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Vaticano condena abuso de crianças na Pensilvânia

Em primeira declaração após revelação de abusos sexuais cometidos por 300 religiosos nos EUA, Vaticano diz que sente "vergonha e dor"

16 ago 2018 - 18h42
(atualizado às 19h10)
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 O Vaticano afirmou nesta quinta-feira (16) que sente "vergonha e dor" diante dos abusos sexuais cometidos por cerca de 300 padres no estado americano da Pensilvânia. Mais de mil crianças foram vítimas dos religiosos desde a década de 1940. Essa foi a primeira declaração da Santa Sé após a revelação dos casos há dois dias.

Em um comunicado, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, disse que a Igreja Católica precisa "aprender lições difíceis do seu passado". A Santa Sé prometeu punir os abusadores e aqueles que os acobertaram.

Vaticano afirma que papa está no lado das vítimas
Vaticano afirma que papa está no lado das vítimas
Foto: DW / Deutsche Welle

"Os abusos descritos são criminosos e moralmente reprovados. Esses atos traíram a confianças e roubaram a dignidade e fé das vítimas", acrescentou Burke. O comunicado destaca que o Vaticano condena o abuso sexual de menores e ressalta às vítimas que "o papa está do seu lado".

O porta-voz afirma que diante dos "crimes horríveis" revelados no relatório divulgado por autoridades americanas o Vaticano só pode expressar os sentimentos de "vergonha e dor".

O comunicado salienta que a maior parte dos abusos foram cometidos antes de 2000, o que demostraria como reformas realizadas na Igreja Católica nos Estados Unidos reduziram a incidência de abusos cometidos por padres.

As declarações foram feitas dois dias após a Suprema Corte da Pensilvânia divulgar o relatório de uma investigação sobre abusos sexuais cometidos por padres no estado.

Mais de mil crianças foram vítimas

O relatório de cerca de 900 páginas foi baseado em depoimentos de dezenas de testemunhas e mais de meio milhão de páginas de documentos internos da Igreja. O número real de crianças abusadas e de padres que cometeram abusos pode ser ainda maior, pois algumas vítimas nunca denunciaram as ocorrências, e alguns documentos secretos da Igreja foram perdidos.

Os documentos analisados incluem relatórios de bispos para autoridades no Vaticano detalhando abusos que não foram divulgados publicamente nem encaminhados para autoridades policiais.

Embora reconheça que as dioceses tenham adotado certos procedimentos e pareçam estar encaminhando queixas mais rapidamente, os autores do relatório avaliam que ainda faltam mudanças essenciais.

"Apesar de algumas reformas institucionais, alguns líderes da Igreja têm escapado de assumir a responsabilidade perante o público", afirma. "Padres estavam violando pequenos meninos e meninas, e os homens de Deus que eram responsáveis por eles não somente se isentaram, eles esconderam os fatos."

Os acusados de acobertar os escândalos incluem o atual arcebispo de Washington, Donald Wuerl, que teria ajudado a proteger padres quando era bispo de Pittsburgh.

Segundo o relatório, bispos e líderes de dioceses usaram acordos de confidencialidade para silenciar vítimas e enviaram padres abusadores para "tratamentos", tendo permitido que centenas voltassem às suas ocupações.

Além disso, policiais ou procuradores por vezes não investigaram acusações por respeito a membros da Igreja ou por alegarem que os casos estavam fora de sua jurisdição, disse o grande júri.

A maioria dos casos já prescreveu, e mais de 100 padres envolvidos faleceram. Muitos outros se aposentaram, foram dispensados ou receberam licenças.

O relatório é considerado o mais abrangente sobre abusos cometidos por religiosos nos Estados Unidos desde que o jornal Boston Globe revelou em 2002 o escândalo dos padres pedófilos em Massachusetts.

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