particular o Fundo Verde para o Clima, o Fundo de Tecnologias Limpas e o Fundo Estratégico para o Clima.
Os cortes em programas contra a mudança climática também seriam notados em nível doméstico: a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) sofrerá uma redução de 31% em seu orçamento se o Congresso aprovar esta proposta, e ficará em US$ 5,6 bilhões.
Além disso, o orçamento de Trump poria fim a um programa da Nasa (agência espacial americana) que lançava satélites para medir os níveis de dióxido de carbono na atmosfera, e eliminaria um plano de US$ 190 milhões para preparar-se contra possíveis inundações.