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Washington vive medo e tensão antes da posse de Biden

Apoiadores de Trump anunciaram protestos, e temor de violência é grande

14 jan 2021 - 13h59
(atualizado às 16h15)
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Uma multidão de policiais cerca um homem que, minutos antes, filmava com seu celular a área em torno do Capitólio. Sem máscara protetora, ele alega estar trabalhando para um veículo de imprensa, mas não tem documento de identificação, e os agentes parecem desconfiados.

Após invasão por apoiadores de Trump, uma cerca de mais de 2 metros de altura protege o Capitólio
Após invasão por apoiadores de Trump, uma cerca de mais de 2 metros de altura protege o Capitólio
Foto: DW / Deutsche Welle

Após alguns minutos, chega um superior à paisana, entrevista o homem por algum tempo e tira sua fotografia, e ele é liberado. Foi um mal-entendido, porém situações como essa mostram que a polícia e as agências de segurança de Washington estão em alerta elevado. Na segunda-feira (11/01) foi declarado estado de emergência.

Em vez de animação pelo dia da posse do novo presidente, o democrata Joe Biden, em 20 de janeiro, reina o medo pelo que pode vir após a violenta invasão da sede do Legislativo americano, em 6 de janeiro. O FBI alertou que adeptos do presidente Donald Trump estão planejando protestos armados antes do dia da posse, em todas as 50 capitais estaduais.

No centro da capital americana, Victor Corso e colegas estão ocupados cobrindo de tábuas as janelas na frente da emissora CBS. Em vez de celebrações pelo Inauguration Day, as lojas estão se preparando para encarar danos.

Ao mesmo tempo, os seguidores de Trump colocaram um grande sinal de alvo no que chamam de "veículos de fake news". Corso vive nos Estados Unidos há 12 anos, e já viu algumas cerimônias de posse. Mas nunca uma coisa assim, comenta.

Medidas de segurança crescentes

Enquanto, por toda Washington, comerciantes vão levantando barricadas para se proteger, o Capitólio fervilha com agentes da lei. O Serviço Secreto assumiu oficialmente a segurança em torno da posse, mais de 20 mil soldados da Guarda Nacional foram mobilizados.

É comum posses presidenciais envolverem um alto grau de proteção, porém em 2021 os acontecimentos do início de janeiro elevaram consideravelmente os parâmetros de segurança. Em comparação: apenas cerca de 8 mil homens da Guarda estiveram presentes à posse de Trump, quatro anos atrás.

Em volta do Capitólio, uma cerca de mais de 2 metros de altura foi montada, e é patrulhada pela Guarda Nacional. Alguns soldados passaram a portar armas com munição viva, desde a quarta-feira. A polícia do Capitólio vigia as ruas a toda volta dos prédios do governo, de olhos atentos a qualquer sinal suspeito. Cada vez mais ruas da zona do centro estão sendo totalmente fechadas, com grandes caminhões bloqueando o acesso.

Razões para apreensão

"Agora me sinto seguro, o local parece um acampamento militar", diz Jim Freund, que mora a apenas alguns quarteirões do Capitólio. Contudo o medo permanece: "Há uma divisão tão profunda neste país, e tem tanta desinformação circulando, que acho que é preciso estar preocupado." Os eventos da semana anterior exibiram uma "completa falha de preparação" e "nunca deviam ter acontecido", acrescenta.

O clima é tenso também dentro do próprio edifício do Congresso. Fotos mostram dezenas de homens da Guarda dormindo pelo chão, com os políticos buscando seu caminho por entre mochilas e pernas dos soldados. Os deputados agora têm que passar por detetores de metal antes de entrar na Câmara dos Representantes. Alguns políticos republicanos reclamaram das medidas.

As autoridades desaconselham os americanos de irem assistir à cerimônia. Por medo de que militantes trumpistas se infiltrem em Washington, o Airbnb cancelou todas as reservas para a semana do evento.

Sob condições normais, visitantes de todo o país afluiriam para a capital. Quando Barack Obama tomou posse como presidente, cerca de 2 milhões de apoiadores se concentraram na metrópole. Desta vez, também devido à pandemia de covid-19, o evento é muito mais sóbrio.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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