Estratégica, região de Chernobyl inspira apreensão e medo
Russos tomaram área da antiga usina, responsável pelo maior desastre nuclear da História
A guerra entre Rússia e Ucrânia tem um personagem cujo nome inspira medo e apreensão devido a um passado catastrófico. A abandonada cidade de Pripyat, na Ucrânia, ainda guarda resquícios do período soviético porque precisou ser deixada às pressas após o acidente na usina de Chernobyl, até hoje considerado como o maior desastre nuclear da História. Seu nome voltou aos noticiários após os russos tomarem sua região, o que provocou receios e dúvidas sobre quais seriam os interesses de Vladimir Putin por lá.
A região, na verdade, é considerada estratégica para os russos devido a sua localização. A região está em rotas que ‘cortam o caminho’ da Rússia até a capital ucraniana, Kiev. Além disso, os russos tomaram a região logo no primeiro dia do ataque – e sem dificuldades – o que é positivo para Putin ao mostrar a facilidade que suas tropas têm dentro do território inimigo.
O passado de Chernobyl, no entanto, também pesa na importância do local. Em 26 de abril de 1986, um reator da usina explodiu durante um teste de segurança. Mais de 200 toneladas de material radioativo foram lançadas ao ar. O acidente ocorreu no período em que a Ucrânia era parte da União Soviética. O regime, na ocasião, tentou esconder o acidente. Até hoje não se sabe quantas pessoas morreram no ocorrido. A série Chernobyl, que fez muito sucesso quando foi lançada e está disponível na HBO Max, retrata de forma impressionante a tragédia.
Atualmente, a radioatividade da usina está ‘represada’ por um imenso sarcófago que foi instalado no entorno de Chernobyl. A presença de tropas russas por lá, no entanto, traz riscos, principalmente se houver algum combate de artilharia por lá. A agência nuclear ucraniana informou que registrou um aumento nos níveis de radiação na área, causado pela movimentação de militares e tanques, que levanta poeira com resquícios radioativos. Os níveis, entretanto, não são críticos e a situação é monitorada.
“É de vital importância que as operações das instalações nucleares permaneçam seguras e protegidas naquela zona e não sejam afetadas ou interrompidas de forma alguma”, disse o diretor-geral da AIEA, Rafael Mariano Grossi, em entrevista para a Bloomberg. “A AIEA está monitorando de perto os desenvolvimentos na Ucrânia, com foco especial na segurança e proteção de suas usinas nucleares.”
O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que atua para garantir a segurança da região onde funcionava a antiga usina, que foi projetado pelos próprios russos da União Soviética.