EUA dão mais tempo para inquérito sobre jornalista saudita
Jamal Khashoggi mora nos EUA, é colunista do Washington Post e crítico do príncipe Mohammed bin Salman
Os Estados Unidos deram mais tempo nesta quinta-feira para a Arábia Saudita investigar o desaparecimento do jornalista Jamal Khashoggi, mas o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, cancelou seus planos de comparecer a uma conferência de investimento em Riad, colocando o evento de grande destaque em xeque.
Em Istambul, investigadores turcos fizeram uma busca pela segunda vez no consulado saudita, onde Khashoggi - que mora nos EUA, é colunista do Washington Post e crítico do príncipe da coroa saudita, Mohammed bin Salman - desapareceu em 2 de outubro em busca de pistas sobre um incidente que causou uma revolta global.
Na Casa Branca, o presidente Donald Trump conversou durante menos de uma hora com seu secretário de Estado, Mike Pompeo, que o informou sobre suas conversas com autoridades sauditas e turcas sobre o caso Khashoggi. Autoridades da Turquia disseram acreditar que o jornalista saudita foi assassinado no consulado e que seu corpo foi retalhado e retirado do local.
Referindo-se aos sauditas, Pompeo contou ter dito a Trump que "devemos lhes dar mais alguns dias para completarem" sua investigação para entender plenamente o que aconteceu, "e nesta altura podemos tomar decisões sobre como - e se - os Estados Unidos deveriam responder ao incidente relativo ao senhor Khashoggi".
Ao colocar em dúvida se os EUA sequer reagirão, Pompeo refletiu a luta interna entre Trump e seus assessores de segurança nacional quanto ao que fazer se a liderança saudita for considerada culpada pelo que aconteceu com Khashoggi.
A Arábia Saudita negou envolvimento em seu desaparecimento.
Washington considera Riad um elemento central nos esforços para conter a influência regional do Irã e uma fonte de petróleo crucial, e Trump não se mostrou inclinado a punir os sauditas com severidade.
Em um tuíte, ele disse ter debatido o que chamou de "situação saudita" com Pompeo "de forma detalhada" depois das visitas do diplomata a Riad e Ancara.
"Acho que é importante para todos nós nos lembrarmos também (que) temos um relacionamento, desde 1932, um relacionamento estratégico antigo com o reino da Arábia Saudita", disse Pompeo aos repórteres depois de se reunir com Trump, também classificando o reino como "um parceiro importante no contraterrorismo".
Busca
Investigadores turcos deixaram o consulado saudita em Istambul na manhã desta quinta-feira depois de inspecionarem o edifício e veículos consulares, disse uma testemunha da Reuters. A busca, que usou um drone, incluiu o telhado e a garagem.
Quatro grupos de direitos humanos - Human Rights Watch, Anistia Internacional, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas e os Repórteres Sem Fronteiras - exortaram a Turquia a pedir à Organização das Nações Unidas (ONU) que investigue o desaparecimento de Khashoggi.