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"Você está em chamas", ouviu testemunha após explosões na Maratona de Boston

9 mar 2015 - 20h17
(atualizado às 20h17)
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Momentos depois de ser lançada pelos ares “como um foguete” na detonação das bombas na Maratona de Boston, a enfermeira Jessica Kensky viu que a perna de seu marido havia sido extirpada e logo entrou em ação, esforçando-se para ajudá-lo, testemunhou ela nesta segunda-feira.

Suspeitos caminham perto da Maratona de Boston. 15/04/2013.
Suspeitos caminham perto da Maratona de Boston. 15/04/2013.
Foto: FBI / Reuters

Sob o efeito da adrenalina, ela não percebeu que a explosão de uma das duas bombas caseiras feitas em panelas de pressão havia ateado fogo às suas costas, disse Jessica aos jurados no terceiro dia do julgamento de Dzhokhar Tsarnaev, acusado de ser o responsável pelos atentados, em uma corte federal de Boston.

“Tinha fumaça, tinha sangue. Eu estava focada sobretudo no meu marido, ele ainda estava ao meu lado, e seu pé e sua perna estavam como que separados”, disse Jessica. “Um homem se aproximou enquanto eu tateava tentando colocar um torniquete em Patrick e disse, ‘Senhora, você está pegando fogo, você está em chamas.”

Tsarnaev, de 21 anos, foi acusado pela morte de três pessoas e por deixar outras 264 feridas, incluindo Jessica, ao perpetrar o ataque contra o público que se aglomerava na linha de chegada da Maratona de Boston, em 15 de abril de 2013.

Jessica perdeu sua perna esquerda no dia da explosão. Sua perna direita foi amputada em janeiro deste ano, após ela não ter conseguido se curar das feridas causadas pela detonação.

Os advogados de Tsarnaev deram início à sua argumentação na semana passada, declarando com franqueza que o réu e seu irmão mais velho são os responsáveis pelo ataque, assim como pela morte a tiros de um policial três dias depois. Os defensores tentam concentrar as atenções sobre o papel do irmão no incidente.

O júri assistiu nesta segunda-feira a um vídeo feito com câmeras de segurança próximas à linha de chegada, na rua Boylston, em que Tsarnaev aparece caminhando com uma mochila que os promotores sustentam conter a bomba. Ele depois deixa a mochila em meio à multidão em frente a um restaurante, faz uma breve ligação telefônica e se afasta caminhando, tudo pouco antes da explosão.

Os advogados de defesa argumentam que Tamerlan Tsarnaev, de 26 anos, que morreu em seguida a um tiroteio com a polícia três dias após o atentado, foi a força motriz por trás do ataque, enquanto Dzhokar o obedecia por submissão. Ao atrelar grande parte da culpa ao irmão mais velho, os defensores esperam persuadir o júri da Corte Distrital dos EUA em Boston a não sentenciar a pena de morte contra réu.

Os promotores insistem que o réu também lia revistas jihadistas online e “acreditava que ele era um soldado em uma guerra santa contra os americanos.”

Nesta segunda, os promotores mostraram mensagens de duas contas no Twitter mantidas por Tsarnaev, de acordo com o agente do FBI Stephen Kimball.

Horas depois do atentado a bomba e usando a alcunha “J_Tsar”, Tsarnaev publicou a mensagem “não existe amor no coração da cidade, mantenham-se seguros”, de acordo com Kimball.

De origem chechena, Tsarnaev também manteve por um breve período uma segunda conta no Twitter, com o nome de usuário “@AL_FirdusiA” e a alcunha “Ghuraba”, disse Kimball.

“Ghuraba significa estranhos. Lá fora no Ocidente devemos nos destacar como um único corpo entre os descrentes”, tuitou Tsarnaev, segundo Kimball.

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