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EUA deportam mais 130 brasileiros em voo fretado para BH

Governo americano despacha mais um voo com brasileiros do Texas para Minas Gerais com anuência do Itamaraty

8 fev 2020 - 09h13
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Presidente dos EUA, Donald Trump, e presidente Jair Bolsonaro na Casa Branca
19/03/2019
REUTERS/Kevin Lamarque
Presidente dos EUA, Donald Trump, e presidente Jair Bolsonaro na Casa Branca 19/03/2019 REUTERS/Kevin Lamarque
Foto: Reuters

O governo dos EUA deportou nesta sexta-feira, 7, cerca de 130 brasileiros em novo voo fretado que deve chegar ao Brasil na madrugada de sábado, 8. A aeronave partiu do Texas com destino a Minas Gerais. O Estado apurou que o Itamaraty recebeu comunicação oficial do voo.

Este é o terceiro voo do tipo operado pelo governo do presidente Donald Trump. Conhecidos pelo apelido de "ICE Air" - em referência ao Departamento de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) -, os voos foram reativados com a anuência do governo de Jair Bolsonaro.

No ano passado, um voo com cerca de 70 brasileiros foi o primeiro. No mês passado, houve um segundo com cerca de 50 pessoas, parte delas relatou ter viajado algemada.

No último dia 29 de janeiro, o Departamento de Segurança Interna dos EUA anunciou que começaria, alternativamente, a encaminhar ao México famílias de brasileiros que entraram ilegalmente em território americano, para que aguardem no país vizinho o julgamento de seus recursos pela Justiça americana.

Na sexta-feira, em pronunciamento, o porta-voz do vice-secretário de Segurança Interna, Ken Cuccinelli, sugeriu que o Brasil deve operar e custear os voos para repatriar cidadãos de nacionalidade brasileira, além de agir mais "agressivamente" para conter a imigração, como parte das iniciativas para ser considerado um "bom parceiro" dos EUA.

Os dois grupos de imigrantes brasileiros estão em situação diferentes. Os que são deportados em voos para o Brasil não passam pelas mesmas situações degradantes dos que são enviados para o México. Na semana passada, Taylor Levy, advogado de El Paso, no Texas, especialista em imigração, disse que os brasileiros corriam risco em Ciudad Juárez, uma das cidades mais violentas do mundo, do outro lado da fronteira. "Eles estão mais vulneráveis a sequestros porque não falam espanhol e não há advogados que falem português", afirmou.

Antes de serem enviados ao México, os imigrantes brasileiros contaram que passaram dias de terror em prisões americanas, relatando frio e fome. "A cela para 14 pessoas tinha 32. Todos dormindo no chão", contou Jones Silva de Brito, de 35 anos, um dos brasileiros enviados para Ciudad Juárez.

Segundo o governo americano, a repressão aos ilegais impede que os imigrantes consigam trabalho nos EUA, com os quais eles pagam os coiotes (traficantes), e evita que os estrangeiros se escondam em grandes cidades. O fluxo migratório, de acordo com a Casa Branca, inunda o mercado de trabalho, achatando salários e aumentando os aluguéis.

O programa do governo de deportação para o México, chamado de Protocolo de Proteção aos Migrantes (MPP, na sigla em inglês), envolvia cidadãos de Guatemala, El Salvador e Honduras - cerca de 60% do total -, além de Cuba, Venezuela, Equador e Nicarágua. O Brasil agora também faz parte da lista.

Estadão
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