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Mundo

Estudo mostra vitória de González sobre Maduro nas eleições da Venezuela

Levantamento independente feito por pesquisadores brasileiros e estrangeiros indica a vitória de Edmundo González

1 ago 2024 - 17h04
(atualizado às 19h58)
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Nicolás Maduro
Nicolás Maduro
Foto: Reuters

Um estudo feito por pesquisadores brasileiros e estrangeiros, a partir de atas das seções eleitorais da Venezuela, aponta que Edmundo González Urrutia, candidato de oposição a Nicolás Maduro, venceu a eleição presidencial com 66,1% dos votos contra 31,3% do atual presidente. González ainda teria avançando sobre redutos políticos que anteriormente votaram no chavismo. As informações são do blog Malu Gaspar, do jornal O Globo.

Esse estudo é parte do projeto AltaVista, que desenvolveu uma metodologia para projetar o resultado eleitoral na Venezuela. Foram analisadas 997 atas obtidas por voluntários venezuelanos, que preferem manter o anonimato por questões de segurança. O material é o mesmo que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) se recusa a divulgar publicamente.

Quatro pesquisadores das Universidades de Michigan (EUA) e da Federal de Pernambuco (UFPE), além de uma instituição venezuelana, mantida em sigilo para proteger a segurança do pesquisador local, se organizaram por meses para desenvolver um modelo estatístico. Eles coletaram boletins de urna fornecidos por voluntários do país, ponderando os dados por região e tendência histórica de votação.

Os resultados do estudo são similares aos alegados pela oposição, que afirma possuir 83% das atas emitidas na Venezuela. Na apuração paralela disponível online, González obteve 67% dos votos válidos, enquanto Maduro ficou com 30%, considerando 81,8% das atas digitalizadas.

O CNE anunciou a reeleição de Maduro com 51% dos votos, um resultado que muitos na comunidade internacional e observadores eleitorais, como o Carter Center, não reconhecem devido à falta de acesso às atas.

Metodologia do estudo

Para estimar o resultado, o projeto AltaVista examinou a tendência eleitoral de 30 mil seções eleitorais durante as eleições presidenciais de 2013, as parlamentares de 2015 e 2020, e as eleições regionais de 2021. As seções foram classificadas em sete estratos, desde as mais pró-oposição até as mais pró-governo.

Os pesquisadores distribuíram esses grupos por regiões e utilizaram uma fórmula para selecionar aleatoriamente 1,5 mil seções eleitorais, representando o eleitorado nacional. As atas foram coletadas por voluntários e verificadas pelos autores do estudo.

O grupo elaborou uma fórmula para corrigir discrepâncias caso não conseguissem atingir a meta, já que reuniram 997 no total. Para evitar viés na escolha dos locais de votação, a metodologia de seleção das seções foi divulgada antes do dia da eleição em uma plataforma digital pública.

O estudo indicou a liderança de González sobre Maduro em seis dos sete estratos de apoio, com uma diferença de apenas 0,34 ponto percentual a favor de Maduro nas seções historicamente pró-governo.

"Sempre há uma pequena possibilidade [estatística] de, mesmo dentro desses estratos, acontecer algum problema, como as atas eleitorais que foram analisadas serem um pouco mais pró-oposição do que outras", disse Raphael Nishimura, pesquisador da Universidade de Michigan, que atuou como consultor externo de estatística. "Ainda assim, as diferenças que constatamos são tão grandes que seria muito difícil que todas as atas que não foram contadas fossem pró-Maduro".

A maioria das 503 seções eleitorais onde não foi possível obter as atas estaria nos estratos mais pró-Maduro, sugerindo que o regime pode ter agido para encobrir uma vantagem ainda maior da oposição nas urnas.

Nishimura destacou que a projeção dos resultados, que deverá ser publicada futuramente em um periódico científico, contou com margem de erro baixa (0,5%), devido ao uso de estatísticas oficiais das urnas omitidas pelo CNE, mas disponibilizadas nas seções eleitorais.

"É uma margem bem baixa. Isso ocorre porque estamos literalmente observando os votos de todas essas seções de votação. Como tem uma média de cerca de 400 a 450 votos por seção, o tamanho da amostra é bem grande", explicou o pesquisador.

"Não é como uma pesquisa de opinião pública, quando abordamos eleitores perguntando em quem eles irão votar. Nós literalmente trabalhamos com o dado agregado de votos oficial da eleição. É um dado livre de erros no sentido de observação. Trata-se de um estudo que faz projeções para votação do eleitorado com base em dados de uma amostra das urnas que trazem os votos das seções eleitorais", acrescenta Nishimura.

No artigo publicado na internet antes da eleição de domingo, para registrar antecipadamente a metodologia adotada, os pesquisadores do AltaVista argumentam que a metodologia desenvolvida pelo grupo e disponibilizada publicamente pode ser aplicada em outros países que tenham a "integridade eleitoral comprometida".

Venezuela não divulga total de votos 

Segundo informações do jornalista Valdo Cruz, comentarista de política e economia da GloboNews, o prazo legal de 72 horas para a divulgação dos resultados das eleições na Venezuela se esgotou, e o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não divulgou o total de votos nem liberou as atas eleitorais que confirmariam a vitória de Maduro. 

Mesmo sem o registro completo dos votos, o CNE proclamou Maduro como reeleito na última segunda-feira, 29, contrariando suas próprias regras, que exigem a divulgação dos votos dentro de 72 horas após a eleição.

Além disso, o CNE havia prometido divulgar as atas eleitorais dentro do mesmo prazo, apesar de ter um período maior para fazê-lo. A expectativa era que, com o sistema eletrônico utilizado na Venezuela, os boletins de urnas e as atas já estivessem disponíveis. A situação gerou preocupação de que Maduro não cumprirá suas promessas de transparência no processo eleitoral.

A comunidade internacional reagiu com crescente pressão sobre o governo venezuelano. Em um pronunciamento, Nicolás Maduro se colocou como vítima, acusando a imprensa de incitar a guerra e alegando que países e organizações de direita tentam destruir a Venezuela.

Na América do Sul, alguns países, incluindo o Brasil, se opõem a qualquer tipo de interferência na política interna da Venezuela e ao aumento de sanções econômicas, que agravariam a já crítica situação econômica e social da região. 

Fonte: Redação Terra
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