"Eu não falo com o embaixador de Israel aqui, falo com o chefe dele", diz Mauro Vieira
Ministro das Relações Exteriores minimiza 'desconforto' causado pela atuação de Daniel Zonshine com políticos da oposição e Bolsonaro
O ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira minimizou desconforto causado pela atuação do embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, que teria se reunido com líderes da oposição e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana. Aliados do ex-presidente alegam que a inclusão do grupo de 34 brasileiros na lista de civis autorizados a deixar a Faixa de Gaza foi feita apenas após a 'suposta intervenção de Bolsonaro'. Porém, o diplomata negou o encontro com o ex-presidente.
"Eu não falo com o embaixador de Israel aqui [Brasil], eu falo com o chefe dele que é o ministro das Relações Exteriores de Israel [ Eli Cohen]. Ele [Eli Cohen] deu garantia de que os brasileiros estavam na próxima lista, o que aconteceu, mas não saíram. Eu só posso me referir a fatos concretos, oficiais, fatos tratados de governo para governo", disse Vieira em entrevista para a GloboNews ao ser questionado sobre a atuação de Zonshine e declarações de que Bolsonaro teria participado das negociações.
Brasileiros em Gaza
O grupo de 34 brasileiros, 24 nacionais e 10 familiares de origem palestina, foi incluido na lista de civis autorizados a deixar Gaza, mas não conseguiram sair do território palestino nesta sexta-feira, 10. A fronteira de Rafah não foi aberta para a saída de civis.
O grupo segue em Gaza, mas agora em uma mesma residência, informou Vieira. Antes, eles havia sido alocados em duas casas, uma Rafah e outro em Khan Younis, ambos no sul de Gaza. A nova casa foi "disponibilizada pela embaixada do Brasil em Ramallah" e fica próxima a Rafah, onde está localizada a fronteira com o Egito, o que deve facilitar o traslado do grupo para o posto de controle.
O ministro ainda reiterou que as negociações para a saída dos brasileiros envolvem os governos israelense, egípcio e palestino. "Elas têm sido feitas com todo o cuidado. Eu recebi a garantia, mais de uma vez , do ministro das Relações Exteriores de Israel de que os brasileiros estariam na lista", afirmou. Porém, "a situação em Gaza não me permite dizer se será hoje, ou amanhã, ou quando. É uma região conflagrada, e são inúmeras as questões que dificultam a abertura," explicou.
Oposição alega protagonismo de Bolsonaro
Mais cedo, o presidente do PP (Partido Progressistas), senador Ciro Nogueira afirmou em publicação no X, antigo Twitter, que a Bolsonaro foi responsável pela inclusão dos brasileiros na lista de civis autorizados a deixar Gaza, "Após semanas de bate-cabeça da “diplomacia” do PT que atacou Israel e relativizou os atos do Hamas, apenas alguns dias depois do diálogo com o presidente Bolsonaro, os brasileiros de Gaza irão voltar para casa. O Brasil voltar é isso! Parabéns presidente", escreveu.
Os fatos não mentem. Após semanas de bate-cabeça da “diplomacia” do PT que atacou Israel e relativizou os atos do Hamas, apenas alguns dias depois do diálogo com o presidente Bolsonaro, os brasileiros de Gaza irão voltar para casa. O Brasil voltar é isso! Parabéns presidente…
— Ciro Nogueira (@ciro_nogueira) November 10, 2023