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Estados Unidos

Vídeo com gafes cria nova crise para a campanha de Romney

18 set 2012 - 18h19
(atualizado às 18h26)
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A divulgação de dois vídeos de Mitt Romney, feitos sem o consentimento do candidato à Presidência dos EUA, criaram uma nova crise para a campanha republicana, que já vinha abalada pela subida do presidente Barack Obama nas pesquisas de intenções de voto.

Os vídeos, divulgados pela revista liberal Mother Jones, foram supostamente feitos durante um evento fechado para doadores da campanha republicana, na Flórida, em maio. No primeiro deles, Romney é visto declarando que 47% dos americanos votarão pela reeleição de Obama "de qualquer forma", porque não pagam impostos.

"Há 47% que estão com ele (Obama), que são dependentes do governo, que acham que são vítimas, que acham que o governo tem responsabilidade de cuidar deles", disse Romney no video, agregando que não cabe a ele "preocupar-se com essas pessoas. Nunca vou convencê-las de que elas devem ter uma responsabilidade pessoal e por suas próprias vidas".

No segundo, gravado aparentemente no mesmo evento, Romney diz que os palestinos estão comprometidos com a destruição de Israel e não querem a paz.

Este último repercutiu negativamente no exterior, mas é o primeiro vídeo que de fato trará problemas para Romney com o eleitor americano, explica o editor da BBC Mark Mardell.

"A sugestão de que quase metade da população que ele quer representar é formada por perdedores que dependem do governo continuará a ressoar nos EUA", analisa Mardell, editor de América do Norte da BBC. "É uma questão de imagem: ele deu munição aos democratas, que querem retratá-lo como um rico fora de alcance da população."

O jornal The New York Times explica que Romney está recebendo uma "avalanche" de críticas tanto de republicanos quanto de democratas. O grupo sindical AFL-CIO disse que os comentários do candidato são "uma cuspida na cara do americano comum que trabalha duro e mesmo assim tem dificuldade em pagar suas contas".

E a candidata ao Senado Linda E. McMahon foi uma entre os republicanos que tentaram se distanciar da fala de Romney. "Discordo da insinuação de que 47% (dos americanos) são vítimas", disse ela em seu site. "Sei que a vasta maioria dos que dependem do governo não estão nessa situação porque querem."

Números em xeque
Romney defendeu-se dizendo que os vídeos com seus comentários "não foram apresentados de forma elegante", mas não chegou a retratar-se pelos comentários.

Ao mesmo tempo, alguns jornalistas colocaram em xeque o número de 47% citado pelo candidato, bem como a divisão entre "gente que produz" e "gente dependente", citada por alguns candidatos republicanos - partido cuja plataforma defende um Estado menos assistencialista.

"Essa divisão não é verdade. Entre os americanos que não pagaram imposto de renda em 2011, 61% pagaram impostos sobre seus salários - o que significa que eles trabalham e chegaram a pagar 15,3% de sua renda em taxas. Isso é mais do que os 13,9% pagos por Romney", afirma em artigo no site do Washington Post a jornalista Ezra Klein.

Kevin Madden, porta-voz da campanha de Romney, disse ao New York Times que os comentários de Romney apresentados nos vídeos foram tirados do contexto e que em breve serão esquecidos pelos eleitores, "que estão mais focados nas grandes questões, como a economia e os rumos do país".

A ainda cambaleante economia dos EUA foi, desde o início, o principal foco da campanha republicana, que tenta mostrar Romney como um melhor administrador do que Obama. Mas o candidato republicano vinha enfrentando críticas também por apresentar poucas propostas claras, inclusive nessa área.

Sua campanha também enfrentava outras crises: a subida de Obama nas pesquisas de opinião após a Convenção do Partido Democrata, realizada recentemente na Carolina do Norte, e as constantes divisões internas do Partido Republicano - cuja ala mais radical não tem grande entusiasmo pela candidatura de Romney.

Na segunda-feira, estrategistas afirmaram que Romney apresentará ideias mais específicas sobre temas como orçamento e impostos, na tentativa de voltar a crescer nas pesquisas de opinião. A eleição americana está marcada para 6 de novembro. Pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na segunda-feira mostra Obama com 48% das intenções de voto, contra 43% de Romney.

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