EUA e Polônia discordam sobre doação de caças à Ucrânia
Países não querem assumir responsabilidade por eventual repasse
Em meio à pressão da Ucrânia por ajuda para proteger seu espaço aéreo, Estados Unidos e Polônia não chegaram a um acordo sobre uma possível doação de caças militares para o país, que é alvo de uma invasão promovida pela Rússia desde 24 de fevereiro.
No início da semana, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que estava em análise uma proposta para a Polônia ceder seus jatos MIG-29, modelo de origem soviética, para a Força Aérea ucraniana, medida que encontrava resistência em Varsóvia, já que poderia envolver o país diretamente na guerra.
Para tentar resolver o impasse, o governo polonês ofereceu entregar os caças para uma base militar dos Estados Unidos na Alemanha, e depois as Forças Armadas americanas os cederiam para a Ucrânia, mas Washington se recusou.
Em briefing com a imprensa na última terça-feira (8), o porta-voz do Pentágono, John Kirby, disse que a proposta da Polônia não é "praticável". Segundo ele, a ideia de ter aviões decolando de uma base dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para um espaço aéreo disputado com a Rússia "levanta sérias preocupações em toda a aliança".
O próprio Kremlin afirmou nesta quarta-feira (9) que a eventual doação de caças poloneses para a Ucrânia via Estados Unidos criaria um "cenário altamente indesejável e potencialmente perigoso".
Enquanto isso, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, cobrou o Ocidente para tomar uma decisão sobre os aviões militares "o quanto antes". "Vai haver uma decisão? Olhem, estamos em guerra!", disse o mandatário, que já teve recusado um pedido de criar uma zona de exclusão aérea no país.
"Temos visto na imprensa discussões entre os lados americano e polonês, mas achamos que a oferta polonesa não tem apoio. Não temos tempo para todos esses sinais, isso não é ping-pong. São vidas humanas", acrescentou Zelensky.
Até o momento, a tática do Ocidente tem sido a de tentar sufocar o regime de Vladimir Putin financeiramente com sanções, mas sem se envolver diretamente no conflito para evitar uma guerra de proporções globais.